Fruto Proibido

Vilão

HANGE P.O.V.

Fiquei observando da porta a minha filha aos prantos nos braços e Erwin, e aquilo partia meu coração.

Eu nunca imaginaria que os dois teriam um romance. Conheço Erwin desde a faculdade, e conheci Levi através dele. Eu apresentei a Erwin a falecida esposa dele, mãe de Armin. Agora, minha filha era mãe de outro filho dele, e estavam prestes a se casar.

Era informação demais para a minha cabeça. Aquilo com certeza era estranho para mim, Erwin tinha quase o dobro da idade de Morgana, mas pra mim, isso não era o problema. O problema era a aproximação que todos nós tínhamos. Nos todos éramos praticamente da mesma família. Agora, nós éramos mesmo, compartilhando um parente em comum.

Meu neto, filho de Erwin. Isso era, no mínimo, surreal.

Mesmo nessas circunstâncias, não concordava nem um pouco com as atitudes de Levi. Eu o compreendo muito bem. Os dois eram melhores amigos, construíram um império juntos, Levi deu ombro para Erwin quando sua esposa morreu, e Morgana... bom, Morgana sempre foi a princesinha dele, a filha do qual se gabava, digna de orgulho, e sua sucessora. Primeira e única filha.

Agora me pergunto se ela sempre fora digna de orgulho porque gostava de ser ou porque se via na obrigação, diante da pressão que eu e Levi colocamos sobre os ombros dela. Depois das coisas que ela me contou hoje, tenho convicção que tudo o que ela fez a vida inteira foi para deixar Levi feliz e satisfeito. Mesmo que isso significasse abandonar a própria felicidade.

Não podia mais aceitar isso.

Não iria conversar com Levi naquele momento. Uma conversa naquelas condições não adiantaria nada, só pioraria as coisas. Mas amanhã ele me ouviria.

...

Levantei no outro dia, e fui tomar café da manhã. Levi já estava lá, e eu me juntei a ele na mesa. Ele não disse uma palavra, e o ambiente parecia sufocar de tão pesado que estava.

- Levi, precisamos conversar sobre o que aconteceu ontem.

- Conversar o quê? Não está tudo claro? Os dois tramaram nas nossas costas, os dois me traíram.

- Levi, o mundo não gira em torno do seu umbigo. Você não pode resumir tudo o que acontece ao que você passa ou não. Existem outras pessoas nessa história toda, e todas elas têm sentimentos.

Ele finalmente levantou a cabeça, e olhou para mim.

- Agora você também vai ficar do lado deles, Hange? Será que só eu enxergo as coisas como elas realmente são?

Cruzei os braços.

- E como as coisas realmente são?

Ele se levantou da mesa, fugindo da minha pergunta. Eu o segui.

- Responda, Levi. – falei, enquanto eu caminhava atrás dele, que caminhava para a sala. – Como as coisas realmente são, de acordo com você?

Ele se virou pra mim, e vociferou:

- Erwin é um pedófilo filho da puta, que usou da nossa aproximação pra se aproveitar de Morgana, e ela é uma vagab-

Não poderia ouvi-lo difamar a própria filha daquela maneira novamente. Meu sangue já tinha subido da primeira vez que ele fez isso, mas eu fiquei paralisada. Dessa vez, eu o calei com um tapa.

- Você nunca mais chamará a Morgana disso, está me ouvindo, Levi? – disse, entre os dentes. – Por que ela seria uma vagabunda? Por que ela se apaixonou? Mas qual o real motivo de você odiar tanto isso? Porque Erwin é um cara mais velho, ou porque é o Erwin? Qualquer que seja o motivo, é completamente desnecessário esse ódio todo, Levi.