– Natalie! Você vai ficar bem, tá me ouvindo? – Eu a seguro pela cintura, o seu braço apoiado no meu ombro, fazendo a volta pelas costas, enquanto nós subimos as escadas de incêndio, rumo ao terraço..
Ela não responde, tudo que faz é respirar alto e suar, mas ao menos está consciente, já que consegue subir os degraus, embora com dificuldade. Seguro firme o corrimão para nos auxiliar a ir mais depressa, tenho que fazer muito mais força para levar o meu peso e o dela para cima, cada passo exige a força de dez.
Temos que ir rápido, para que a garota possa descansar um pouco e para que ninguém nos alcance, não antes dela estar bem. Nós estávamos na biblioteca procurando um livro que pudesse nos ajudar no trabalho de história, estava tudo bem, até Natalie começar a sentir dor de cabeça. Sugeri que tomasse um remédio, mas, quando olhei para os seus olhos, eles estavam literalmente brilhando, uma luz forte iluminava a sua pupila.
Na hora eu varri todo o perímetro para saber se ninguém estava vendo e entrei na sua frente, não tenho certeza, mas uma moça de óculos, sentada em uma das mesas levantou os olhos e me encarou de uma forma sinistra, tenho uma vaga lembrança dela, já fomos da mesma classe em algum momento. Depois que me encarou, voltou com o livro sobre o rosto.
Expliquei para Natalie sua situação e saímos. No corredor, próximo à área de laboratórios, ela disse estar fraca e quase caiu, eu a aparei no último instante. Foi aí que tudo começou de verdade, os alunos da turma de física viram tudo acontecer e se amontoaram à nossa volta para tentar ajudar ao mesmo tempo em que nos encheram de perguntas.
Tudo que pude fazer foi pedir para Natalie fechar os olhos e com a minha ajuda, saímos dali, passando no meio da multidão As pessoas nos encaravam assustadas, um garoto gordinho tentou até mesmo me segurar, insistindo que era melhor levá-la à enfermaria. Disse que faria, mas menti, porque isso ninguém pode ver. Seus poderes devem estar se manifestando de alguma forma.
Depois nós dobramos à direita, tive um vislumbre da saída de emergência a poucos metros, o sinal tocou, indicando o fim das aulas e num segundo, as portas das salas se abriram e de lá surgiram tantas pessoas que parecia um apocalipse zumbi. Foi nessa hora que tive a ideia de subir por ali, pois ninguém deveria usá-la. E aqui estamos, indo para o terraço.
– Pode abrir os olhos agora – digo, após acabar o primeiro lance.
As pupilas ainda brilham bastante, e ao passo em que sua cabeça se movimenta, um rastro de luz fica no ar por alguns segundos, ela tem a exata mesma cor de seus olhos, que fica com uma coloração mais viva onde não é tão bem iluminado.
Natalie junta os olhos com força e solta um gemido, sinto seu pulso forçando meu ombro para baixo a cada passo, vou incentivando a continuar, e dizendo sempre que falta pouco, a garota dá tudo de si, entre arfadas e balbucios, até que de fato alcançamos o topo do prédio.
Empurro a porta de metal e a conduzo até o chão, bem devagar, ela se senta com as pernas esticadas e inspira e expira lentamente, as costas encostam na parede que dá para a porta que saímos.
– Seus olhos ainda estão brilhando forte, mesmo aqui na luz do dia – abaixo na sua frente, retiro seus cabelos do rosto e coloco a mão em sua testa, a fim de descobrir se tem febre.
– Por que isso... Tá acontecendo? – ela indaga entre arquejos.
– Eu não faço ideia.
– Seus olhos estão brilhando? – ouço uma voz ressoar com o vento logo atrás de mim.
O meu coração gela, não só pelo susto, mas também por não ter verificado o perímetro. Porém eu realmente não estava esperando que alguém estivesse ali. Olho por cima do ombro e quando meu olhar se encontra com seu rosto, ergo as sobrancelhas, desacreditado.
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Império dos Três [Completa]
Science-FictionBenjamin Taylor começa a ter sonhos estranhos com uma desconhecida garota e em um lugar que nunca esteve. Após os acontecimentos tomarem uma proporção conflitante, o jovem garoto decide ir em busca de Natalie, a garota que tanto o atormenta em sua m...