Capítulo Trinta e Um

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– Ben? – A garota me encara assustada, depois olha para seu próprio punho a um centímetro do meu rosto.

Minha respiração está tão agitada que mal consigo falar, abro bem a boca para puxar o ar já que não consigo pelo nariz, estou caído no chão, virado para ela. O meu rosto está todo suado e com certeza pálido, pois vi a própria morte diante de mim.

Natalie olha para o garoto ao seu lado, Lukas corajosamente segura o braço da princesa com as duas mãos, segundos atrás estava tentando impedi-la de me socar.

– Sou eu – fala para o menino, que não consegue esconder o choro, ele a solta e vai até Heather, que ainda está apagada.

Ela imediatamente me ajuda a levantar, e me coloca apoiado em seus ombros, nessa hora, sinto todas as dores possíveis ao mesmo tempo, mas evito demonstrar, noto que os olhos dela estudam todo o meu corpo com receio, depois focam em Rachel, que está rasgando um pedaço de sua blusa para fazer um torniquete improvisado em sua coxa.

– O que foi que eu fiz? – A moça indaga, catatônica. – Eu não... Sei o que aconteceu... Por um momento, acreditei que vocês eram meus inimigos.

– E quase matou todos nós – N1 é direta. – Mas, não foi sua culpa.

– Onde estão os outros? – Seus olhos saltam no rosto.

– Na sala de controle – digo. – Não sabemos se eles... Estão vivos.

A garota abaixa a cabeça e funga, as mãos vão no rosto, tentando de alguma forma parar as lágrimas, escuto o seu gemido abafado. Eu aperto seu ombro com a força que tenho e sussurro em seus ouvidos que está tudo bem, que não foi culpa dela.

– Tente salvar o máximo de vidas que puder, só você pode agora – termino, falando baixo.

Isso é como um estalo em sua mente, a moça prontamente se movimenta, me ajudando a ficar sentado no chão, junto com os outros.

– Eu já volto, vou... Vou ajudar todos – Natalie sai correndo como nunca, decida a compensar seus danos.

Nos ver dessa forma deve ser muito doloroso para ela, pois, várias pessoas que lutaram ao seu lado já morreram, e depois da missão desastrosa que a fez ser expulsa do exército, Natalie ficou traumatizada. "Nunca mais quero ver ninguém dos meus morrerrem", disse.

Olho para Heather, a garota acabou de acordar, pela sua expressão, a cabeça dói muito, mas ao menos, está viva. Seus olhos e seu nariz já não sangram, mas ainda tem vestígios dele, provavelmente Lukas limpou enquanto ela ainda estava desmaiada, julgando pela sua camiseta suja de sangue.

– Meu poder combina muito bem comigo – diz, arrependido. – Eu vi tudo acontecer, e tudo que fiz foi ficar invisível, sou um covarde.

– Não, não é. No fim das contas, você veio, e até segurou o braço da princesa, ela poderia te matar. Você impediu que eu fosse morto – explico, olhando para Rachel, ao meu lado. – Não é?

A garota faz uma expressão estranha, como se não tivesse entendido o que quero que diga.

– Bem... Tenho certeza que Natalie parou antes de você aparecer – ela confessa, olhando nos olhos de Lukas. – Mas a intenção é que vale.

– Heather está a salvo por sua causa – tento confortá-lo, falando logo em seguida.

Os dois se encaram, a menina concorda com a cabeça e dá um abraço de lado nele. Lukas parece meio sem graça, mas aceita de bom grado e retribui tocando seus braços e dando um sorriso fraco.

– Desculpe por aquilo – Rachel se pronuncia. – Não tínhamos opção.

– Ah, tranquilo – digo, envergonhado. – Tranquilo.

Império dos Três [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora