Capítulo Vinte e Seis

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O clima começa a ficar mais quente, as minhas roupas pregam na pele por conta do suor, é como se eu estivesse do lado de uma fornalha, N1 já ativou seu poder de mudar a temperatura do ambiente, talvez tentando dificultar as coisas para eles. Olho para cima e a bruxa está quieta, apenas me encarando com um sorriso psicopata no rosto.

– Quer escolher um alvo?

– Pode ser qualquer um – Natalie diz.

– Fica com a louca então.

– Logo ela – suspira.

A princesa vai correndo atrás da bruxa, desviando dos cavaleiros da floresta com um único salto.

N1 se prepara para o combate, a garota pega sua lança improvisada de madeira e começa a girá-la, mudando de mão apenas para passar o objeto pelas costas e para numa posição mais agressiva.

Aquelas coisas avançam em nossa direção com muita ferocidade, porém, antes que elas de fato possam se aproximar, sou erguido no ar sem que nada me toque, e quando consigo olhar para frente, Freya me agarra pelo pescoço com suas unhas afiadas, me levando para longe num voo rasante no meio da floresta.

– Eu adoro garotos bonitos como você! Vai ter uma morte especial! – A bruxa berra e solta uma risada sombria.

Estamos muito rápidos para que consiga pensar com calma e quando imagino que posso ser arremessado contra uma árvore, fico ainda mais agitado. Porém, meu tempo está acabando, pois seus dedos apertam meu pescoço em um ponto muito específico, estou ficando sem ar, ela é bem mais forte do que parece, então tento me soltar puxando sua mão para trás e balançando o corpo, e é como tentar arrancar uma coluna de uma parede. Resolvo mudar a estratégia, dando alguns socos em seu braço e consigo enfraquecê-la, mas só me livro definitivamente dela depois de mais um golpe forte e preciso no meio de seu antebraço.

Bato as costas em uma árvore fazendo um baque e arranho os cotovelos e boa parte das coxas durante a passagem pelos galhos, tento me agarrar a um cipó, porém ele se arrebenta com meu peso e eu acabo caindo de bruços. Levanto rapidamente com a mão segurando o queixo, que é onde mais dói no momento, até eu dar um passo, nesse instante, o joelho ralado e o tornozelo cobram seu preço.

Mesmo mancando, avanço floresta adentro, sempre mudando a minha trajetória para que não seja tão óbvia, entretanto, leva apenas alguns segundos para que Freya apareça na minha frente entre os arbustos da mata escura, ela é tão rápida que parece que já sabia exatamente a minha localização. A mulher dá um passo, fazendo seu vestido longo mover as folhas atrás dela.

– Não pode fugir de mim, eu sou a floresta – sorri, se segurando para não gargalhar.

Usar o meu poder de manipular o vento para criar lâminas como uma extensão dos meus braços. Em seguida, corto uma árvore de cada lado para bloquear o caminho enquanto corro para a direção oposta. Tenho que voltar para ajudar Natalie e Rachel, não sabemos o que aquelas fadas podem fazer e não quero arriscar nada nos separando.

Escuto a respiração macabra da louca ficando mais próxima ao passo em que o som do ar sendo cortado aumenta, como se já tivesse literalmente atrás de mim, mesmo com as árvores caindo no caminho quase que em sequência. As minhas pernas reclamam de dor, mas sei que não posso dar a elas o descanso que precisam.

Paro e viro para trás com as lâminas de ar na frente do rosto no tempo exato em que ia ser atingido, a bruxa é quem machuca os dedos, ela grita para liberar a dor que sente enquanto afasta as mãos ensanguentadas. Fico bem surpreso de não ter arrancado pelo menos metade delas.

Freya usa sua habilidade para voar e faz um gesto rápido com as mãos, fazendo a terra tremer. Tento escapar do que quer que seja, indo disparado até a próxima clareira. Consigo me sair bem, ao perceber que a mulher sumiu, porém, quando dou mais um passo, acreditando que estou tendo algum progresso, o chão se abre completamente, me engolindo num espaço entre dois precipícios recém-formados.

Império dos Três [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora