Capítulo Vinte e Oito

54 7 288
                                    

O que realmente significa ser humano? Significa ter nascido em algum planeta colonizado por eles, com uma anatomia humanoide e possuindo o básico para ser considerado um ser inteligente? Ou será que vai além, também significa amar sua raça e querer o bem dela, por mais estúpidos que possam ser? Essas perguntas rodeiam minha cabeça desde quando soube que não estava do lado da humanidade, que na verdade, era meu dever destruí-los, sinto como se fosse um outro Ben querendo participação em minhas decisões, o Ben humano. O que fazer quando você conviveu com seu inimigo por tempo suficiente para perceber que ele não é um só? Que do seu lado, também existem inocentes, assim como existem pessoas más do nosso.

Ao mesmo tempo, sei que pensar dessa forma pode me prejudicar bastante, como já aconteceu, não é como se Alex fosse a minha humana preferida, entretanto acredito na sua inocência. Além disso, também imagino que pessoas tão boas quanto Amy podem surgir deles, pessoas que só querem viver suas vidas e melhorar o mundo.

– Ei – escuto uma voz me arrancar de meus pensamentos.

Me deparo com Joe, que já exibe um sorriso sem graça.

– Sim? – Respondo enquanto caminhamos pela floresta atrás dos outros.

– Eu queria fazer uma pergunta que pode ser um pouco estranha – coça a nuca. – Mas cara, juro que preciso fazer.

– Pode falar, eu acho – digo, franzindo as sobrancelhas.

– Como é namorar a princesa? – Ele tenta deixar seu tom de voz sutil o suficiente para que Rachel, Colin e nem Lukas escutem.

– Ah, é meio... Complicado se você pensar na popularidade que ela tem e sobre como suas habilidades são requisitadas o tempo inteiro, fora os humanos que sempre estão tentando matá-la ou fazê-la desistir de sua vida, mas tirando isso, é tranquilo – termino dando de ombros.

– Nossa – faz uma pausa. – E como foi que se conheceram? Porque tipo, é bem difícil chegar até ela.

– A princesa salvou a minha vida uma vez, no planeta principal, eu tinha uns seis anos e estávamos passando por uns problemas com algumas colônias de Yeks que os humanos espalharam por todo o nosso sistema solar. Daí Natalie apareceu e matou um deles com um soco.

– Caramba – ele passa a mão na boca, desacreditado. – Ela deve ser muito forte.

– E como. Já vi aquela garota levantar uma nave KZR com uma mão e depois arremessá-la como se não fosse nada – explico, empolgado com a memória que tenho.

– Legal, legal – Joe desvia o olhar e ajeita a bolsa lotada de frutas nas costas. Seu cabelo encaracolado entra na frente do rosto. – E vocês já... Fizeram alguma coisa?

– Eu não vou responder isso! – Respondi em tom alto, que faz Rachel olhar para trás por cima do ombro no mesmo instante. Evito encará-la pois meu rosto já está pegando fogo de vergonha.

– Tá bom, tá bom – ele sussurra. – Mas, eu te garanto que todo garoto de qualquer planeta nosso tinha pelo menos uma foto dela pregada na parede do quarto, então fica esperto – avisa e vai andando mais rápido para alcançar Lukas, me deixando completamente perturbado com a nova informação desagradável.

Estamos voltando do primeiro dia de nossa estadia na floresta, Rachel nos ensinou a caçar e seguir rastros das presas, mesmo que tenha perdido a paciência e desistido devido à uma piada de Lukas que envolvia o voo dos pássaros para o norte, que a irritou profundamente. Desde então a garota ficou em silêncio e focamos em colocar frutas e tudo que possa servir de comida para nós. Tivemos de ir para o outro lado da floresta de Daintree, pois a área em que Freya efetivamente domina é escassa de animais e com poucos insetos, já que eles fogem para salvar suas vidas do controle absoluto que a bruxa impõe sobre a mata. Eu aproveito que os garotos resolvem se afastar andando mais rápido para me aproximar Rachel.

Império dos Três [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora