Capítulo Dezoito

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– Todos prontos? – Pergunto, encarando por cima do ombro algumas das pessoas que estão conosco. Eles confirmam com a cabeça.

Estamos diante da porta que vai nos levar ao andar que a doutora Johnson mencionou. Seguro firme a maçaneta da porta de metal, uma gota de suor escorre pela minha testa, não sabemos o que de fato vai acontecer depois daqui.

Natalie coloca sua mão sobre a minha e abre um sorriso, que é como o céu nas manhãs do campo, claro, bonito e fresco, junto com o brilho natural. Tento devolver um que seja tão animador quanto o seu.

Nós contamos com um total de dezenove pessoas, e pretendemos sair com todos vivos. Lutaremos até a morte se for preciso.

Juntos, abrimos a porta, e agora, estamos de frente a dois corredores bastantes iluminados, um que vai para a direita, e outro para a esquerda.

– Deixa comigo – Marina aparece no meio da multidão e se transforma em um rato, indo até o final pelo caminho que pensamos em ir.

Lukas diz que vai pela direita e fica invisível, todos que estão conosco aguardam, atentos a qualquer coisa, inclusive à escada da qual viemos, e ao elevador do lado. A doutora está no meio de nós, e não há mais necessidade de segurá-la, porque alguém a está mantendo sob uma espécie de hipnose, que a faz ficar quieta e caminhar. Queria aproveitar disso para questioná-la sobre o que somos, ou sobre a origem de nossos poderes, mas infelizmente, não temos tempo.

Segundos depois, o rato volta disparado, ele cresce na nossa frente, mudando completamente sua anatomia até voltar a ser aquela moça adorável. Acho tão incrível sua transformação que é impossível não observar cada detalhe de como tudo acontece.

– É um corredor com vários blocos dos dois lados. São todos laboratórios – informa. – Parecem estar vazios... De pessoas vivas – desvia o olhar com uma expressão mista de nojo e tristeza.

Lukas surge na nossa frente, tomando forma, e assusta Marina, que ainda não está acostumada com isso, e bem, nem eu.

– Daquele lado tem várias salas, entrei em uma delas e tinha muitas caixas com pílulas, tanques de gás, e agulhas.

– Bem, então vamos seguir o que a doutora disse – Natalie fala. – Eu vou na frente.

A garota nem nos dá tempo de pensar e segue, destemida. Ultimamente ela vem ficando cada vez mais segura de si, o que é um ótimo sinal do meu ponto de vista, e para essa situação em específico. Todos disparamos atrás dela até o final.

Após o percurso, entramos na parte dos laboratórios, e agora entendo sobre o que Marina queria dizer: há corpos espalhados por todas as salas, presos pelos pulsos em placas de metais na vertical que servem como macas. Ao lado de alguns deles, existem quadros com anotações, e também uma grande bancada com bisturis, agulhas, tesouras e outros instrumentos médicos. Uns estão sem os braços, outros com perfurações em pontos específicos ou lacerações, além dos que têm as tripas para fora ou ossos expostos, mas todos têm algo em comum: mortos. O corpo que mais me surpreende é o que tem a metade da cabeça cortada com precisão cirúrgica, deixando à mostra tudo que tem lá dentro. Aparentemente, todos os experimentos nas salas são adolescentes como nós. Entre suspiros incrédulos, xingamentos e lamúrios, uma menina vomita no chão, enquanto a maioria caminha sem ter coragem de encarar os cadáveres. Confesso que sinto a mesma vontade, mas consigo segurar apertando os lábios e forçando de volta.

Os passos parecem ficar pesados, é como se tivéssemos marchando rumo ao que pode ser nossa morte, estamos no meio do covil inimigo, e aqui somos mais vulneráveis, além do terror psicológico que essas experiências nos causam.

Império dos Três [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora