Capítulo Oito

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Pelo noticiário na tevê dentro do carro, vemos uma reportagem sobre o assassinato do funcionário da nossa escola que ocorreu há uma semana, não é um choque para nenhum de nós três, porque finalmente contamos para a minha mãe tudo que vimos, além de explicar sobre nossos poderes.

Ela se mostrou bastante cética quando falamos a parte das habilidades naquele mesmo dia da reunião no auditório, depois de chegarmos em casa, desembuchamos tudo e nos dirigimos à delegacia para dar depoimento sobre o crime. Ao retornar, mostramos tudo que podemos fazer: usei meu poder de manipular o ar contra a árvore no quintal novamente, depois fomos para a garagem e Natalie levantou a parte traseira do carro até ele ficar quase em pé sem grande esforço. Fiz o mesmo logo em seguida.

Só assim Amy acreditou em nós após, embora tenha feito vários questionamentos, principalmente sobre Jack, ela disse que essa garota é no mínimo, esquisita, e que tínhamos que ficar de olhos abertos. Depois, me xingou por levantar seu carro preferido, sendo que o veículo é exatamente igual ao outro. Sério, nunca entendi o porquê dessa mulher ter dois automóveis da mesma cor e idênticos.

Aproveitei a situação para falar como conheci Natalie, e sobre os sonhos ou visões, a essa altura, minha mãe não sabia como reagir, então apenas ficou sentada ouvindo tudo que falamos. Sua expressão revelava surpresa absoluta, depois de um longo banho de pelo menos trinta minutos é que ela finalmente começou a assimilar melhor as coisas. Sua felicidade por eu estar me abrindo era e ainda é evidente, mesmo que esconda em algum lugar de sua expressão preocupada.

Mas o importante é que falei exatamente tudo que aconteceu, não deixando escapar nenhum detalhe que considero relevante, então agora temos a melhor aliada possível.

Estamos indo até o shopping comprar roupas para o baile, Natalie saiu mais uma vez com Jerry e sua turma essa semana, e nem fiz questão de perguntar como foi. A sua expressão depois que chegou em casa não me parecia muito contente, bem, nem a minha.

Beth me chamou para ser seu par, eu disse que pensaria sinceramente sobre o assunto e é isso que estou fazendo no exato instante. Talvez deva dar uma chance, não tenho nada a perder. Parando para refletir melhor, a ruiva nunca foi inconveniente, sempre foi bastante educada e não me obrigou a fazer algo que não quisesse, apenas me convidou várias vezes. Agora não penso nela como um perigo e sim como alguém que poderia muito bem ser mais legal do que parece.

Olho para o lado e Natalie está digitando alguma coisa em seu smartphone recém- adquirido, que minha mãe lhe deu de presente. Sou obrigado a admitir que sinto falta de nossas conversas diárias no fim da noite, porém acho que a garota não pensa da mesma forma, já que quase não nos encontramos mais dentro de nossa casa e parece estar indiferente a isso.

– Vejam isso aqui! – Natalie fala mais alto para ser ouvida e se aproxima do meio do banco para me mostrar um vídeo, o que me surpreende, achei que mais uma vez não conversaríamos.

Amy lança um olhar rápido, e fala com a IA do veículo enquanto dirige, pedindo a ela que desligue a tevê.

A garota toca no centro do seu aparelho para reproduzir a mídia, observo atentamente um sujeito sendo filmado por um sistema de câmeras de segurança, ele passa de uma filmagem para outra correndo tão rapidamente que tenho certeza de que esse cara tem poderes. Em seguida, na primeira tela, quatro homens o perseguem numa velocidade aceitável para qualquer pessoa normal, eles estão todos vestidos como aqueles que tentaram nos matar. O menino pula um muro de pelo menos dois metros sem sequer usar as mãos para auxiliar, após entrar em um beco. Os capangas da Organização já abriram fogo nessa hora, mas parece que falharam.

O vídeo corta para outro ângulo de gravação, o mesmo adolescente é atingido no peito por uma lança de metal, ele fica estagnado por algum tempo, até finalmente recobrar sua consciência e tentar retirar a arma de si para lutar. Uma figura se aproxima dele, e sem usar as mãos, puxa o objeto do corpo da vítima, no meio da rua vazia. O atacante finaliza segurando o seu pescoço, erguendo-o através de uma força invisível, sufocando-o até que pare de se debater.

Império dos Três [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora