Capítulo Onze

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– Acho que não faz sentido vocês serem um experimento – Hanna diz enquanto pega seu celular para escolher uma boa música. – Tem muitas inconsistências. Eu te conheci quando a gente tinha cinco anos e nas suas memórias vocês tinham entre seis e oito. Então tecnicamente eu saberia se fosse. E ainda tem o que você viveu com a Natalie depois disso.

– Não entendo – suspiro, angustiado. – Temos que descobrir a verdade logo, talvez valha a pena achar um jeito de invadir a base daqui.

– Ficou louco? Você acha que eles não vão estar preparados para uma invasão? Ou para matar vocês? – Hanna finalmente decide qual música colocar, ela se aproxima, segurando os meus ombros com as duas mãos. – Vamos esquecer isso, por enquanto, e continuar, não quero te ver passando vergonha no baile por não saber dançar.

– Tudo bem – respondo. A canção se reproduz em seu dispositivo de som, ela é lenta e bonita, tanto a letra como a melodia por si só.

Meu corpo permanece inerte, tenho vergonha de tocá-la. A garota percebe isso e pega minhas mãos, colocando-as em seu quadril. Hanna está usando uma calça moletom casual preta com uma camiseta branca e está descalça, assim como eu. Estamos em sua casa, na espaçosa sala de estar, tiramos o tapete no centro dela e removemos a mesa para termos mais liberdade. O seu cabelo cacheado está preso por um penteado semelhante ao de Jack.

– O segredo é saber acompanhar os movimentos da pessoa. A Beth sabe dançar, então apenas repita – ela dá um passo para a direita, e em seguida leva todo o corpo consigo, e eu a acompanho. Depois, volta para a posição inicial, suas mãos deslizam um pouco sobre os meus ombros. Seus olhos navegam pelos meus com um sorriso escondido pelos lábios, até que, aos poucos, os dentes se mostram gradualmente. Não consigo evitar de achar graça do seu conselho, desvio o olhar um segundo antes de soltar uma gargalhada. – Do que você tá rindo?

– Que conselho horrível, sério. Repetir o que a outra pessoa fizer.

Hanna me repreende com o olhar agressivo e com um pisão no meu pé.

– Ai! Por que fez isso?

– Por rir! Eu prefiro te mostrar como fingir que sabe dançar do que te ensinar, porque você é duro que nem pedra! Então foco!

– Tá bem – respiro fundo e me concentro. Enquanto fazemos os passos que ela tentou me ensinar antes, vou recebendo orientações de como me portar.

Hanna diz frases escoltadas e diretas. "Mãos não tão firmes na minha cintura", "Olhe nos meus olhos", "Sorria", "Me puxe para perto", "Uma mão nas minhas costas" são algumas delas que ouço durante toda a música.

– Pensa em beijá-la? – Pergunta quando a canção para e reinicia.

– Eu... Eu não sei... Talvez.

– Achei que gostasse da Natalie – uma sobrancelha sua se levanta.

Erro um passo e tento consertar apenas seguindo minha parceira e funciona.

– Eu gosto, mas não sei se ela gosta.

– Entendi – libera o ar de uma vez, arrastando seus braços para se aproximar de mim. – Sabe qual é o seu problema? É que você não tenta. Enquanto você foge, o Jerry tá aproveitando. Ben, você é muito melhor que ele em tudo. Acorda, cara, não existe motivo pra ser tímido.

– Eu falei pra Natalie que gosto dela, tá legal? Mas ela disse que eu sou um idiota e me ignorou – balanço a cabeça involuntariamente.

Hanna se desvencilha e para a música.

– Contou a verdade sobre o Jerry?

– Sim, nesse mesmo dia eu contei, mas ela não acreditou que ele fez isso, e ainda disse que era ciúme da minha parte – exatamente como eu temia, concluo a fala no pensamento.

Império dos Três [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora