ARTHUR, 21
BELLE
Chegamos a um porta grande entre aberta, dava para uma garagem, mas o único caminho livre era uma escadaria de madeira que descia até a praia. Descemos e chegamos em um deque enorme, já havia bastante gente lá, tinham luzes de led e lâmpadas penduradas nas árvores e se estendendo por todo o deque como um varal. Bem no centro tinha uma fogueira e pufs envolta dela, com alguns casais já se pegando ali mesmo, um DJ bem ao lado do bar, alguns garotos jogavam ping pong e vôlei na praia, olhando assim já tinha muita gente mesmo.
-Vivi! - uma menina veio em nossa direção e abraçou minha amiga com força, a soltou e olhou pra mim - você deve ser a Bella - ela sorriu.
-Belle na verdade - a corrigi, ela estava com uma lata de cerveja na mão, pela sua voz já estava bêbada.
-Ah claro me perdoe - ela me abraçou - sinta-se à vontade viu - apontou para toda a festa - está tudo liberado!
A menina deu um grito e foi embora, assim eu reparei que Anthony já nem estava mais com a gente, eu nem vi ele saindo do nosso lado.
-Camila é a anfitriã mais louca que vai conhecer Belle, acredite antes da festa começar ela já devia estar bêbada - disse rindo e seguiu adentro da festa,dei de ombros e a segui também.
Fomos até o bar e Vivi já foi direto em vodka e eu peguei uma batida de enérgico.-Sério Belle? - me perguntou tomando suas doses.
-Eu sou a mãe hoje lembra? - virei de costas para o bar e me apoiei no balcão, tomando a batida e observando a festa.
De longe que vi um menino nos encarar, mais especificamente a Vivi, imaginei se seria o amigo do Anthony que ela zoou, aos poucos ele veio andando até nós.
-É ele? - perguntei a ela - o tal amigo que pode tirar seu biquíni se quiser - mordi o canudo e sorri, ela me olhou virou de frente para o bar e sorriu também.
-Talvez seja, na verdade se Anthony já tiver falado com ele então com certeza é - deu de ombros. Eu serrei os olhos pra ela.
-Mal chegamos e você já vai pra cima - continuei observando ele vindo até nós.
-Veja bem Belle o sol já está quase se pondo, bebida e escuro não combinam comigo, como vou enxergar caras gatos mais tarde? - ela se virou de frente novamente - agora cale a boca.
-Ainda são 16:30 Vivi e é verão - respondi e ela deu um tapinha no meu braço, eu sorri.
-Oi Vivi - ele sorriu nos cumprimentando - e... amiga da Vivi - acenei com a mão sem dizer nada.
-Oi Cadu - Vivi sorriu pra ele, certamente meu papel de vela já tinha começado e eu fui me afastando deles indo em direção a praia.
Terminei minha bebida e deitei em uma cadeira de praia, perto da "quadra" onde uns garotos estavam jogando vôlei. Estava esticada apenas aproveitando o resto de luz do dia e após um tempo um dos jogadores se senta na cadeira ao meu lado:
-Eu não me lembro de ter visto você por aqui antes - e lá vamos nós.
-Na verdade eu cheguei ontem de viagem - disse o olhando de canto mas sem virar pra ele.
-Você não é daqui né, o seu sotaque... - sorriu pra mim. Realmente era um cara bonito, aparência de quem sempre viveu na praia, a pele bronzeada, e os cabelos castanhos, grandes e bagunçados, tinha um jeito de surfista - diria Estados Unidos, talvez Nova Jersey - me olhou convencido e eu me virei pra ele.
-Deixa eu adivinhar, Vivi mandou você aqui - coloquei os óculos na ponta do nariz e o encarei.
-Quem? - perguntou confuso.-Como saberia precisamente o meu sotaque e de onde vim - continuei com os olhos fixos no dele.
-Bom eu fiz um intercâmbio de um ano para os Estados Unidos, e nesse meio conheci muitas cidades inclusive Nova York, passei até um tempo por lá, mesmo assim me surpreendo que fale tão bem português - e falou tudo isso em inglês comigo, se deitou na cadeira virando pra frente com um ar de vitória e eu ri.
-Bom - disse ainda rindo e me virando pra frente também - você acertou, sou de São Francisco mas moro em Nova York desde os dois anos - dei uma pausa e ele me olhou de canto curioso, então continuei - minha mãe é brasileira, se mudou nova para os Estados Unidos com meus avós, conheceu meu pai e nunca mais voltaram pra cá, mesmo assim me ensinou português em casa pra "não perder as origens" - imitei aspas com as mãos - por mais que agora ela nem se importe com isso - disse baixinho a ponto que ele não escutasse.
-Hum - colocou a mão no queixo analisando a situação - pois muito prazer Senhorita gringa, sou Arthur - olhou pra mim e estendeu a mão esperando que eu apertasse - só estou cumprimentando, não vou te morder - sorriu.
-Sou Isabelle, mas pode chamar de Belle - apertei sua mão e ele sorriu pra mim.
-Bem Belle - ele enfatizou ao me chamar assim - não me diga que veio para ficar deitada - ele se levantou, ficou na minha frente e estendeu a mão - vamos, é uma festa não um funeral.
-Eu vim pra ficar de babá na verdade - serrei os olhos pra ele expressando o quanto não queria levantar - minha amiga é um pouco intensa - olhei na direção de Vivi que conversava agora com Cadu usando a língua.
-Entendo - ele olhou na mesma direção - mas acho que ela está em boas mãos, então não seria ruim se você aproveitasse um pouco - ele balançou a mão, lembrei da promessa a Vivi, ele era gato e poderia ser a tal única boca que eu fosse beijar, então porque não?
Peguei sua mão e me levantei, ele ainda segurava minha mão e estávamos indo para o meio da festa quando vi que da quadra de vôlei Anthony estava nos olhando, encarei ele e então desviou o olhar sem encarar novamente. Eu estranhei, mas não me importei depois.
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Um Romance de Verão
RomanceTalvez uma viagem buscando a tranquilidade não tenha saído como planejado. Isabelle veio ao Brasil em busca de sossego de seus pais controladores, mas talvez por aqui não seja tão sossegado assim; ainda mais quando ela se envolve com um surfista gat...