Anthony
Não queria receber a resposta que recebi mas, Isabelle estava feliz com ele. Isso me importava, por mais que eu quisesse fazê-la feliz também.
Depois da situação, constrangedora ou não, no quarto decidi que não tinha mais o quê fazer naquele lugar. Como eu disse, se soubesse que Isabelle estaria lá nem teria ido. Por um lado foi bom, consegui fazer a garota se abrir comigo de novo e sinceramente eu jamais imaginária tudo que ela já teve que passar, como é forte e como merece ser feliz com alguém que realmente de à ela essa felicidade. Talvez Arthur seja melhor nisso que eu.
Assim que desci as escada encontrei com Cadu, que já não estava mais no seu estado lúcido e avisei que iria embora, quando cheguei no caes vi um grupo entrando no barco para voltar ao litoral, não perdi a oportunidade e entrei com eles.
Já estava perto das 4 da manhã, estávamos nos aproximando da costa.
- Oi Anthony - sorriu sem mostrar os dentes e se sentou do meu lado agora.
- Alice... - disse sorrindo na mesma forma.
- Não que seja da minha conta mas, - me olhou - você não é de sair cedo de festas que não estão ne perto de acabar.
Concordei com a cabeça.
- Mas acho que sei bem quando não sou muito bem-vindo em certos lugares.
- Ah... - fez silêncio.
- E você está indo embora por quê?
- Cada vez mais difícil aguentar lugares tumultuados com alguém mais tumultuado ainda dentro de você - sorriu acariciando a barriga.
- É verdade... - abaixei a cabeça tentando evitar mais assunto. A barriga de Alice estava ganhando a forma que mostrava que seu corpo estava sendo dividido com outra pessoinha.
Ela abriu a boca como se tivesse algo a dizer mas deteve e era melhor assim.
Seguimos mais algum tempo no barco até chegarmos a praia. Com as pessoas descendo uma a uma, estavam bêbadas, drogadas, eufóricas; o caos que estava dentro do barco com toda essa gente agora estava se espalhando em pontos pela praia. Quando chegou minha vez de descer, era o penúltimo, atrás de mim só tinha Alice. Então senti alguém me bater por trás e um barulho, virei e ela estava caída no chão.
- Alice! - chamei me abaixando ao seu lado, ela não se movia, deitei com a orelha em seu coração e os batimentos pareciam normais - Alice! - chamei de novo, nada - AJUDEM! Aqui galera, ajuda! - uma única garota viu a situação e correu até nós.
- Ela pode ter bebido demais - a menina que se ajoelhou do meu lado disse.
- Ela está grávida, não estava bebendo - falei.
- Então vamos ter que levá-la ao hospital - a menina disse já apoiando um dos braços de Alice nos ombros.
- Deixe... - disse erguendo ela no colo - você tem carro?
A menina concordou e me guiou até o estacionamento da praia onde estava o carro, ela entrou no motorista e entrei atrás apoiando a cabeça de Alice no meu colo.
- Vá para a maternidade, a mãe dela trabalha lá - falei e ela saiu com o carro.
[...]
5:15 da manhã
- Nem sei como te agradecer Anthony, muito obrigada por tê-la trago em segurança.
- Não precisa agradecer Dona Rosa - cocando a cabeça sem graça.
- Claro que precisa, sabe você sempre fez tanto pela Alice, é um menino tão bom. Sabe Alice está com essas quedas de pressão constantemente e... - ela continuou a falar e falar, mas eu me desliguei, sinceramente só queria ir pra casa e deitar na minha cama.
Dona Rosa, mãe de Alice. Uma senhora muito doce eu diria e muito forte, já estava na casa dos seus 50 anos e ainda trabalhava como a enfermeira chefe na maternidade. Dona Rosa não tinha mais que 1,55m de altura, seus olhos eram claros como os de Alice e seu cabelo quase todo branco estava sempre preso em um coque.
- Bem Anthony, ela já acordou, porque não vai falar com ela?
- Não Dona Rosa, tenho que ir logo pra casa...
- Não seja por isso menino - me puxou pelo braço - não durará nem dez minutos.
Ela me levava segurando meu braço e abrindo as portas até chegarmos frente onde Alice estava.
- Vamos - ela fez sinal com as mãos - pode entrar.
Abri a porta, Alice estava com a cabeça virada para janela.
- Oi - me aproximei e parei ao lado da cama - como está?
- Anthony - ela se virou e sorriu - mamãe disse que foi você quem me trouxe - continuava sorrindo.
- Pois é, você caiu do nada atrás de mim, vi que não estava bem porque não respondia quando chamava.
- É eu acho que minha pressão caiu - ela olhava pra baixo agora - mas por sorte você estava por lá.
- É... - pausei - eu só vim ver se estava tudo bem, já vou indo, cuide bem do bebê e de você.
- Bela.
- Oi? - olhei confuso.
- É uma menina, Bela é o nome, os médicos disseram que talvez ainda fique em observação - ela olhava pra baixo meio constrangida.
- Ah... - observei a cama que ela estava - parabéns, você... você sempre quis uma menininha mesmo. Mas vai dar tudo certo.
Me virei para sair e Alice pegou meu braço.
- Anthony espera, por favor - a olhei e me soltou - eu sei que passamos por muitos momentos difíceis e o último mais difícil ainda...
- Traição nunca é fácil Alice - disse sem expressar qualquer emoção.
- Eu só peço que me perdoe Anthony - seus olhos estavam se enchendo de lágrimas - eu não queria machucar você, eu só... só pensei em mim - as lágrimas escorreram.
- O quê aconteceu já foi Alice, não tem como desfazer. Eu não culpo a Bela por uma escolha que foi sua, ajudo você porque ela não tem culpa do que aconteceu, todas as vezes que já te ajudei depois de tudo foi por estar grávida e na pior das hipóteses por você não ter ninguém pra te ajudar, tanto no Natal ou hoje e...
- Eu ainda amo você Anthony...
- Eu confesso que se fosse a algumas semanas atrás você ainda poderia ouvir um "eu também ainda amo você", mas hoje se eu dissesse isso seria mentira, tão mentira quanto você falando exatamente agora. Você não me ama Alice, e nem sei se um dia me amou ao ponto que eu realmente amei você, mas hoje? Não Alice, as coisas mudaram.
Virei as costas saindo e antes que fechasse totalmente a porta ouvi.
- Tudo isso por uma biscatezinha que chegou de Nova Iorque Anthony? - já não havia nem sinal do possível choro que ela começará minutos atrás - eu vi como você olha pra ela, como a defende, não venha falar que é amor de irmãos Anthony, não vai colar.
- Essa é a verdadeira você, Alice. Ardilosa, cheia de si, egoísta - sorri - Você quase me convenceu de todo seu teatrinho, se eu não tivesse visto o prontuário em cima da cama - ela olhou a prancheta em seus pés - "não foi encontrada nenhuma alteração" é o que está aí e mais: "o embrião encontra-se forte e saudável, já sendo possível admitir o sexo masculino do bebê como pedido pela mãe" - sorri erguendo as sobrancelhas.
O rosto dela ficou vermelho.
- Excelente médico Anthony - disse por fim.
- Não é atoa que estou indo pra NYU não é Alice? Tenha uma ótima vida - fechei a porta por fim e fui embora.
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Um Romance de Verão
RomanceTalvez uma viagem buscando a tranquilidade não tenha saído como planejado. Isabelle veio ao Brasil em busca de sossego de seus pais controladores, mas talvez por aqui não seja tão sossegado assim; ainda mais quando ela se envolve com um surfista gat...