ANTHONY
Nunca imaginei ficando preso no banheiro com Isabelle, ainda mais da forma que aconteceu. Realmente não imaginei que me abriria com ela daquela forma, por mínima que tenha sido, mas ela me transmitiu confiança na hora, percebi que o quê fosse falado ali ficaria ali.
Não que que tenha medo da exposição do meu termino, mas depois da confusão eu disse pra Alice apenas seguir em frente e cada um por caminhos opostos.
Estava indo pra casa, não encontrei Vitória então imaginei que teria ido com Belle, e foi. Quando cheguei perto de casa vi Vitória sair do carro e entrar direto em casa mas pelo visto Belle tinha continuado no carro.
- Pra quem não quer se apegar Isabelle tá se saindo muito bem - disse pra mim mesmo com ironia.
Desliguei o carro e sai. Sei que tive um momento sério e sincero com Belle a pouco tempo, mas não perderia a chance de estragar a felicidade do cara com ela, ainda mais em frente a minha casa. Liguei a lanterna do celular e fui até o carro dele.
Duas batidas no vidro foram o suficientes pra eles parem e Isabelle sair do colo dele.
- Boa noite Arthur - sorri sem mostrar os dentes e ele abaixou o vidro.
- Oi... Anthony - ele responder sem graça coçando a cabeça.
- Só vim saber se estava tudo bem com a filha postiça da minha mãe - olhei pra Belle e continuei sorrindo.
- Clar...
- Até você chegar Anthony - Belle o interrompeu abrindo a porta do carro - tchau Arthur - ela se virou pra ele.
- Tchau Belle - ele a beijou mais uma vez - boa no...
- Tchau Arthur - acenei pra ele, assentiu e Isabelle saiu do carro e ele foi embora.
Quando me virei Belle estava de braços cruzados.
- O quê? - perguntei inocente.
- O quê foi isso Anthony? Você causou um constrangimento total!
- Sua sorte Isabelle é que fui eu e não minha mãe que veio - sorri e passei dela indo pra casa - mas pra quem não quer se apegar você está se saindo bem né? - disse sem olhar pra ela e abri a porta.
- Ele é um cara legal Anthony, além disso não temos nada sério, não estou me apegando - ela cruzou os braços e entrou em casa depois de mim.
- Um beijo de despedida - comecei - me senti até em um filme que o amigo só segura vela pra amiga por que ele mesmo não pega ninguém.
- Pobre Anthony Jones - ela disse com sarcasmo se aproximando - como se você não pudesse pegar quem você quisesse, a hora que você quisesse - ergueu uma sobrancelha.
- A vida não é um filme Isabelle - me aproximei mais dela - além disso que tenho um coração partido lembra? - fiz um beicinho.
Começamos a rir.
- Ei vocês dois - minha mãe apareceu nas escadas - ou vocês sobem pra dormi agora ou vão dormi na praia.
- Sim senhora - dissemos juntos
Isabelle se virou pra mim e nossos rostos quase se colaram e olhou nos meus olhos.
- Boa noite Anthony - se virou e subiu para seu quarto.
- Boa noite - Sorri e fui para meu quarto.
[...]
Acordei mais cedo e desci até a cozinha. Ia voltar no Rio hoje e sempre era melhor sair antes da minha mãe acordar. Tomei um café preto, peguei as chaves do carro, estava saindo ela entrou na cozinha...
- Mas já - olhou o relógio na parede - e tão cedo.
- Ora Isabelle, eu nem fui e você já está com saudade - sorri e ela revirou os olhos.
Ela se aproximou.
- Você é insuportável - semicerrou os olhos pra mim.
- Não achou isso quando estava no banheiro preso comigo não é? - perguntei com sarcasmo.
Ela bufou e me passou por mim, abriu a porta dos fundos e saiu. E eu fui atrás.
Ela foi até por trás da piscina e saiu pra praia. A chamei, não tão alto pra Dona Carol não acorda, mas ela não escutou. Quando cheguei a praia ela estava sentada em frente ao mar, estava ventando e Isabelle estava apensa de pijama.
- O quê estava fazendo Isabelle?
- Quero ver o sol nascer - ela continuou olhando o mar e me sentei do seu lado.
- Está ventando - tirei minha jaqueta e coloquei nela.
Ficamos em silêncio, os raios do sol começavam a iluminar e clarear o céu. Olhei pra Isabelle e ela estava sorriso aproveitando o momento. Então me lembrei.
- Feliz aniversário Isabelle.
Ela me olhou assustada
- Você lembrou - sorriu pra mim. Assenti - Obrigada Anthony.
Ela deitou a cabeça no meu ombro, como fez no banheiro, e uma sensação estranha surgiu na minha barriga e eu não sabia o quê era. Ficamos por um tempo na praia, olhando o sol subir cada vez mais. Então Isabelle levantou a cabeça e me olhou e eu a olhei, a sensação na minha barriga ficou mais intensa. Olhei sua boca e em seus olhos e ela fez o mesmo, percebi que estávamos confusos mas que a tal "sensação" estava nos dois. Então eu fiz o que menos esperava fazer e descobrir que era o quê eu mais queria.
Eu beijei Isabelle.
Na testa.
- Tenho que ir, já estou atrasado - me levantei, ela estava com as bochechas vermelhas.
- É-é claro - se levantou - eu vou voltar pra cama também. Ela começou a tirar minha jaqueta mas eu a interrompi.
- Pode ficar, ainda está meio gelado - cocei a cabeça sem graça.
Ela sorriu e beijou minha bochecha...
- Tchau Anthony.
Entrou em casa. Eu sorri e fui pro carro pensando no momento da praia, os olhares, a sensação, estávamos perto, bem perto e eu beijei a testa dela. Que idiota. Eu queria mais que o beijo na testa, mas e se Isabelle não quisesse? Não tanto quanto eu queria, e eu nem sei por que eu queria.
Mas sim, eu queria muito beijar Isabelle Miller.
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Um Romance de Verão
RomanceTalvez uma viagem buscando a tranquilidade não tenha saído como planejado. Isabelle veio ao Brasil em busca de sossego de seus pais controladores, mas talvez por aqui não seja tão sossegado assim; ainda mais quando ela se envolve com um surfista gat...