Capítulo vinte e sete - Reconectando ao passado.

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Rosa

Foi inevitável a forma a qual Catarina descobriu tudo, rezo todos os dias para que ela não tenha nenhuma sequela do acidente. Mentira! Eu não tô nem um pouco me importando para o que acontece ou deixa de acontecer com aquela ingrata. De onde já se viu ajudar uma pessoa e no final receber aquilo tudo? Tá bom que ela passou dez anos em coma, melhor do que ficar acordada comendo o marido da outra. Deveria me agradecer, por fazer no mínimo esse favor de não ver a filha sofrer na mão daquele saco de bosta mais conhecido como Benjamin. Juro, me deu até vontade de ir ao banheiro agora.

Sobre Maria Luiza, acho que me deu até uma dorzinha no miocárdio ao ver o estado em que aquela mulher ficou. Benjamin sungou todas as energias daquela coitada, enquanto eu zerei a conta bancária, isso é uma meia verdade se levar em conta que deixei meio milhão na conta dela. Não sei, estou pensando em deixar um cheque generoso antes de sair desse país. Pelo menos serei lembrada como "Rosa, Linda, maravilhosa e generosa com G", visto, que nem pretendo voltar a esse país a não ser para passar um tempo nua em Tambaba.

Isso mesmo, estou prestes a sair desse buraco e voltar para os Estados Unidos, provavelmente os americanos sentem faltam de uma mulher como eu. A única coisa que me impede de sair daqui é Aylla, que diz não poder sair porque está conversando com um "carinha" na internet. Vou deixar essa garota aqui e partir para Las Vegas e arrumar outro trouxa rico que esteja no fim da vida.

Nos últimos dias também consegui o número de um dos meus irmãos, há quase vinte anos que não escuto ao menos a voz de um deles.

Já estou há horas sentada na cama pensando se devo dizer ao menos um "Oi", para minha família depois de tanto tempo. Só eu sei o quanto sinto falta dos burros dos meus irmãos Camilo e Denilson. "Ela descobriu um câncer no cérebro e em menos de um mês, faleceu. Você sabe que não tinha como a gente arcar com o tratamento, então seus irmãos e eu, tivemos que assistir o sofrimento dela." Às palavras de Romero ecoam em minha cabeça, lembrando-me do maior sofrimento que foi perder minha mãezinha. Eu agradeço por ter estado nos Estados Unidos nessa época, porque não aguentaria vê-la sofrer, como até hoje não supero essa perda. Passamos por muitos momentos ruins, mas viver um romance com Benjamin rendeu alguma coisa depois várias chantagens.

Dígito o número no celular e com um pouco de receio aperto na opção de chamar, em seguida, escuto atentamente chamar de cinco em cinco segundos na linha, até que uma mulher atende.
— Distribuidora de alimentos Denilson e Camilo, Boa tarde. Em que posso ajudar?

Distribuidora? Não creio que aqueles duas cabeças repletas de chifre conseguiram seguir minhas dicas. Orgulho.
Contenho meu sorriso e respondo;

— Olá, sou Rosa. Eu sou irmã de Denilson e Camilo. Gostaria de falar com Camilo.

Eu e Camilo sempre fomos muitos próximos, ou éramos se levar em consideração os anos em que passamos separados. Ele sempre foi um bom ouvinte e paciente, o contrário de Denilson

— Só um instante, enquanto me comunico com o senhor Camilo.

— Ok.

Há tempos não me sentia tão aflita em esperar escutar a voz de alguém, ouso dizer que estou suando nas roupas novas que comprei ontem em uma loja o olho da cara, mas agora eu posso comprar, tenho muito dinheiro daquele velho infeliz para torrar.

— Senhora, vou transferir sua ligação agora.

— Certo. — Respondo.

Em três segundos uma voz grossa atende:
— Alô?

— Hum... Distribuidora Camilo e Denilson. E eu que pensei que vocês nunca iriam seguir minhas dicas, confesso que estou surpresa.

— Quanto tempo, Porra Louca. — Ele deixa escapar alguns risos.

Um Acordo Entre Amantes (Editando)Onde histórias criam vida. Descubra agora