Um Acordo Entre Amantes (Editando)

Capítulo três - Terapia.

São sete da noite, Rosa e eu entramos no segundo andar do prédio onde ocorre a terapia a qual Rosa frequenta. Assim que chegamos lá, tem várias mulheres em uma roda de conversa.
Rosa coloca a mão em meu ombro e diz;
— Fiz uma pesquisa, e vi que são mulheres que sofreram relacionamentos tóxicos. Acho que é um bom lugar para nós e o resto do mundo que passou pela mão de Benjamin. Se é que essas mulheres não se juntaram para falar só dele. — Ela sorrir irônicamemte entrando dentro da sala.

Eu não sei o que leva a um homem querer tantas mulheres quando já tem uma que vale por muitas. Talvez o meu relacionamento com Benjamin tenha sido de fato algo passageiro somente para satisfazer os desejos dele, mas nunca foi minha pretensão apenas satisfazer sexualmente um homem.

Marcelo foi outro que apenas me usou e vejo que com Benjamin também não foi diferente. Existem homens que não se importam com os sentimentos, apenas acham que mulheres são feitas para descarregar espermas.

Ao aproximar-me vejo três cadeiras disponíveis, Rosa senta em uma delas, em seguida, sento ao seu lado.

— Sejam bem vindas. — Diz uma mulher de cabelos lindamente cacheados com a pele escura, seus olhos são castanhos. — Sou Ana Paula, terapeuta e também vítima da violência contra a mulher.  O meu ex marido e também pai dos meus filhos, me batia todos os dias estando sobre efeito de álcool ou não. — Ela calmamente pega uma cabeça com água e toma um gole. — Eu aceitava as surras que levava, porque a minha mãe falava que a partir do momento em que eu me casasse, eu tinha que aceitar tudo do meu marido, porque é isso que uma mulher boa e amorosa faz para satisfazer seu marido. — Toma outro gole. —, mas isso não é verdade. — Ana Paula olha para mim e Rosa. — Tudo acabou quando eu fui parar no hospital com o maxilar quebrado depois de um soco. Pedi separação e medida protetiva, a guarda dos meus filhos é totalmente minha.

As outras mulheres batem palmas, elas se indentificam com tudo que a terapeuta falou e no fundo, eu também. Passa pela minha cabeça as coisas que Benjamin disse depois que foi me procurar quando retornou dos Estados Unidos quatro anos depois, aquele momento deveria ter ficado mais tempo na minha cabeça como um retrato na parede, para que eu pudesse lembrar que ele nunca gostou de mim como disse depois que fez isso.

A porta se abre novamente, todas nos viramos para olhar. É Maria Luiza, seus cabelos não tem mais aquelas ondas que ela fazia questão de cuidar, a maquiagem não esconde mais a mulher debilitada que ela tanto tentava esconder. Está de cara lavada. As grifes não cobrem mais seu corpo, apenas roupas simples, mostrando  humilde como jamais vi na vida.
Assim que nos ver, Maria Luiza vira as costas, mas logo Ana Paula questiona;
— Para onde vai Maria Luiza?

Ela para na porta.

— Temos duas mulheres novas no nosso grupo, sua história é de grande importância para mostrar a verdadeira mulher que você se tornou.
— Acredito que elas não querem saber. — Responde.
— O que? — Interfere Rosa. — estou louca para saber e contar a minha.
— Tá vendo Maria Luiza. Entre e conte a elas a sua história.

Malu hesita por um instante, mas em seguida fecha a porta e entre, sentando ao meu lado.  Passa a minha cabeça como flashback, quando estudávamos juntas, nós sentavamos uma ao lado da outro e conversávamos até o professor chamar a nossa atenção.

Maria Luiza coloca a bolsa no chão e entrelaça as mãos sobre suas pernas, e começa;

— Eu soube que o meu marido tinha uma amante... E essa amante era uma amiga de longa data que fazia um bom tempo que não havia visto. Eu o amava profundamente como nunca amei ninguém. — Ela olha para o dedos e respira fundo levantando a cabeça. — Eu cheguei a fazer uma inseminação nós Estados Unidos, escolhi o doador com todas as características dele. Para ter um filho do homem que eu amava. Quando retornei para o Brasil, descobri que a amante dele estava grávida. — as sobrancelhas de Malu estão juntas, enquanto uma lágrima escorre sem presa pelo seu rosto pálido.