Os corremões do Cristo Redentor nunca foram tão mal decoradas com rosas brancas que me lembra defunto, juro que esperei mais vindo de Benjamin, como lírios rosas, mas crisântemos já é demais. Será que estou entrando em um casamento ou um velório? Tanto faz, o importante que Rosa, Maria Luiza e eu estamos a carácter para um funeral, visto que ainda estamos de luto pelo mal que nos foi feito por aquele infeliz.
Estou trajada com um vestido longo tomara que cai de seda preto, bem ajustado em meu corpo com uma fenda deixando a mostra uma das minhas pernas , acompanhado de um scarpin da mesma cor, óculos de sol e luvas de renda também preto.
Maria Luiza está vestida com um vestido rodado também preto, cobrindo os ombros e limitado até o joelho, ela também está em uso de um scarpin. Malu colocou um chapéu de viúva com a renda cobrindo o seu rosto. Ela é a única que optou pelo cabelo preso.
Já Rosa, está com um vestido longo totalmente de renda, mostrando a calcinha preta por baixo e deixando os seios a mostra através da quase transparência do vestido. Ela trouxe uma bolsa preta de mão da Louis Vuitton, cheia de purpurina.
- Esse vestidos me custaram caro - Diz Rosa. -, então eu espero que valha a pena ter investido em vocês.Maria Luiza vira o rosto na direção de Rosa.
- Eu quero saber como você vai fazer para despistar a polícia.Rosa faz um semblante de susto, novamente a dúvida vem a minha cabeça Porque polícia está atrás de Rosa?
- Eu não estou entendendo, porque a polícia está atrás de você? - Indago. - Primeiro foi a mulher daquele hospício, agora Maria Luiza. Tem alguma coisa que ainda não sei sobre você, Rosa?
- Você ainda não falou para ela? - Malu sorrir e começa a andar as escadas deixando-me a sós com Rosa.
- A gente pode tentar dialogar sobre isso mais tarde, Catarina. Neste momento, o foco é outro.
- Mais tarde você não me escapa.
Estamos subindo as escadas bem atrás de Maria Luiza. Quando ela ver os assentos dos convidados, para com um pouco de receio. Escuto o padre já celebrando o casamento.
Aproximo-me de Maria Luiza que está paralisada, como quem está com receio do que pode vir a ver.
- O que está acontecendo? - Sussurro em seu ouvido.- Eu não sei se consigo.
- Meu amor, não tem mais volta. Você já está aqui. - responde Rosa. - Agora vai cada uma para uma cadeira distante da outra, não podemos chamar atenção.
- Deveria ter pensado nisso, antes de comprar este vestido. - Digo.
- Querida, eu só vou para um lugar para arrassar, não sendo assim, eu nem vou. Agora vamos deixar de conversar, porque esses lindos vão casar e eu não vou assistir essa tristeza.- Malu não está bem.
- Mas vai ficar, querida. Ou ela supera logo o trauma desse macho escroto, ou vai passar a vida paralisada, enquanto ele faz os filhos de vocês duas sofrerem.Maria Luiza respira fundo enchendo os peitos, após as palavras nada sensíveis de Rosa.
- Eu estou pronta. - Diz. - eu quero ver meu filho bem e comigo.
Rosa estala os dedos e diz;
- Então cada um para o seu lugar meu amor. - Rosa faz uma cara de surpresa, como quem acabou de pensar em alguma coisa. - Catarina, você vai sentar nas cadeiras da frente, até porque ele ainda não sabe que você acordou. - Ela se vira para Malu. - Maria Luiza, você vai sentar na fileira do lado esquerdo e eu do lado direito.Não respondemos nada, apenas seguimos para a cerimônia, assim que chegamos lá, todos permaneceram sentados. Fui andando com o cabelo jogado para o lado direito, passando pelas pessoas que estavam sentadas nas bordas da fileira do lado esquerdo. A primeira fila a frente dos noivos está totalmente ocupada, exceto a segunda fileira, então, sento ao lado de uma garoto de cabelos curtos e ondulados, a mesma se vira para me olhar e eu a ela, a mesma arregala os olhos e diz;
- Catarina? - Pergunta surpresa.Olho para os lados tentando manter a descrição. De onde essa garota me conhece? Pergunto-me mentalmente.
- Acho que você se enganou.
- Jamais eu me enganaria quanto a você.
- Porque diz isso?
- Porque você é a minha mãe.Eu não posso acreditar no que acabei de ouvir, pensei em encontrar minha filha em um momento que só estivesse eu e ela.
Meu coração dispara ao observar cada traço dela, não acredito que minha filha já está quase uma mulher e eu não pude acompanhá-la em sua trajetória até a adolescência. Meu Deus, quantas vezes ela deve ter precisado de mim e eu não pude estar ao lado dela? E agora, agora estou frente a frente com o maior presente que já pude receber em minha vida.
Minha boca está seca, um nó forma-se em minha garganta deixando-me cada vez mais nervosa. A única coisa que consigo fazer é abraça-la fortemente. Eu sinto como se tivesse piscado os olhos e minha pequena Valentina, tivesse se tornado uma mulher. Muitos pais dizem isso quando ver seus filhos crescendo, mas eu não posso dizer o mesmo, pois não acompanhei o crescimento da minha única filha.
Valentina hesita por alguns instantes em retribuir o abraço, mas logo me abraça forte, fazendo sentir novamente aquele calor no peito que muitas vezes senti quanto ela corria para os meus braços. Fecho meus olhos sentindo a energia que flui entre nós, assim que abro, vejo Benjamin paralisado me encarando segurando a aliança com a mão direta, e apoiando a mão da noiva na outra. E é neste momento que vejo que uma parte do plano escorreu por água abaixo, mas por outro lado, recuperei o motivo que ainda faz com que eu continue viva.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Acordo Entre Amantes (Editando)
RomanceO último livro da trilogia Amante, conta o desfecho de personagens marcantes como Catarina, Maria Luiza, Benjamin e Rosa. Revelando as consequências e traumas vividos após dez anos da tragédia que deixou Catarina adormecida, juntamente com Maria Lui...