Capítulo dezessete - voltando ao que é de direito.

793 62 8
                                    

Maria Luiza

Ian insiste que devo correr atrás dos meus bens que estão em posse de Benjamin, mas acho que devo deixar as coisas como estão. Não consigo encarar aquele homem, ele me causou vários traumas. Todas as noites que estive internada na clínica psiquiátrica ao longo dos cinco anos, não conseguia fechar os olhos sem viver novamente o dia em que sequestrei Valentina e os diversos abusos que sofri na mão do meu ex-marido.

— Você pensou bem no que te falei, Mãe?

Sento ao lado do meu filho na borda da piscina, colocando meus pés na água fria.

Olho cada traço do rosto de Ian, ele recorda muito Benjamin mesmo sem ter o sangue dele em suas veias. Foi tão bom rever meu filho, não tive coragem de voltar para a vida dele depois do que aconteceu, não queria ser um motivo que o fizesse sofrer.

Acaricio o rosto daquele que vai ser sempre uma eterna criança para mim.

— Pensei. — respondo. — Acho que eu devo exigir tudo por você. Eu quero distância de Benjamin e... — olho para o céu estrelado com um sorriso harmonioso. — eu comecei a valorizar os momentos com pouco.

— Não entendi.

— Os bens materiais compram felicidades momentâneas Ian — Pego a mão dele. — o amor de verdade sobrevive sem dinheiro. Sem uma vida de luxo. Eu vou pedir o que é de direito, por você e para você. Com o tempo, você vai perceber quais são as coisas que trazem felicidade de verdade.

Meu filho me abraça forte e este gesto é que me deixa mais forte para poder encarar o dia de amanhã.

...

São onze horas da manhã, mantenho-me em silêncio dentro do carro, enquanto Catarina dirige até minha antiga casa. Junto conosco está Ian, meu ponto de apoio maior e Valentina. Olho as casas passando pela janela rapidamente, sinto minhas mãos soarem frio me fazendo entrelaçar os dedos. Sinto o ar pesar em meus pulmões, que dor entre meus peitos. A imagem de Benjamin passa novamente pela minha cabeça, formando um nó em minha garganta.

Viro-me olhando para meu filho que sorrir ao conversar com Valentina. É por você que estou fazendo isso, penso.

O carro para, arregalo meus olhos e sinto como se meu coração fosse explodir dentro do meu peito. Sinto uma mão tocar em meu ombro causando-me um susto imediato, ao olhar para o lado vejo que é meu filho.

— Tudo bem, mãe?

Balanço a cabeça indicando que sim, quando na verdade não está nada bem. Quando vou me livrar de vez desse homem?, Pergunto-me perdida em meus devaneios dolorosos.

Catarina abre a porta do carro e estende a mão em minha direção. Quando ela saiu do carro que não vi? Pego na mão dela e saio do carro, Catarina me abraça forte e sussurra em meu ouvido:
— Você nunca mais ficará sozinha quanto a sua dor. — inspira fundo. —Desculpa por te causar tantos danos.

A abraço mais forte. Sinto um certo alívio florescer em mim. Não estou sozinha, tenho as pessoas certas comigo agora.

— Nós duas merecemos a tranquilidade longe desse homem, Catarina.

— Nós três!

Am?

Libero-me do abraço e olho confusa para Catarina, e questiono:
— Nós três?

— Lamento o momento sentimental entre vocês duas— Valentina interrompe.  —, mas ainda temos que falar com o merda do Benjamin. Ian já apertou a campainha e comunicou que ele vai entrar, não mencionou a gente. Então, entrem no carro e vamos entrar. — Ela adentra o automóvel.

Viro-me para Catarina e volto acomodar entre os assentos do carro, em seguida, Catarina volta a assumir o volante e o portão se abre nos possibilitando entrar no meu imóvel novamente, desde o dia do casamento que não venho mais nesse lugar.

Paramos de frente a porta de entrada da mansão, olho para a janela do meu quarto no primeiro andar. Onde eu passava várias horas esperando Benjamin parada de frente a enorme vidraça. E repente a atual esposa de Benjamin aparece na janela e me lança um olhar de fúria.

— Vamos mãe! — Ian coloca um dos seus braços sobre meus ombros e subimos as escadas entrando na mansão.

Benjamin está sentado sobre um sofá branco de couro, um copo estendido muito bem acomodado. Ele está com um copo com alguma bebida na mão e pedras de gelo, olho para mesa e vejo uma garrafa de Gin. Minha boca saliva só de ver a bebida álcoolica, mas logo lembro que estou diante da presença da pessoa que eu menos queria ver na vida. Pego na mão de Catarina que está ao meu lado e pressiono de tanto medo, sinto que voltei a suar frio, minha respiração está apressada e volta a ficar pior quando vejo que Benjamin está caminha em minha direção.

— Vai ficar tudo bem. — Diz Catarina em um tom baixo virando o rosto na minha direção sorrindo.

— Bom dia! — assusto-me ao escutar a voz de Benjamin.

— Eu quero tudo que é meu de volta. — Digo de forma desenfreada. Quero terminar logo isso, para não ver mais esse homem.

— Claro que não! — Grita uma voz feminina vindo da escadaria, fazendo todos nós olharmos.

É a esposa de Benjamin, Natália. Ela caminha com passos rápidos até Benjamin posicionado-a ao lado dele.

— Meu amor, você não vai deixar isso acontecer? Essa é a nossa casa.

— Corrigindo querida! — Diz Valentina. — Essa casa nunca foi sua e nunca será.

— Pega suas trouxas e vai embora daqui. — Ian conclui.

— Você não vai deixar esses bastardos falarem assim comigo Benjamin?

Bato com toda força na cara de Natália. Só percebo o que fiz depois de sentir minha mão formigando. Catarina, Valentina e Ian me olham impressionados.

— Eu quero que vocês dois saiam da minha casa agora. — Digo.

— Eu também tenho parte nessa casa. — Benjamin responde.

Natália sorrir sarcasticamente para mim.

— Bem lembrado, também quero minha parte na fortuna.

Ele fica seu olhar ao meu, sinto o medo tomando de conta de mim, mas me mantenho encarando-o.

— Natália!

— Sim meu amor.

— Faça as malas.

— Não! — Falo. — Vocês vão sair agora, pode deixar que mando as malas pelo motorista de vocês que continua parado na porta.

— Isso não vai ficar assim — Diz Natália. — Ainda vou fazer você engolir cada palavra dessa humilhação que você me fez passar.

Ela passa furiosa por mim batendo pelo meu ombro. Benjamin não fala nada, apenas saí atrás da esposa.

Solto o ar que está nos meus pulmões, aliviando-me por dentro. Catarina me abraça e diz:
— Você foi bem!

— É apenas a primeira luta de várias que ainda estão pô vir.

— Você vai ganhar as próximas mãe. — Meu filho me abraça fazendo Catarina me solta.

Um Acordo Entre Amantes (Editando)Onde histórias criam vida. Descubra agora