Catarina
Assim que os primeiros raios de sol iluminam a cortina do quarto do jovem Enzo, levanto-me e percebo que ele ainda dorme pesadamente. Pego minhas roupas espalhadas pelo chão do quarto e as visto.
A noite de ontem foi intensa e cansativa, acho que apesar de ter uma sensação que dez anos passou em um piscar de olhos, tive a certeza que não sou a mesma de antes.
Antes de sair do quarto, observo cada traço do rosto de Enzo, é como se ele me lembrasse alguém, mas não consigo me recordar de quem se trata. Giro a maçaneta e saio, em seguida, pego as chaves do carro na mesa da sala e deixo a cobertura de luxo que um garoto tão jovem possuí. Ao chegar no estacionamento, entro no carro de Rosa e volto a dirigir pelas ruas da cidade maravilhosa.
Só faltam quatro quadras para que eu passe em frente ao condomínio que antes morava com a minha filha, Fernanda e Gustavinho. Agora faltam três... Dois... Um...
Como um impulso, viro a direita ficando em frente a porta do condomínio. O porteiro aproxima-se do carro, baixo o vidro para que ele possa saber quem é.
- Bom dia! - Ele me ver e fica boquiaberta. - Senhorita Catarina?Seu Levaldo é um homem de aparência senil, desde que me mudei para o condomínio que o conheço como porteiro. Sembre tivemos breves conversas, na verdade, só nos cumprimentávamos, nada mais.
- há quanto tempo a senhorita acordou do coma?
- Não muito. Estou retornando agora para casa, porque estive me recuperando na casa de uma amiga.
- Seja bem vinda de volta! - O porteiro aperta o botão do controle que abre o portão e volta a caminha e até a guarita.Coloco a cabeça rapidamente para fora da janela e o chamo:
- Seu Levaldo!Ele vira de costas.
- Sim?
- Ainda é... A minha casa, ela ainda é no mesmo lugar?
- É sim, do mesmo jeito que a senhora deixou.
- Obrigado! - posiciono-me novamente no banco do motorista, olho para frente vendo a porta aberta para que eu possa novamente voltar para casa. Respiro fundo e volto a dirigir entrando no condomínio.Quando passo por frente das casas, é como se eu tivesse em outro lugar, não lembro delas tão diferentes assim, até porque eu fui responsável pela maioria delas.
Assim que aproximo-me da minha casa, sinto meu coração bater mais forte e as minhas mãos soarem, enquanto as pressiono no volante. A respiração fica quase incontrolável.
Vejo a casa vizinha a minha, é a casa que mora Paulo se é que ainda é dele. Acho que sim, pois a casa está ainda mais verde com as plantas que cobre as paredes que sustenta o portão. Olho para minha casa, ela é a única que está exatamente como me lembro, é como se ela estivesse assim aguardando minha volta.
Tento regular minha respiração. Mesmo não conseguindo ficar calma, abro a porta do carro e saio.
- Catarina? - Escuto uma voz rouca me chamar.
Assim que viro, vejo Paulo saindo de casa. Ele está ainda mais bonito e segurando uma corrente com outro cachorro que não é o Tânus Greyjoy Potter. Ainda lembro o nome do cachorro.- É você mesmo? - Indaga surpreso.
Sorrio colocando o cabelo de lado, aproximo-me dele e respondo:
- Sim, sou eu.- Eu não consigo acreditar, como isso aconteceu? Ninguém me contou nada.
- É porque... - baixo a cabeça. - ninguém sabe.
Paulo aponta para a minha casa.
- Elas ainda não sabem?- Ainda não.
Ele sorri e me abraça forte, um abraço sincero de uma pessoa que está mais do que feliz em me ver bem. Eu juro que precisei disso esses últimos dias, pude sentir quando abracei minha filha. Sinto o cheiro amadeirado do perfume de Paulo, lembro do convite a churrascaria que ele me fez há anos atrás. Se eu tivesse aceitado...
- É muito bom te ver de novo, amiga.
Nos soltamos.
- Digo o mesmo. - Olho para da minha casa e respiro fundo.
- Acho que estou atrapalhando você.
- O que? Não! - Olho para o cachorro. - Esse não o Tânus Greyjoy Potter.
- O Tânus, morreu há alguns anos. Acho que uns quatro ou cinco anos de velhice.
- Que triste!
Pior que fiquei triste mesmo, eu gostei daquele cachorro por mais que o tivesse visto algumas vezes.
- É, mas agora eu adotei o Thomas Shelby.
Eu faço um semblante de confusa.
- É outra série. - conclui.
- Ah! Claro. - sorrio.
- Bom, eu vou indo. Espero que ocorra tudo bem.- Eu também.
Paulo sorrio e caminha para longe com o cachorro. Aproximo-me da porta e direciono o meu dedo para apertar a campainha, mas no mesmo momento a porta abre mostrando uma Fernanda um pouco mais velha. Meu coração dispara e minhas visão fica um pouco embaçada com as lágrimas aparecerem em meus olhos.
- Eu não acredito nisso. - Ela me abraça forte. - Como é bom te ver bem. Você não faz idéia do quanto eu lutei para te ver viva de novo.
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Um Acordo Entre Amantes (Editando)
RomanceO último livro da trilogia Amante, conta o desfecho de personagens marcantes como Catarina, Maria Luiza, Benjamin e Rosa. Revelando as consequências e traumas vividos após dez anos da tragédia que deixou Catarina adormecida, juntamente com Maria Lui...