capítulo vinte e quatro - Pintando o chão de vermelho.

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O Tropical Rave deveria ser minha segunda casa, no entanto, considere como segundo lar a vagina daquelas que me alimentam de prazer. Nada melhor do que está em um lugar onde você possa gozar a vida.

Entro na boate e já abro um sorriso ao ver a estrela que festeja todas as noites nesse lugar abençoado pelos deuses. Olho o relógio em meu pulso e vejo que já são onze e quarenta e cinco da manhã, está perto do horário de almoço e estou faminto. Sento em uma das mesas acompanhado de Gil na entrada e aceno para um dos garçons que prontamente vem me atender.

- Olá senhor, em que posso ser útil.

- Eu quero uma sala provada e uma garrafa de Whisky. - viro-me para Gil que está ao meu lado. - Quer alguma bebidas Gil?

- Não senhor, eu prefiro continuar sóbrio.

- Ah! Vamos! Tome um copo de Whisky, não sou um mal patrão. Aproveite e divirta-se com alguma dessas mulheres.

- Eu sou casado senhor.

- E desde quando isso impede de transar com outra pessoa? - me inclino na mesa. - Nós somos homens meu caro, temos por direito comer a vontade.

Solto várias risadas deixando Gil um pouco sem graça.

- Então é só isso rapaz.- Digo ao garçom.

- Eu amo minha esposa, não tenho coragem de troca-la por ninguém. Ela é simplesmente uma mulher encantadora. - Gil diz com um olhar de trouxa apaixonado. - Ela é única em todos os sentidos. - sorri.

- Ela é única porque provavelmente é a única buceta que você come em anos. - Aponto para as mulheres dançando nas mesas em um horário onde poucos clientes frequentam. - Esse é o céu meu amigo. Nem uma mulher chupa um pau igual as outras ou senta igual as outras, todas têm um jeitinho diferente que eu gosto de descobrir.

- Porque casou pela segundo vez se não quer ficar com uma única pessoa?

- Tá aí uma boa pergunta, nem eu sei. São apenas coisas que me dão na teia e eu acabo fazendo.

Eu nasci para ser um homem com vive com as asas abertas em diferentes voos. O mundo é cheio de delícias desconhecidas, prontas para serem descobertas. Então, não, eu não sou um homem vazio como disse Catarina. Eu sou preenchido com o que a vida me tem de melhor. Nem mesmo uma doença em estágio terminal me faz parar em uma cama de hospital, a menos que seja a cama de uma mulher.

- Senhor! - Diz o garçom com uma chave na mão. - As chaves da sala. O whisky já está no local reservado.

- Obrigado!

O garçom sai da mesa passando por Liandra que já vem mordendo os lábios vindo em minha direção. Ela senta no meu colo e diz;
- Já estava com saudades. E ainda trouxe um amigo, não sei se aguento.

- Ele vai brincar com a gente, e mesmo se quisesse eu não ia querer. Por que eu dou conta por três em uma cama.

- Disso eu tenho certeza. - Ela me beija demoradamente.

Ao abrir os olhos vejo Catarina em meu colo. Seus seios fartos cobertos apenas pelo sutiã e os cabelos pretos e lisos tocando a bunda avantajada. Pisco os olhos várias vezes e volto a ver Liandra novamente.

- Tá tudo bem? - Ela pergunta.

- Tá! Tá sim! - A olho dos pés a cabeça. - Vamos logo para a sala.

Liandra se levanta e bato naquela bunda gostosa que deixa qualquer marmanjo babando. Vou saindo deixando Gil sentado como um guarda em prontidão.

Nos fundos da boate têm locais reservados apenas para quem pode pagar. Salas pequenas com uma mesa e um sofá com estofado vermelho em forma de "C" ao redor.

Abro a porta e Liandra entra primeiro, fecho a porta e me viro vendo novamente Catarina em posição ventral deitada no conforto do banco com um sorriso malicioso. Pisco os olhos de novo, mas ela não desaparece.

- Catarina?! - Entro em meio suas pernas. - Eu sabia! Eu sabia que você não vai me deixar. - beijos seus lábios não sentindo o mesmo sabor que as outras vezes. Abro o olho e volto a ver Liandra.

Abro bem os olhos e saio de cima assustado. O que está acontecendo com a minha cabeça? Liandra se senta no sofá com o cenho franzido.

- O Que porra está acontecendo com você hoje, Benjamin?

- Eu pensei ter visto a Catarina, mas é você.

Uma dor vem subindo do meu abdômen, esterno até chegar na garganta, quando acabo vomitando o chão branco da sala com o sangue que sai como jato da minha boca.

- Que porra é essa Benjamin? - Liandra fala assustada.

Apoio a mão na mesa. Para todos os lados que olho vejo o mundo girando, escorrego para trás caindo perto sofá o sentindo bater em minhas costas. Sinto mãos pegar em meu rosto e dar palmadas em meu rosto até que tudo fica escuro de vez.

...

Abro meus olhos percebendo que estou em um ambiente hospitalar, a quanto tempo não venho mais em um lugar como este? Até lembro, quando deixei de visitar Catarina. Levanto e vejo Gil em pé me observando como um cão de guarda atento. Digamos que além de um motorista, ele é um bom amigo.

- Senhor! o hospital acabou de ligar para a sua esposa e contou da sua condição de saúde. - Diz Gil.

- O que falaram para ela?

- Que você está com câncer.

- Porque você deixou que contassem, Porra?

- Porque eu fui o último a saber.

- Como assim o último a saber?

- Eles me pediram o número de algum familiar assim que dei entrada no hospital com você, com isso, fui informado da sua condição depois que a senhora Natália soube.

Um homem com jaleco branco entra no quarto, acredito que deva ser o médico. Ele está com uma pasta branca na mão aproximando-se da minha cama.

- Boa noite! - Cumprimenta.

- Boa noite. - Responde Gil.

Permaneço quieto.

- Senhor Benjamin, Segundo os exames que já havia feito outro dia nesta instituição aos quais foram anexados no seu prontuário, você foi diagnosticado com um melanoma em metástase no cérebro. O senhor está fazendo algum tipo de tratamento?

- Optei pelo cuidado paliativo.

- Ok. O senhor vai ter que passar mais algumas horas aqui.

- Não! - Respondo.

- O que?

- Isso mesmo que você ouviu, eu não vou ficar aqui. Trás a papelada que eu assino me responsabilizando.

O médico olha para Gil que só faz balançar a cabeça.

- Ok!

O termo de responsabilidade não demorou a chegar, logo, Gil e eu partimos para minha casa onde vou ter que encarar Natália e dizer sobre algo que não dou muita importância.

Fiquei sabendo do câncer há quase um mês, de primeiro foi como uma bala perdida atravessando meu peito, mas logo cuidei de resolver isso com uma boa noite bebendo bebidas caras e boas. Não tenho medo da morte, pois sei que é a única coisa certa de todo ser humano. Eu já vivi muito da vida e vou continuar vivendo até meu últimos dias. Se eu sei que é algo irremediável não vou procurar me curar.

Chegamos na merda da mansão que só vem me causando dores de cabeça. Assim que abro a porta me deparo com os pais de Natália sentados no meu sofá, tomando do meu Gin. Natália vem descendo da escada, no entanto, a única pessoa a qual consigo encarar no momento é o pai de Natália, Eliseu Coelho. O antigo "namoradinho" da minha mãe. O responsável por impedir minhas fodas com Natália. Não sei como devo chamar ele, será que de papai ou quebrar a cara desse desgraçado?

Um Acordo Entre Amantes (Editando)Onde histórias criam vida. Descubra agora