Meus cabelos estão lisos e curtos, soltos a três dedos abaixo dos ombros. Comprei roupas novas correspondente ao que condiz comigo agora, uma mulher humilde que está conquistando a paz aos poucos. Deslizo minha mão direita pelo meu vestido Rosa claro, sentindo a testura fina do tecido passar por minhas mãos. As golas do vestido cobrem meu pescoço, deixando meus ombros a mostra e limitado até meus joelhos. Em o outra época estaria enojada se estivesse usando sapatilhas, mas não sou a mesma de antes, então, posso usar o par de sapatilhas azuis que comprei na promoção em uma loja na feira.Não vou deixar de andar em lugares que aprendi a frequentar. Eu percebi ao longo dos anos, que o dinheiro não compra as coisas simples da vida que nos fazem felizes de verdade. Meu filho se tornou a pessoa mais importante desde o momento que acordei para vida da pior forma, foram metros que nos separaram torturando os meus pensamentos em todos os sentidos e é por isso, que não quero ficar longe do meu bem mais precioso de novo.
Respiro fundo vendo meu reflexo no espelho, sou feliz pela mulher que me tornei hoje e não quero ser novamente uma pessoa triste sem estar com as pessoas que eu amo.
Saio do meu quarto, quando fecho a porta vejo Ian saindo do quarto bem vestido. Pelo jeito ele vai sair.
- Vai sair? - Pergunto fazendo-o se virar em minha direção surpreso.
- Eu... - aponta para trás. - Eu vou conversar com Valentina. Acho que agi estilo Benjamin.
- Agiu mesmo. - ponho as duas mãos para trás.
- Eu também queria...- Ian olha para as mãos atordoado e logo vêm de pressa em minha direção e me abraça. - Desculpa mãe! Eu não queria decepcionar você. Eu não pensei que também machucaria você e a Valentina.
Envolvo meus braços no meu menino, meu eterno menininho.
- Tudo bem, mas não faça mais isso.
Ele me olha com os olhos cheios de lágrimas e arrependimento e diz:
- Catarina não sabia que eu era seu filho quando me envolvi com ela, mas eu sabia quem era ela.
- E porque fez isso?
- Porque ela te fez sofrer mãe. Todas as noites eu lembro o quanto você chorou quando Benjamin deixou você por aquela mulher. - soluça aos prantos. - Ela acabou com nossa família e matou meu irmão.
Inspirei fundo ao escutar as palavras do meu filho. O que dizer quando não se consegue falar a verdade? Existe demônios que nos atormentam, que mesmo sozinhos não conseguimos pronunciar coisas que não nos deixa aliviar nossos pensamentos, muito menos falar para quem amamos. Existe pessoas que merecem receber culpas que não são bem delas, mesmo que isso não seja uma total verdade.
Volto a envolve-lo em meus braços com mais força, engulindo em seco novamente mais uma das minhas tormentas.
- Ela não têm culpa meu amor, apenas Benjamin que destruiu a vida de duas pessoas. - fecho os olhos. - Estamos em outros tempos. Construindo novas vidas. Não precisamos viver novamente do passado. E eu... Eu te amo meu filho.
O "Eu te amo" foram palavras castas que saíram do meu peito de forma espontânea. Seria necessário um momento como este para valorizar a importância da família? Acho que não ou talvez sim.
O solto e limpo as lágrimas que insistem em querer sair dos meus olhos.
- Tá chorando meu Ian?
- O que? Não! Isso foi poeira que caiu em meu olho. Tenha que falar para a Glória limpar as coisas direito.
- Glória está limpando tudo perfeitamente, mas você não, porque está perdendo tempo ao invés de já ter ido falar com Valentina.
Ele coloca a mão na cabeça e arregala os olhos, pelo jeito alguém voltou para realidade.
- Ah! É mesmo. Obrigada mãe. - Ian corre até o final do corredor, mas vira pra trás e me olha. - Eu te amo.
Sorrio.
- Eu te amo meu filho.
Ele sai do corredor e só escuto seus passos ao descer pelas escadas.
Não têm como iniciar uma nova vida e ser uma nova mulher com coisas mal resolvidas, mas como posso resolver se nem eu mesmo consigo dizer uma coisa que tanto me atormenta?
...
São nove horas da manhã, desço para tomar café ainda com as de dormir. Assim que desço as escadas, vejo que alguém acordou mais cedo que o normal. Ian está bem arrumado e comendo um pedaço de bolo.
Sento a mesa junto a ele e coloco um pouco de chá de camomila na xícara.
- Pelo jeito alguém teve uma boa noite. - Digo, em seguida, tomo um gole de chá.
- Valentina é um pouco rancorosa, mas comprei uma caixa de chocolate. Ela não resiste.
- Então, ela não desculpou.
- Estamos caminhando em um processo lento, que vale a pena. E para falar a verdade é o que mais gosto nela.
- Hum...
- O que? - Ele me olha sorrindo.
- Nada! - Tomo outro gole de chá.
Ian revira os olhos e diz:
- A Valentina é complicada mãe, ela sempre... - Ian para ao escutarmos um som vindo da sala, como se a porta tivesse sido aberta a força. - O que foi isso?Eu balanço a cabeça indicando que não sei. Levantamos da cadeira ao mesmo tempo devagar, dou dois passos, mas não preciso sair da sala de jantar, pois Natália e Benjamin entram na companhia de um policial.
- Para onde você pensa que vai querida? - Indaga Natália com os braços cruzados e a sombrancelha arqueada.
- O que estão fazendo aqui? Eu disse par vocês não voltarem a minha casa.
Dois enfermeiros entram e me seguram, Ian tenta avançar para cima deles, mas é segurado por três polícias que aparecem. Outros policiais enfermeiros aparecem na sala de jantar que agora está repleta de pessoas desconhecidas.
- SOLTA MINHA MÃE PORRA!! - Meu filho olha n direção de Benjamin e Natalia. - VOCÊS SÃO DOIS MISERÁVEIS FILHOS DE UMA PUTA.
- Tá vendo amor! Nos anos de educação que dei a este menino, ele jamais falou isso.
- Ele é meu filho! - Digo. - Nem um filho respeita uma mulher que além de não fazer o papel de mãe de verdade, os coloca para fora de casa.
Natália começa a rir soltando gargalhadas altas. Benjamin está sério com as mãos nos bolsos do palito observando, enquanto me debato tentando sair das mãos dos enfermeiros.
- PORQUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO ISSO DE NOVO COMIGO SEU DESGRAÇADO? O QUE EU TE FIZ DESSA VEZ?
- MÃE! MÃE! - Meu filho grita desesperado.
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Um Acordo Entre Amantes (Editando)
RomanceO último livro da trilogia Amante, conta o desfecho de personagens marcantes como Catarina, Maria Luiza, Benjamin e Rosa. Revelando as consequências e traumas vividos após dez anos da tragédia que deixou Catarina adormecida, juntamente com Maria Lui...