Capítulo 4

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Vestido. Calça. Saia. Uma jardineira, talvez?

Olhei para a montanha de roupas em cima da cama. Voltei a olhar para o meu reflexo no espelho e fiz uma careta de desgosto por não encontrar nada para vestir.

- Qual é, não tinha que ser tão difícil assim! - exclamei para mim mesma como se fosse outra pessoa no reflexo.

Eu já havia vestido quase todo o meu guarda-roupas e mesmo assim, nada parecia suficientemente bom para a ocasião.

No final das contas, eu coloquei a roupa mais confortável e quentinha que eu encontrei. O único conjunto que ao mesmo tempo que parecia descolado, dava ares de um pijama. Por cima, coloquei um sobretudo azul. Nada de impressionante, pensei.

Eu não via Namjoon há pelo menos duas semanas. Mas isso não significava que não nos falávamos. Todos os dias ele me mandava mensagens e em determinada ocasião, ligou para perguntar a minha opinião sobre uma música que estava produzindo. Foi um dos momentos mais incríveis que já havia vivido como fã e quis deixar isso bem claro pra ele através de pequenos gritinhos enquanto a música tocava. Era tão boa. O fato dele se sentir confortável em dividir isso comigo e confiar em mim, fazia eu me sentir a mulher mais sortuda do mundo.

Aquela altura o frio já não era tão intenso e o final do inverno já estava próximo, mas mesmo assim o nervosismo me fazia queimar dentro da roupa. O combinado era que um carro me pegaria na porta da livraria e me levaria até o local. Algumas horas antes o senhor Woo havia passado para verificar se estava tudo bem e perguntar se podia pegar o card com a foto de Namjoon, que eu tinha na estante, em caso dele precisar chamar a polícia e falar com quem eu havia ido me encontrar. Aquilo me fez rir tão alto, mas ele parecia mesmo estar falando sério.

- Se você sentir que ele é igual a aquele dissimulado do seu ex namorado, pode me ligar que eu busco você. - ele disse tomando um gole do café que eu havia feito.

O senhor Woo não tinha um carro e nem condições de dirigir, mas era a única pessoa que eu tinha certeza que daria um jeito de me buscar se fosse preciso.

Eu me certifiquei de deixá-lo em casa, como sempre, mas daquela vez me surpreendi ao ver que ele tinha adotado um gato. Ele era tão branco quanto a neve que começava a derreter no lado de fora e tão pequeno que cabia na palma da mão do senhor Woo.

- Eu encontrei ele ao lado de uma lixeira, perto da loja de conveniência. - explicou o senhor Woo enquanto preparava uma mamadeira de leite especial para felinos. - Existia alguma condição de deixá-lo lá?

Eu neguei com a cabeça quando ele me olhou em busca de resposta. Com as mãos trêmulas ele segurou o gatinho e o alimentou. Com certo desespero o filhote sugava o líquido da mamadeira e "amassava" a mão do senhor Woo.

- Fui buscar um saco de açúcar para cozinhar e voltei com um gato e todos os utensílios para ser a mãe dele por alguns meses. - eu ri da forma como ele pareceu orgulhoso ao ter feito aquilo.

- Já deu um nome? - perguntei e ele negou com a cabeça?

- Você acha que ele tem cara de quê? - ele perguntou e virou o pequeno filhote, com os cantos da boca cheios de leite, pra mim.

Eu achei a situação toda muito propícia para que ele tivesse um nome perfeito para um gato.

- Sabe senhor Woo... Você saiu para comprar açúcar e achou um gato. E se essa situação toda fosse o motivo para o nome? - Ele me olhou confuso. - Podemos chamá-lo de SUGA.

Eu pensei em explicar o significado real de SUGA pra ele, dizer que não tinha nada a ver com açúcar, mas que combinava e tudo mais, mas ele não entenderia.

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