The Bookstore

Capítulo 15

As batidas na porta me tiraram da cama de uma forma um pouco desesperada. Passei a mão nos cabelos e olhei para o relógio, que marcava um pouco mais de meio dia, antes de verificar pela janela quem estava me procurando. Fui até a porta e abri rapidamente para ter certeza que a cena que eu tinha visto era real.

- Achou que ia se livrar tão fácil assim da gente? - Taehyung falou passando por mim, depois que abri caminho para que ele e os outros passassem.

- O-o que vocês... - antes que eu terminasse de falar os braços de Jin se fecharam ao meu redor.

- Viemos passar o máximo possível de tempo com você, antes que precise ir.

Eu não tinha palavras para aquilo. Tanto não tinha, que só consegui ficar observando enquanto os seis se espalharam pela casa. Suga foi direto para a cozinha com Taehyung, levando algumas cestas e sacolas. JK ligou a televisão e conectou o karaokê. Jin sentou ao meu lado no sofá e acariciou minhas mãos por um tempo. Ele percebeu o quanto eu estava encantada com tudo aquilo.

Por mais familiaridade que eu já tivesse com todos, eu ainda era a mesma Aimy de antes. A Aimy que idolatrava cada um deles, que amava... Que ainda ama. Mesmo lutando contra uma lágrima escorreu pelo meu rosto. E em tanto tempo a lágrima que descia não era de tristeza.

Senti quando a mão que segurava a minha, deslizou os dedos para limpar meu choro. Olhei para Jin que tinha uma expressão calma e compreensiva. Ele não precisava falar nada pra me dizer muito. Jimin se aproximou com uma caixa familiar. Quando se sentou ao meu lado, retirou SUGA e me entregou o gato, com os lábios comprimidos em um sorriso contido. Ele me abraçou, depois que apertei o gato em um abraço. E então mais braços foram nos cercando, Jin, J-Hope, JK...

Taehyung gritou para Yoongi que estávamos "nos amando" sem eles, quando voltou para sala e os dois completaram o abraço mais amoroso que eu já tinha recebido. E no segundo seguinte todos nós choramos um pouco.

E então eu percebi que todo mundo ali estava sofrendo um pouco. De um modo geral, os meninos não precisavam se envolver em nada. Eles tinham as próprias vidas, os próprios problemas e muito provavelmente os próprios relacionamentos, mas nós tínhamos criado um laço. Mesmo que de forma singela, eu tinha uma conexão com eles, lembranças com eles, vivência com eles. Eles eram meus amigos.

- É agora que eu acordo? - Eles riram da minha pergunta. - eu adoraria acordar porque em partes tem sido um pesadelo, mas do outro lado eu daria tudo para ficar aqui.

E nas horas seguintes eu esqueci completamente de tudo. Fui transportada para o lugar onde só eles poderiam me levar. Nós comemos juntos e eu admirei enquanto Taehyung fazia biquinho para comer. Admirei Yoongi colocando a mão sobre a cabeça e chacoalhando os cabelos, enquanto se recostava na cadeira depois de comer. Eu ri quando J-Hope pulou da mesa ao perceber uma mariposa voando ao seu lado e Jimin caindo da cadeira ao se assustar com o pulo. Eu ri mais ainda quando ouvi a risada de Jin e a cara surpresa e preocupada de JK, enquanto esticava o pescoço para verificar se Jimin estava bem, no chão.

Eu analisei cada um deles e me senti grata por tudo aquilo.

Bom, acho que foi o fim mesmo. O momento em que a câmera vai se afastando um pouco, uma música feliz toca e depois de um minutos, os créditos começam a subir antes de finalmente a tela preta aparecer.

Mas na vida os créditos só aparecem quando ela acaba e eu tinha muita coisa para viver ainda. E assim nós chegamos ao capítulo onde eu precisei me despedir.

Nós sete paramos em frente a porta antes de abrí-la. Por motivos óbvios eles não podiam me acompanhar ao aeroporto. Antes de tudo precisar acabar, J-Hope pediu a atenção. Eles olharam pra mim e supus que já sabiam o que ele iria falar. Hobi tinha um sorriso no rosto quando colocou a mão no bolso da calça e tirou de lá 7 pulseiras. Ele as havia feito, uma por uma. Miçanga por miçanga. Hobi distribuiu as pulseiras para os meninos, que imediatamente colocaram no pulso e então pegou minha mão e passou a pulseira por ela, até que estivesse no meu pulso.