Assim que saí do corredor que levava os banheiros, vi Hye me esperando perto da escada. Ele segurava minha bolsa na mão, o que foi um bom indicativo de que estava pronto para ir embora e eu precisava mesmo sair dali. Quando me aproximei ele me entregou a bolsa e fez sinal que eu andasse na frente. Eu dei meu melhor sorriso de agradecimento, mesmo que sorrir naquela hora fosse difícil.
- Aimy, você quer deixar a ida à livraria para amanhã? - Hye perguntou depois de entrarmos em seu carro.
- Não. Podemos ir hoje. - afirmei, enquanto colocava o cinto de segurança.
Ir para casa remoer aquelas cenas não seria uma escolha muito inteligente.
Durante o trajeto, Hye colocou na estação de rádio, como uma tentativa de desfazer um pouco o silêncio incomodativo que nos cercava.
"Agora, um som animado para alegrar o seu dia!" A radialista do outro lado parecia radiante e nem era necessário ver seu rosto para saber que sorria. Logo em seguida Butter começou a tocar em alto e bom som. Hye arregalou os olhos e olhou para mim, trocando imediatamente a estação de rádio. Eu gargalhei da situação e ele me olhou confuso enquanto tentava prestar atenção no farol fechado à nossa frente.
- O que houve?
- Obrigada por se preocupar Hye, mas - eu apontei para o rádio do carro - é impossível fugir dele. Estão em todo o lugar. E eu amo essa música.
Ele sorriu pra mim, quase como um alívio e retornou para a estação. Cantei para ele a parte que estava tocando, o que nos fez rir.
Não demorou muito para que estivéssemos perto da livraria. Hye estacionou o carro em frente a minha casa e descemos a rua juntos, em direção à loja. A fachada ainda parecia bastante igual, apenas com algumas restaurações de materiais e cor. Hye abriu a porta para que eu passasse primeiro, o que fez com que o sininho da porta anunciasse a nossa chegada.
O som do sino, o cheiro forte de madeira e livros novos me fez cair em nostalgia. Olhei ao redor para refrescar a minha memória de como era o meu lugar preferido no mundo. Algumas outras mudanças haviam sido feitas internamente. Prateleiras haviam sido removidas dando espaço a quadros da família Kwon.
No balcão havia uma nova atendente e ela nos olhou sorridente. Ao contrário da figura em sua frente, do outro lado do balcão. Jun-Seo parecia atônito e nem piscava enquanto eu e Hye nos aproximávamos.
- Oi Jun-Seo. Onde está seu pai? - Hye perguntou sem cerimônias.
- Ele não veio hoje, está na empresa. - disse ele sem tirar os olhos de mim.
- O quê? - A voz de Hye saiu quase furiosa enquanto afrouxava levemente a gravata.
Pelo olhar que ele direcionou a Jun-Seo, imaginei que ele queria voar no pescoço dele e estava afrouxando a gravata na tentativa de se conter.
- Eu avisei que viria.
Jun-Seo deu de ombros e olhou, finalmente, para ele.
- Se você for até a empresa, talvez o encontre. Pelo menos eu sei que ele teria que passar o dia lá.
Hye apertou os lábios como se segurasse uma resposta. Jun-Seo voltou o olhar para mim.
- É muito legal ver você novamente. Faz tanto tempo que parece uma miragem. - ele sorriu enquanto estendia a mão.
- É bom rever você também Jun-Seo.
- Olha, eu vou realmente ter que ir até lá. - Hye interrompeu. - Pode ser que demore muito, então vá para casa que irei te atualizar, ok?
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The Bookstore
FanficMorando a dois anos na Coréia, Aimy passava o tempo entre o trabalho, em uma livraria, durante o dia e os estudos durante a noite. Seu maior objetivo era prosperar a pequena livraria do senhor Woo e reavivar os dias de glória do estabelecimento, par...