Capítulo 11

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Ignorar.

Ignorar.

Ignorar.

Algumas horas depois da entrevista, meu telefone não parou de tocar. Ele continuava ligando, havia mandado inúmeras mensagens, mas eu não li nenhuma.

O que ele queria dizer? Que se arrependia, que não deveria ter dito aquilo? Ele não precisava me falar, era óbvio.

Durante a madrugada o grupo de Armys parecia um grande campo de guerra e eu era o alvo. E pela primeira vez eu temi existir. Minha cabeça apenas pensava que qualquer pessoa na rua seria capaz de me reconhecer e iniciar uma grande confusão. Então, antes do sol nascer eu levei quase todas as minhas coisas para a casa do senhor Woo. Lá seria mais fácil de me esconder, já que a livraria era o lugar onde eles sabiam que eu estaria.

Mandei uma mensagem para Kwon Seok-Gi avisando da situação do senhor Woo e de que eu iria me ausentar para ficar com ele durante a sua recuperação. Eu sabia que não seria um problema, já que eles teriam alguém para por no meu lugar.

Na manhã seguinte eu estava exausta. Tinha decidido sair do grupo depois de ler muitas ameaças. Também bloqueie Namjoon. A decepção era maior do que qualquer coisa que tenhamos tido. Eu seria obrigada a lidar com as consequências dos atos dele, mas ele também teria que arcar com isso.

Ainda pela manhã, me arrumei para voltar ao hospital. Amarrei meu cabelo em um coque, coloquei uma máscara e um óculos para tentar passar despercebida até chegar lá. Quando desci a rua e cheguei na esquina da livraria, notei algumas pessoas trabalhando na vitrine. O vidro estava quebrado. Eles estavam trocando o vidro novo. Uma sensação ruim percorreu meu corpo. Olhei ao redor e me certifiquei de que a livraria estava vazia antes de entrar.

Kwon Seok-Gi estava observando os homens trabalhando e não me reconheceu quando cheguei.

- Você parece estar fugindo. - disse ele depois de eu abaixar a máscara e levantar os óculos apenas para me reconhecer.

- É, quase isso. - sorri sem humor. - O que aconteceu? - perguntei sinalizando para o vidro com a cabeça.

- Jogaram isso aqui. - ele apontou para uma pedra, relativamente grande, no chão.

Perdi o fôlego quando percebi que a pedra estava manchada com a palavra sasaeng.

- Sabe porque alguém faria isso? - ele voltou a me olhar.

- Kwon. - Eu engoli em seco. - eu preciso pedir demissão.

As sobrancelhas dele se ergueram.

- É muito difícil explicar, mas eu não posso voltar a trabalhar aqui. Isso... - eu disse com a voz embargada. - é por minha causa.

- Alguém está te ameaçando? - ele pareceu preocupado.

- Eu não sei mensurar a quantidade. Mas o que importa é a livraria e não é seguro pro negócio, eu estar aqui. Eu preciso que você formalize a minha demissão e por favor, arrume um jeito de divulgar que eu não trabalho aqui. Que não tenho nenhum vínculo. Só dessa forma a livraria vai estar segura.

- E o seu apartamento?

- Tem algumas coisas lá...

- Ele é seu, mesmo que não trabalhe aqui. Está no acordo que fiz com o Woo.

Eu concordei enquanto segurava as lágrimas.

- Eu vou ficar com o senhor Woo no hospital. Por favor, faça o que eu pedi.

Quando saí da livraria, as lágrimas corriam pesadas atrás das lentes do óculos. Sentia como se um pedaço de mim estivesse ficando para trás. Agora a livraria corria risco por minha causa. O lugar preferido do senhor Woo era alvo, por minha causa. Por causa dele.

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