Capítulo 18

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Meus pais convidaram Hye para ficar hospedado em nossa casa, até que eu tomasse a decisão. Se eu decidisse ir embora, teria que abandonar meu emprego, deixar meus pais novamente e recomeçar. E foi o que eu fiz. No dia seguinte já havia pedido demissão e no outro, meus pais me ajudavam a fazer as malas.

- Não está esquecendo de nada? - meu pai perguntou, entrando no meu quarto.

Ele estava animado, quase eufórico. Corria pela casa procurando por tudo que eu precisava e se certificou de que eu não deixasse nada de importante para trás.

- Aqui está seu passaporte, seus documentos de entrada e a passagem. - disse me entregando uma pasta com tudo organizado.

- Foi tão ruim minha estadia aqui? Acho que eu nunca te vi tão feliz com a minha partida. - brinquei.

Meu pai deu um suspiro e sentou na beirada da cama, perto da mala fechada e se apoiou nela.

- Desde que você contou o motivo de ter voltado e que colocamos um sinal de internet, eu comecei a pesquisar sobre esse mundo... de famosos? - Ele não sabia ao certo como se referir.

- Está se referindo aos meninos?

Ele sinalizou positivamente com a cabeça.

- Eu assisti inúmeras entrevistas durante esses meses. Shows, performances, notícias... - ele me olhava de uma forma analítica. - mas eu não vivi o que você viveu.

- Mas... - eu o incentivei a continuar.

- Mas já conversamos sobre a razão e a emoção antes. A sua dor é legítima, sua confiança foi traída para todo mundo ver, você se tornou alvo e se escondeu para se proteger. Porém, suas ações foram pura emoção. A razão, normalmente, nós usamos com quem está de fora. Por exemplo, é fácil dar conselhos amorosos para uma amiga, certo?

Eu concordei com a cabeça.

- Por que você usa a sua razão para isso. Não é sua dor, então você se abstém da emoção. Mas se você passar pela mesma coisa que ela, provavelmente se sentirá da mesma forma e não vai aplicar seus próprios conselhos. Porque está envolta em emoção. E isso é normal.

- Você acha que preciso analisar de uma forma mais racional?

- Depende. Não desvalorize a sua dor, como eu te disse, ela é legítima. Mas existem algumas coisas das quais eu acho que você não se deu conta.

Me sentei na poltrona perto da cama para ouvi-lo falar.

- Eu estou de fora da situação, o que eu vi foi analisado com razão, mesmo que eu saiba a sua versão e você seja a minha filha.

- Certo.

- Enquanto eu fuçava a vida daqueles sete meninos na internet, em especial o Namjoon, era óbvio que não estávamos tratando de um simples relacionamento. Não é qualquer um. - meu pai se ajeitou na cama para ficar mais focado em mim. - Estamos falando de um homem que teve a vida exposta desde novo, que precisa tomar cuidados muito além do que imaginamos para manter suas mínimas particularidades em segredo. Estamos falando de alguém que até você aparecer, provavelmente não se apaixonou tão profundamente.

Respirei fundo para tentar absorver tudo. Aquilo fazia sentido e ouvir meu pai falar era quase como se eu estivesse, realmente, ouvindo minha razão, se pronunciar.

- Você era algo novo. Uma fã, anônima, não sabia de nada que se passava do outro lado. O lado que ele vivia. Eu assisti a entrevista onde ele te acusa e sim, foi a pior reação que poderia ter tido. Mas Namjoon agiu por emoção. Ele nunca tinha passado por algo parecido antes, não tinha uma resposta pronta para aquela pergunta, como ele sempre foi treinado para ter. Ele não ensaiou antes. A emoção dentro dele, confundiu a proteção que queria ter te dado, te tornando em algo ruim. No segundo seguinte a expressão dele sai da emoção e se torna razão.

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