CAPÍTULO 5

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Peter fechou os olhos e suspirou alto. Isso sim era tortura. Ficar pendurado de cabeça pra baixo enquanto lhe arrancavam os mamilos? Que nada! Ele ficaria de bom grado durante dias, se isso significasse ir embora dali. Ou ele mesmo se penduraria para ficar todo o tempo que pudesse sentindo o cheiro dela.
Que porra!!!
Nessas horas Peter odiava sua herança Nova Espécie. Se ele fosse um humano comum não poderia sentir o cheiro dela misturado ao cheiro da água perfumada da banheira. Ou ouvir os batimentos do coração dela. Se ela se tocasse debaixo da água, ele perderia a razão e invadiria aquele banheiro.
Um mínimo barulho ao longe tirou a atenção dele dos movimentos languidos dela dentro da banheira por um segundo, e Peter abriu sua mala rapidamente em busca do telefone por satélite.
Foi discando enquanto corria pela casa até que deu um chute na porta dela e entrou no quarto como um furacão.
" Hunter! Saia! Saia agora!" Ela gritou do banheiro, mas seu pai tinha atendido o telefone, então ele arrombou a porta do banheiro também.
"Pai? Estão aqui! Vou pegar Charlotte e correr montanha abaixo."
" Hunter! Como se atreve? Saia desse banheiro agora!"
Ela se levantou da banheira nua, com a pele clara molhada brilhando, os seios com os mamilos duros apontando para frente, fazendo Peter abrir a boca e ficar por alguns segundos sem saber o que tinha ido fazer ali. Só conseguia correr os olhos por aquele corpo pequeno, mas forte, bem torneado e curvilíneo.
"Hunter!" Ela gritou de novo e colocou uma mão sobre os seios e outra sobre a virilha." Como você se atreve a invadir o banheiro, seu filho da puta! SAIA AGORA!" Ela gritou tão alto que os ouvidos dele doeram, e ele conseguiu fazer seu cérebro voltar a funcionar.
"Peter! Peter! Está aí?" A voz de Vengeance saia pelo telefone que ele tinha esquecido que segurava.
" Pai! Estão aqui. Posso ouvir oito corações, todos batendo fora do normal. Devem estar usando as drogas de Gabriel. Vamos descer a montanha, nos encontrem." Peter desligou e se dirigiu a Charlotte.
" Vista alguma coisa o mais rápido que puder. Agora!" E saiu do banheiro indo mexer nas roupas que estavam sobre a cama.
Eram calcinhas, sutiãs, camisolas. Nada que ela pudesse vestir para fugirem dali.
" Saia, e eu me visto." Ela apareceu enrolada numa toalha, tirando uma calcinha de renda da mão dele.
" Não temos tempo pra você ver se calça combina com a camisa. Vista isso, agora, rápido!"
Ele jogou uma calça de pijama para ela e depois uma camisola.
A urgência na voz dele a fez se vestir de qualquer jeito e ele pegou a mão dela e saíram correndo.
Lá embaixo, Peter se lembrou da sacola com armas que tinha deixado na parte de trás da casa, então saiu puxando Charlotte pela mão até que chegou na parte da casa onde ficavam as instalações dos funcionários.
A sacola era grande, então, Peter pegou duas pistolas automáticas, estendeu uma para ela e colocou um rifle no ombro.
" Hunter, o que está acontecendo? Com quem você estava falando? E de onde você tirou esse telefone?"
Ele parou e segurou as duas mãos dela, procurando seus olhos. Charlotte era teimosa e brigona, mas não era burra. Ela deixaria o perigo passar e depois chutaria suas bolas.
" Nós armamos uma armadilha para Max Hunter. Porém não deu muito certo, pois eles estão aqui e meu pai e os outros estão lá embaixo, perto da estrada. Mas tudo o que temos que fazer é descer a montanha o mais rápido possível." Dizendo isso ele  se abaixou e a encaixou no ombro. Seria mais rápido assim.
" Hunter! Me ponha no chão!" Ela disse socando as costas dele.
" Daqui a pouco. Eles estão muito perto, Charlie." E Peter começou a correr.
Era uma distância considerável, as trilhas estavam enlameadas e a inclinação do terreno era grande. Um carro, mesmo uma pickup,teria muita dificuldade em subir por ali. A estradinha era estreita e em várias passagens estava esburacada. Peter acabou por agradecer sua constituição Nova Espécie, pois se não tivesse a agilidade sobre humana que tinha eles cairiam para a morte nas pedras.
Depois de correr por um tempo, Peter parou e desceu Charlotte de seu ombro. Ela, assim que foi posta sobre os pés, começou a fazer ânsias de vômito, mas não devia ter comido nada, pois nada saia de sua boca.
" Me desculpe, Charlie. Eu sei que fui brusco e sem jeito, mas os caras que estão atrás de nós não são homens comuns. Se nos pegarem, nos matarão."
Ela respirou fundo, jogou os cabelos para trás e se encostou numa árvore. Estava pálida e Peter se preocupou. Estava frio e a camisola que ela vestia não a esquentaria nem se o sol estivesse brilhando. Peter tirou sua camiseta e colocou sobre ela, quando viu que ela estava tremendo.
Ela aceitou a camisa, e o olhou com uma interrogação no olhar.
"Espere." Peter disse e se concentrou fechando os olhos. Não que fechar os olhos ajudasse na concentração, ajudava a não tomar a boca dela num beijo que não deveria acontecer.
Seus ouvidos captaram todos os ruídos ao seu redor, a respiração ofegante de Charlotte, a corrida de um coelho a direita, o vôo de uma coruja mais adiante, e os batimentos acelerados dos corações dos homens que os perseguiam. Seus corações batiam num ritmo alucinante, como se estivessem prestes a ter um infarto.
Mas ele sabia que não teriam essa sorte. Gabriel sabia o que fazia. As drogas deixaram Tom, o primeiro cara que usou as drogas, incrivelmente forte e ágil. Ele foi capaz de nocautear o pai de Peter.
Como o vento estava na mesma direção que eles, montanha abaixo, eles tinham a vantagem, mas eles vinham num ritmo forte, correndo e saltando obstáculos que Peter, por estar carregando Charlie, teve de contornar. Eles logo os avistariam.
" Charlie, terei que continuar carregando você, eles estão nos alcançando." Peter disse se aproximando dela.
"Eu... Certo. Talvez eu pudesse ficar nas suas costas." Ele acenou que sim e se virou. Ela subiu nas costas dele, passando as pernas por seu quadril e o abraçando no pescoço.
Peter continuou a corrida e começou a sentir que chegariam a encosta a salvo quando um projétil passou voando por sua cabeça. Charlotte deu um gritinho, mas ela logo se calou.
Peter continuou correndo, mas dessa vez passando por entre as árvores tentando fazer um zigue zague, para dificultar a mira deles. Outro tiro acertou uma árvore. Peter pensou se deveria se abrigar atrás de alguma daquelas árvores e abrir fogo. Porém era perigoso, eles eram oito e ele um só.
O pior era que se os acertassem, Charlotte estava nas suas costas, vulnerável. Peter então parou atrás de uma árvore grossa e alta e a desceu.
"Não posso deixar você levar um tiro, Charlie. Tenho que enfrentá-los. Fique aqui, abaixada, ok?"
Ela arregalou os olhos e abriu a boca para falar, mas Peter tinha uma idéia melhor. Tomou a boca dela num beijo cheio de urgência, saudade e desejo.
" Fique abaixada." Ela balançou a cabeça dizendo que sim e se abaixou entre as grandes raízes da árvore.
Peter sacou a pistola do cós da calça, ajeitou a correia do rifle e subiu com um salto na árvore. A escalou rapidamente e quando chegou nos galhos mais altos, avistou um deles correndo na sua direção.
Peter fez mira e o acertou bem na cabeça, a violência do impacto da bala de grande calibre lançando o homem para trás. Um a menos.
Os outros não estavam a vista. Deveriam estar em outra direção, eles foram espertos, correram cada um numa direção. Mas Peter sabia onde cada um estava através dos batimentos cardíacos deles. Desceu da árvore e fez sinal para Charlotte continuar onde estava.
Correu para a direita, subindo por entre as árvores. Sabia que os ouvidos deles poderiam localizá-lo, mas ele estaria preparado quando atirassem. Uma ou duas balas não o pararia, essa era a sua vantagem.
E o tiro veio. O acertou na coxa, mas a explosão de dor que sentiu só o deixou mais focado. Se desviou do tiro seguinte e no próximo segundo se atirou sobre o homem. Ao invés de proteger seu pescoço, o idiota tentou atirar de novo. E isso custou sua vida. Ele errou o tiro, e Peter caiu sobre ele e torceu seu pescoço.
Os ouvidos de Peter captaram quando eles mudaram a direção de seus passos, na intenção de se ajuntarem. Ótimo! Ele pensou. Daria tempo de seu pai chegar até Charlotte.
Mas dois deles continuaram correndo na direção de onde tinha deixado Charlotte.
Peter aumentou a velocidade e mudou sua trajetória, suplicando a Deus que não a pegassem. Correu como se sua vida dependesse de salvá-la. Na verdade, dependia.

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