CAPÍTULO 33

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Quando chegaram a casa de Amy, ela, Harley e Miracle os esperavam na porta.
"Tio Francis!" Miracle disse dando pulinhos de felicidade enquanto o velho saía do jipe. Mas antes que seu tio o alcançasse, Sunny se lançou contra Miracle do parabrisa do jipe e os dois bebês começaram a se morder.
"Puxa o cabelo dele, Miracle!" Harley disse. Charlotte ficou horrorizada ao ver Amy rir quando Sunny imobilizou Miracle pelo pescoço.
"Foi quase, bebê. Parabéns, a mamãe está muito orgulhosa!" Ela bateu palmas. Sunny saiu de cima de Miracle.
"Parabéns, Sunny, você continua imbatível!" Amy disse rindo.
"Sensacional!" Sunny sorriu.
"Tio Francis, trouxe chocolate?" Miracle perguntou.
"Eu... Joel, onde está o chocolate de Miracle?" O tio perguntou. Joel deu de ombros.
"Não sabia que era pra trazer, nós saímos correndo. Mas tome, Miracle, dez dólares. Dá pra comprar chocolate." O homem estendeu a nota para o bebê, e ele ia pegando, mas Amy o impediu.
"Não precisa, Joel, obrigada. Miracle, tem sorvete de chocolate."
"Oba!" Miracle disse e correu para dentro da casa.
"Dinheiro." Sunny disse e estendeu a mão para Joel. Joel, então deu a nota a Sunny, e ele entrou na casa pela janela atrás de Miracle. Harley olhou para Vengeance que deu de ombros.
"Charlie!" Amy a abraçou. Sentir o abraço da prima, foi tão bom. Ela sentia falta de Amy. Elas se falavam por telefone, mas não era a mesma coisa. Elas entraram na casa de Amy abraçadas.
A casa era bonita, com móveis rústicos, mas de um design muito bonito. Havia cadeiras de palinha, um sofá de bambu, estantes de madeira, até uma luminária de chão feita de tronco. Tudo muito bem combinado, em meio a uma paleta de cores claras.
"Eu adorei. Sua casa é linda!"
Amy sorriu. Ela estava mais cheinha, será que esperava outro bebê?
"Finalmente você veio, Charlie. Que bom que você e Hunter se acertaram."
Charlotte agradeceu por ela não falar do episódio do sequestro. Amy já tinha sido sequestrada, sabia que a melhor forma de esquecer era não tocar no assunto.
"Sim. Nós vamos ficar em meu apartamento, por enquanto. Vengeance ficará conosco."
O sorriso de Amy murchou.
"O que? Como assim?" Harley perguntou.
"Eu e Peter estamos nos conhecendo, então ele e Vengeance irão morar comigo no meu apartamento, pelo menos por um tempo."
"E você não pensou em contar V.?" Cruzou os braços e encarou Vengeance. Charlotte olhou para Vengeance e viu uma certa hesitação.
"Ainda estou me acostumando com a idéia, Harley. Mas estaremos sempre aqui. E não é como se nos víssemos todos os dias. Graças a Deus, aliás."
"Amy, você fez o almoço? Estou com gosto ruim da carne de Vengeance na boca." O tio Francis disse.
"Horrível!" A voz de Sunny foi ouvida da cozinha, Harley caiu na risada.
"Como vocês vieram de surpresa, vamos ter de pedir no restaurante. Mas não deve demorar." Ela disse.
"Ótimo." O tio passou os olhos pela casa.
"Gostei da decoração, querida. Meio rústico demais pra mim, mas você sempre gostou de fibras e madeira, parabéns."
Amy baixou os olhos. O tio Francis era como um pai para ela, qualquer demonstração de aprovação era importante.
"Harley, peça comida, e não deixe Sunny comer todas as gotas de chocolate. Eu e Charlie vamos conversar. Venha, Charlie."
Amy a puxou pela mão, a levando para seu quarto. Era um quarto muito bonito, claro e arejado. Ela continuou andando e saíram em uma varanda.
"Amy, que lindo!"
"Esse é o meu cantinho das amigas. Sempre que umas das meninas vem me visitar conversamos aqui. Eu até já deixei suco aqui."
Elas se sentaram numa namoradeira e se serviram. A vista era linda, dava para um lindo jardim.
"E então, por onde começamos?" Amy sorriu.
"Peter. Eu não consigo tirar da cabeça que com o tempo, ele vai se ressentir por ter de morar em Nova York. Você viu o Harley, todos vão sentir a falta deles, como eu posso não me sentir uma egoísta?"
Amy sorriu de novo e segurou a mão dela.
"Querida, se eles decidiram ir, eles devem saber o que vão enfrentar. Não se permita sofrer por algo que ainda não aconteceu."
Charlotte deixou as palavras de Amy se fixarem em sua mente. Era um bom conselho.
"Obrigada, prima. Eu senti tanta saudade! Agora vamos nos ver mais."
Charlie disse.
"Isso mesmo. Estou ansiosa pra te apresentar a todas as meninas!"
Charlotte riu.
"Meninas?" Todas ali já tinham mais de vinte anos com certeza.
"Desde que o vovô veio pra cá e começou a nos chamar de meninas, o apelido pegou."
Era tão bom ver Amy feliz! Ela estava diferente, mais bonita.
"Agora, vamos falar de Sheyla?" O semblante da prima mudou.
"Ela é praticamente minha única amiga. Eu a conheço desde que ela veio trabalhar na empresa. Quando me disseram o que ela fez foi um golpe muito forte."
"Ela seria capaz de mentir pra mim do jeito que mentiu?"
Amy deu de ombros.
"Foi o que pensei. Harley disse que mentirosos não têm limite, mas o que ela ganharia dizendo que estava grávida? Você já estava presa, o plano daria certo se não fosse Peter ter visto o que aconteceria."
Charlotte fez a pergunta que queria fazer.
"Eu toquei na barriga dela, Amy. Havia um caroço pequeno, mas duro e redondo. Como ela poderia inventar isso?"
Amy se levantou e andou de um lado para outro.
"E ela não disse quem era o pai, mas disse que ele era Nova Espécie?"
Charlotte concordou com a cabeça.
"Ela estava com medo da hora do parto. Ela queria saber o que eu sabia sobre o nascimento de Miracle."
Amy suspirou e se sentou de novo.
"Ela não te deu nenhuma pista? Sheyla sempre deu uma de sabichona. Ela vivia falando por enigmas. Talvez se você se lembrar de tudo o que conversaram, poderemos descobrir quem é o pai."
Charlotte repassou tudo o que elas falaram, mas nada parecia ser uma pista pra ela. Na verdade, Sheyla tinha sido direta, objetiva e franca.
"Harley me disse que James está falando com todos os Novas Espécies que tiveram alguma relação com humanas. Até agora, nada. O problema é que eles não acreditam que ela esteja mesmo grávida."
Peter principalmente. Ele se negava a acreditar, ele nutria um ódio muito grande por Sheyla.
"E pode ser qualquer um. Novas Espécies estão espalhados por todo o país. A força tarefa, depois do casamento de Kit com Robert, está cada vez mais requisitada. Até Harley foi convocado para uma missão."
Amy disse, a preocupação marcando seu rosto.
"Você está com medo? Eles são muito fortes, Amy. Eu ainda não acredito que Torrent rasgou o teto de um carro com as mãos."
Amy assentiu.
"Mas agora não temos mais o doutor. As drogas dele salvaram muitos deles. Eu tive tanto medo quando Miracle nasceu!"
"Porém tudo deu certo, graças a Deus. E você não pensa em ter outro?"
Era uma maneira de perguntar se ela estava grávida.
"Não. Harley disse que não quer passar o que ele e eu passamos no parto nunca mais. E eu concordo. Eu achava que nunca seria mãe. Miracle é exatamente o que o nome diz. Eu fiz uma ligadura."
Charlotte ficou abismada.
"Amy! Mas isso é muito definitivo! Como você pode saber que vai ficar com ele pra sempre? E se vocês se separarem? Você ainda é muito jovem."
Amy virou o corpo e segurou as duas mãos de Charlotte.
"É pra sempre, Charlie. A única forma de nos separarem é matando um de nós. E não seria por muito tempo, logo estaríamos juntos de novo seja onde for."
As palavras de Amy a chocaram. Ela morreria se Peter morresse?
"Sheyla disse que o amor de um Nova Espécie é algo puro, e que invejava quem era objeto desse amor, seria uma pista?"
Amy pensou um pouco, mas negou com a cabeça.
"Não, não acho que seja. Talvez James esteja procurando no lugar errado. Ele deveria procurar refazer os passos de Sheyla no último mês, e cruzar com as cidades onde a força tarefa esteve."
"Ela fazia muito trabalho externo, viajava muito. Vou falar com James."
Charlotte começou a se sentir otimista.
"E, se descobrirmos quem é o pai? Em que isso ajuda?"
"Se ela estiver mesmo grávida de um Nova Espécie, isso faz dela uma cidadã Nova Espécie, ela não vai ser presa, e o bebê ficará aqui ou em Homeland."
"Quantos dias exatamente Torrent, Vengeance e Hunter ficaram na casa do meu tio?
"Quase um mês, porquê?"
Amy olhou para o jardim. O cheiro de comida encheu o ambiente. O estômago de Charlotte roncou.
"Vamos comer."

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