CAPÍTULO 6

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Charlotte se encolheu entre as grandes raízes da árvore, clamando desesperadamente a Deus pela sua vida e a de Hunter. Ela estava aterrorizada. Quando Hunter chutou a porta do quarto, ela sentiu a excitação passar por seu corpo, e ainda que gritou para ele sair, todo o ser dela ficou na expectativa de que ele entrasse no banheiro e a tomasse nos braços.
Mas não foi isso o que ocorreu e agora ela estava ali, tentando ouvir alguma coisa que não fosse seus dentes batendo uns nos outros de frio. O vento que passava por entre as árvores estava frio e cortante. A camiseta de Hunter já tinha perdido o calor do corpo dele, mas o cheiro continuava lá, o cheiro de homem com um leve toque cítrico. Ela uma vez tinha se perguntado se Novas Espécies usavam desodorante. Pois bem, usavam. Ela balançou a cabeça várias vezes, estava fugindo de homens grandes e fortes, prontos a matá-la cruelmente e ficava se certificando de que eles usavam desodorante?
Passos pesados correndo soaram a distância. Eram eles! Ela olhou a sua volta e a pistola que Hunter tinha lhe dado estava ali no chão, perto dela. Ela a pegou com os dedos trêmulos e a examinou. Onde era mesmo a trava?
Ela destravou a arma e a apertou contra o peito. Se ia morrer, ia morrer atirando.
Ela levantou a cabeça e foi se aproximando da árvore, tentando ver alguma coisa. O barulho dos passos estava mais alto, mas ela ainda não os via. Seria a hora de correr? Ela olhou para baixo, era uma ribanceira, cheia de pedras, lama, árvores e muito inclinada. Se tentasse descer correndo como Hunter tinha feito com ela nas costas, iria descer rolando e acabaria esborrachando a cabeça numa pedra.
Uma sombra passou entre as árvores a sua esquerda. Ela os esperava vindo de cima, não pelo lado, mas ali estava ele enorme, suado e assustador.
Ele sorriu um sorriso cruel, os dentes tortos e amarelos, fazendo ela notar as presas grandes, que deveriam ter brotado quando ele ingeriu seja lá o que o doutor tinha feito. Enquanto nos Novas Espécies as presas eram sexy, naquele homem as presas causavam pavor e nojo em Charlie.
Ela empunhou a arma. Ele riu. Charlotte atirou, a bala passou longe, e o coice da arma quase a fez deixar a arma cair. Ela atirou de novo, duas vezes, mas as balas não acertaram nele. Ele deu um passo, os olhos dele brilhando.
" Posso sentir o cheiro do seu medo. Mas não precisa ter medo de mim, princesa. Minhas ordens são para levá-la viva. É claro que o chefe não vai se importar se a gente brincar um pouquinho."
Ele deu mais um passo e Charlie deu outro tiro, dessa vez o acertando no braço.
"Sua p..." Se ele iria chamá-la de puta, Charlotte nunca saberia, uma vez que quando ia dizer o insulto ele cuspiu um monte de sangue pela boca.
Charlotte ofegou quando o viu cair de cara no chão, imóvel. Havia um buraco de bala bem no meio da parte de trás de sua cabeça.
Ela olhou para frente e viu Hunter vindo correndo em sua direção, o rifle ainda soltando fumaça pelo cano.
Ele parou e segundos depois Charlotte sentiu alguém atrás dela passar um braço musculoso por seu pescoço e apertar levemente.
"É tão delicado! Tão esguio, tão fácil de quebrar!" A voz baixa e grave causou um arrepio de medo na coluna dela.
"Suas ordens não são para matá-la. Se fizer isso, além de não poder voltar para seu chefe, ainda terá que sair desse planeta, só assim para eu não te encontrar. E quando eu o tiver, você viverá durante anos, a cada dia vou te infligir uma tortura diferente. Sua única chance é largá-la agora." A voz de Hunter, fria e cruel, somada aos olhos impiedosos, gelados e sem alma, causou mais pânico em Charlotte do que a ameaça de quebrar seu pescoço que o homem que a tinha presa causara.
"Você morrerá hoje. Não tenho medo de você." Os outros quatro que perseguiam Hunter apareceram. Eles passaram por Hunter e se postaram ao lado do homem que tinha pego Charlotte. Todos empunharam suas armas na direção dele.
"Se o matarem vão ter que me matar também. E aí nada de dinheiro do meu tio!" Charlotte conseguiu dizer ainda que estivesse tremendo dos pés na cabeça.
"Dinheiro? Não vamos te levar para pedir resgate, sua idiota. David quer você. Ele quer vingança!" Um dos homens falou e os outros riram.
Charlotte ia retrucar quando um rugido terrível rompeu o ar. Os homens se viraram para um lado e para outro procurando a direção de onde tinha vindo o som assustador.
"Cavalheiros, algum de vocês já ouviu falar do meu irmão?" Hunter perguntou. E completou quando um uivo aterrorizante também foi ouvido: " Ou, por acaso, do meu pai? Vengeance é o nome dele." O sorriso cruel mostrando as presas que pareciam maiores, prometia que aqueles homens estavam em via de sofrer uma morte muito ruim.
" A mataremos! Fiquem longe, ou a matamos!" O homem apertou mais o pescoço de Charlotte, mas o leve tremor na voz dele deu uma certa esperança de que ele estava se cagando de medo.
O primeiro que apareceu devia ser Silent, Charlotte nunca o tinha visto, mas o tamanho e os cabelos loiros o denunciavam.
" Soltem ela. Ou vou mastigar os corações de vocês." Ele se postou ao lado de Hunter. Seus olhos brilhavam azuis. Charlie jurava que lhe tinham dito que os olhos dele eram bicolores.
Vengeance apareceu, seguido de outro Nova Espécie gigante, que era só olhar para ele e se saberia que ele era o pai de James e Joe. Outro Nova Espécie grande e forte, com cabelos cacheados e olhos vermelhos também apareceu.
Os homens se agruparam e continuaram empunhando suas armas, mas estavam visivelmente assustados.
O que segurava Charlotte pelo pescoço disse:
"Não temos medo de morrer, mas vocês com certeza têm medo de que ela morra. Deixe-nos ir e a deixaremos na estrada, tem a minha palavra." Charlotte engoliu em seco. Se eles atirassem, isso não impediria os Novas Espécies de atacarem. Um tiro não os impediria. Mas ela estaria entre os homens e eles.
"Você acha que confiaríamos em vocês? Que tipo de idiotas vocês pensam que somos?" Uma voz disse atrás dos homens. Charlotte conseguiu olhar de esguelha e viu que outros Novas Espécies estavam atrás dos homens e tinham pistolas apontadas para as cabeças deles. Quem tinha falado tinha sido Slade.
Os homens largaram as armas e ergueram as mãos. O que estava apertando o pescoço de Charlotte a soltou e ela correu para Hunter que abriu os braços e a recebeu neles, puxando sua cabeça pelos cabelos para trás e tomando a boca dela num beijo tórrido.
Charlie correspondeu, é claro. Quase morrer fazia coisas com as pessoas. Ela teria uma boa desculpa para desfrutar daquele beijo que não queria que acabasse nunca.

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