CAPÍTULO 36

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O punho de Pride acertou em cheio o olho esquerdo de Peter, sua cabeça foi lançada para trás e ele se valeu de toda a sua resistência para não apagar.
Mas o filhote lutava sujo, então quando Peter cambaleou, o desgraçado aproveitou e emendou um chute em sua cabeça. Aí, Peter beijou o chão, entre os aplausos de Valiant.
Mesmo estando no chão, Pride ainda o chutou nas costelas, uma, duas três vezes, até que Joe o pegou pelo pescoço.
"Joe, não se meta." James disse. Engraçado como sempre considerou James como seu melhor amigo, mas foi logo Joe aquele que o ajudou.
"O que está acontecendo aqui?" Vengeance apareceu na sala de treinamento. Slade foi correndo justificar:
"Hunter queria uma boa luta antes de ir embora, V., então estamos aproveitando pra apostar."
"E desde quando Pride luta aqui?" Vengeance perguntou. Todos ficaram em silêncio.
"Venha Peter, chega de servir de distração pra esses idiotas. Pride, sempre pensei que você era um bom garoto. E vou contar para Tammy, Valiant."
Peter foi se levantando e cuspindo sangue. Um dente dele quase estava solto. Tinha de manter a boca fechada até curar.
Ante as palavras de Vengeance, Pride baixou a cabeça. Peter não o culpava. Ele tinha começado batendo pra valer, provavelmente o braço de Pride devia estar quebrado.
Mas era bom ter seu pai peitando o Nova Espécie mais forte do lugar. Mesmo que ele fosse só contar para Tammy. Na verdade, Tammy era a pessoa mais forte do lugar. Peter balançou a cabeça, ele não estava pensando direito.
"Eu apenas me defendi, tio, Hunter perdeu o controle." Ele falou mostrando o braço torto.
O pai o olhou procurando confirmação e Peter balançou a cabeça. Ele queria lutar era com um dos machos, mas Valiant ordenou que Pride lutasse.
"Vamos, filhote. Antigamente quando algum de nós ia embora, fazíamos uma festa, não dávamos uma surra nele." Vengeance estava puto.
"Não tenho culpa se seu filhote é um frouxo, Vengeance. Já falei pra ele parar de andar com Flame."
Valiant rugiu.
"Ele pelo menos não morre de medo de simples relâmpagos, nem fica debaixo da cama, rugindo como uma leoazinha menstruada "  Peter esqueceu que estava segurando o dente no lugar e deixou o queixo cair. Ninguém falava do medo de Valiant de tempestade.
Valiant saltou de onde estava, aterrizando no centro do ringue improvisado, rasgou a camisa e rugiu.
Brass, jericho e Harley, que tinham chegado junto com Vengeance se prepararam para protegê-lo, mas ele soltou o braço de Peter e olhou para os outros. Eles saíram da frente.
"Veja como se faz, filhote." Ele piscou e sorriu. Quando ele chegou ao centro, Valiant se abaixou em posição de luta. Peter segurou um uivo. Não haveria como rodear e esperar o melhor momento para atacar. Vengeance como o desafiado teria que atacar primeiro.
E foi o que aconteceu ele fez de forma espetacular com um chute muito forte na cabeça de Valiant. O gigante caiu para trás, mas se recuperou e atacou com uma patada, cravando as garras no lado da costela de Vengeance. Seu pai, aproveitando que as garras de Valiant lhe cravaram do lado segurou  mão dele contra sua costela e aproveitou a proximidade para morder o pescoço de Valiant. Ele arrancou um pedaço de carne bem na junção do pescoço com o ombro do outro. Valiant juntou toda a força que lhe restava e o jogou longe, mas o estrago estava feito. Um jorro de sangue começou a sair de seu pescoço.
"Ajudem! Meu pai vai morrer!" Joe, o primeiro que conseguiu encontrar a voz, gritou. Todos começaram a agir, Slade correu pro primeiro jipe que viu, deveria estar indo buscar Trisha, Jericho pegou Valiant o colocando nos ombros e correu para a parte hospitalar do complexo.
"Pai. O que foi isso?" Peter e Vengeance foram os únicos que ficaram na sala.
"Ele não vai morrer. Espero que ele comece a prestar atenção nos filhos que tem. Pride poderia ter te matado."
Peter não entendia por que seu pai estava agindo assim.
"Ele não faria isso, pai. Não somos próximos, mas ele não faria, eu sei."
Vengeance apertou o lado, muito sangue brotava dos furos que as garras de Valiant fizeram.
"Não, filhote, você não sabe. Existe um motivo pra Pride não lutar, e não é por que ele pode fazer seu adversário não se defender ou atacar com sua voz. Ele tem sede de sangue."
Peter olhou bem nos olhos do seu pai. Ele, por ser criado com Gabriel sabia o que era sede de sangue. Henry sempre falava sobre os pobres 'produtos' que eles tiveram que eliminar nas instalações.
"Nós descobrimos quando Slade, Fury, Valiant e Brawn colocaram os filhotes para brigar. Noble, Honor e Pride eram mais novos, mas tinham quase o mesmo tamanho dos outros. Pride pegou Salvation com um soco e quando o filhote de Fury caiu, ele foi pra cima. Se não fosse Brass, teria sido uma tragédia. Ele fazia um som estranho enquanto batia em Sal, e nós ficamos meio tontos."
"Ele disse a verdade, eu comecei a descontar minha raiva nele, até que ele usou sua voz e disse pra eu não me  defender nem o atacar. Foi horrível, apanhar sem poder me defender, mas não acho que ele me mataria."
Seu pai apertou o ombro dele e saíram da sala de treinamento. A dor no rosto, costelas e estômago estava diminuindo.
"Eu e Charlotte meio que nos desentendemos. Eu vou com ela, mas não sei quanto tempo vou aguentar ficar longe daqui, longe de você. Eu também não sei como vou passar meu tempo lá, o que vou fazer, se vou trabalhar ou não."
Vengeance parou e o fitou.
"Talvez seja melhor vocês dois ficarem. Max está solto, e meus esforços estão em encontrar Sheyla. Se vocês fossem para Nova York seria como colocar um alvo em suas bundas."
Peter não registrou nada do que ele disse depois de falar o nome de Sheyla.
"O que ela tem de tão importante, pai?" Ele sentiu o formigamento e o arrepio frio em sua coluna, e Sheyla apareceu na sua frente. Ela sorria, com seus dentes brancos brilhando e seus olhos verdes estavam brilhando também. O brilho dos dentes e olhos foi aumentando até que o cegou.
Peter piscou várias vezes, mas continuava sem ver nada além da luz. E depois da luz, escuridão.
"Pai! Pai! Estou cego!" Ele começou a correr, suas costelas machucadas queimando, a dor o atormentando. Algo pesado e grande caiu sobre ele e o segurou junto ao chão. Ele continuava no escuro.
"Calma, filhote. Calma. Isso acontece, fique calmo. Feche os olhos. Não abra. Se levante devagar."
A voz do seu pai estava baixa, tão baixa que parecia que falava diretamente em sua mente.
"Venha, não abra os olhos."
Peter se deixou guiar. Estava exausto. Tanto que o pai o colocou nos ombros e o carregou até a cabana deles.
"Charlie, ela está aqui, pai. Eu não quero assustá-la."
"Então não assuste. Vamos, vou te levar para o chuveiro."
No banheiro, seu pai tirou sua calça, ligou o chuveiro e o lavou. Peter deixou, ninguém nunca o tinha lavado antes, pelo menos que ele se lembrasse. Vengeance passou a mão em seus cabelos e massageou seu couro cabeludo. O cheiro do shampoo invadiu as narinas dele e Peter quase adormeceu.
"Amanhã você vai cortar esse cabelo de mulherzinha." Seu pai disse enquanto a água do chuveiro enxaguava o cabelo de Peter.
"Não abra os olhos ainda." Ele ouviu o pai dizer, enquanto o secava e amarrava uma toalha em sua cintura.
Quando saiu do banheiro, Charlie estava na sala. Ele sabia exatamente onde ela estava, perto da janela.
"O que aconteceu? Porque seu rosto está todo machucado?" Ela falou, sua voz estava baixa, ela parecia ter acordado a pouco tempo.
"Nada. Ele só trocou uns socos na sala de treinamento. Precisa se deitar e dormir." Seu pai continuou o guiando. Ela foi atrás. Peter deixou a toalha cair se deitou.
"Charlie, deita comigo?" Ela não respondeu mas ele sentiu o corpo dela se moldando ao dele. Seu pai fechou a porta.
Ele sabia que não devia abrir os olhos, mas foi mais forte que ele. Abriu e a escuridão continuava. Ele reprimiu o pânico, buscou o rosto de Charlie com a mão, e foi beijando seu rosto até achar a boca. O beijo foi leve, ele estava meio tonto ainda, mas serviu para acalmar seu coração e fazê-lo finalmente adormecer.

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