Beautiful Love • Jikook •

30.1 - Corações à distância [New]

"Não é fácil olhar
Para um amanhã diferente
Não há nada que eu possa fazer
Mesmo que eu passe por um dia como hoje
Eu vivo os dias voltando atrás
Repetindo coisas idiotas
Novamente sozinho em um canto
Pensando que talvez amanhã seja diferente"
Ben - Can't go

Chegando na estação de Busan, meu avô me buscou. Embora ele tenha me perguntado o que havia acontecido, não consegui responder. Pedi desculpas, sem conseguir encará-lo e fiquei com a cabeça encostada no vidro da janela durante todo o trajeto.

Não conseguiria lidar com mais uma rejeição. Só a ideia de contar pro meu avô fazia com que eu me sentisse enjoado. As palavras de meu pai tocavam na minha cabeça como um disco arranhado, se repetindo e me machucando de novo e de novo.

Ao chegarmos em casa, minha avó me deu um abraço apertado e me guiou até meu novo quarto. Assim que me sentei na cama, desabei em um choro sofrido e doloroso, que fazia com que meu corpo inteiro tremesse.

Minha avó instantaneamente me abraçou.

— Jungkook, o que houve? Por que você veio para cá assim tão de repente? — ela perguntou, preocupada.

Sem conseguir dizer nada, apenas deitei na cama, virei para o lado, ficando de costas para ela, e continuei a chorar. Embora eu amasse minha cidade, meus avós e minha família, eu não queria estar ali, queria estar em Seul, com meus amigos e com o meu amor.

Minha avó fez um leve afago no meu cabelo e saiu, soltando um suspiro pesaroso enquanto meus soluços tomavam conta do cômodo. Assim que ela abriu a porta, pude ouvir a voz do meu avô ao telefone:

— Jungkook irá morar aqui por dois anos? Por quê?

Senti meu coração acelerar e de repente respirar não era mais tão fácil assim, e passei a buscar o ar com desespero. Usei o travesseiro para abafar meus gritos, todos saindo do fundo da minha alma, o desespero me rasgando por dentro.

Sentia meu braço arder devido as pancadas do meu pai, sentia também meu coração sangrando como nunca.

Eu só queria despertar daquele pesadelo.

⟨ ♡ ⟩

Era estranho acordar e perceber que estava em outro lugar que não era a minha casa ou a do Jimin. Peguei a chave da casa dele, que levei comigo, e fiquei olhando, passando o dedo por cada detalhe da raposinha e a beijei. Sentei na cama e abracei meus joelhos, só para derramar mais uma leva de lágrimas. Eu só queria minha raposinha comigo.

Ouvi umas batidas na porta e minha avó entrou no quarto.

— Jungkook, está tudo bem? — ela falou, se aproximando e sentando na beirada da cama. — Meu filho, você não comeu nada, nem bebeu. Você precisa se alimentar, meu amor, e se hidratar para repor toda essa água que está perdendo. Sei que está triste, mas sabe que saco vazio não para em pé, não é? Seu avô está louco pra pescar com você.

— Vovó... eu quero minha casa. Eu amo a senhora e o vovô, mas eu só quero minha casa. É só isso o que eu quero. Me perdoa, mas eu não sinto a mínima vontade de sair do quarto.

Ela enxugou minhas lágrimas e me puxou pro seu colo.

— Vem cá. Estou preocupada, você não é assim. Cadê aquele Jungkook barulhento e cheio de vida que eu conheço, hein? Não fique assim, seja lá pelo que for. Sua mãe me ligou agora cedo pra saber como você está. — Ela depositou um beijo suave na minha fronte. — Por que não me conta o que está acontecendo? Não acredito nem um pouco na versão que meu filho me contou. Você, se comportando como um delinquente na escola? Impossível. Conheço o neto que tenho e ele não é assim.