[Epílogo]

2K 263 97
                                    

"A chuva cai, embora eu dance sozinho
Quando esse nevoeiro for levantar
Eu vou correr para você com os pés molhados
Então, me abrace forte."
Jungkook (BTS) - Still With You

1 ano depois

Jungkook, 19 anos

365 dias se passaram desde o ocorrido com meu pai. Sempre me disseram que o amor dos nossos pais era superior e forte, mas passei os últimos meses me questionando sobre isso.

Embora eu tenha passado bons tempos na casa dos meus avós e perto da minha família na cidade onde nasci e cresci, era impossível não sentir o vazio tomando conta de mim, os pensamentos tristes invadindo, a saudade de casa, dos meus amigos e do meu namorado.

Mesmo que todos me mandassem mensagens diariamente, era inevitável não perceber a distância, que eu não fazia mais parte da vida deles como deveria. Jimin mandava fotos quando estavam em grupos de estudo, passeios ou quando se reuniam em sua casa para jogar conversa fora. Eu nunca dizia a eles, mas aquilo sempre me dava uma crise de choro, uma vontade louca de gritar, uma dor imensurável e o pior dos sentimentos começou a nascer em meu peito: o ódio.

Ódio pelo meu pai, por ter sido um mentiroso em dizer que me amava acima de qualquer coisa e mais que tudo, ter me agredido e me expulsado do meu lar. Ódio do universo, por ter me separado da pessoa que eu amo. Ódio da distância, por ser tão cruel comigo. Ódio do tempo, que não passava mais rápido.

Aos poucos aquele sentimento ia tomando posse de mim, alterando meu humor, tirando minha cor e minha vontade de viver. Mesmo tendo tudo, me sentia vazio de sentimentos bons, como se eu fosse uma planta que estava morrendo por não ser regada como devia.

Aniversários, comemorações, jantares, viagens, grupos de estudo... tudo passava à distância. Jimin me ligava todos os dias no início, depois nos falávamos por alguns minutos por mensagem. Mas o tempo, o maldito tempo, foi passando, e ele foi ficando cada vez mais atarefado. Passamos a nos falar quando dava. Ele sempre foi ruim para se comunicar pela internet mesmo, mas, para alguém como eu, que sentia insegurança até estando perto, estar longe dele e sem nossas conversas calorosas que faziam doer a barriga, me deixava com muitos pensamentos negativos.

Me dei conta de que eu não servia para ter um relacionamento à distância. Eu era aquele tipo de pessoa que precisava de segurança, precisava sentir com todo o meu corpo para que me sentisse vivo e pertencendo a algum lugar. E naquele momento, eu não conseguia me sentir pertencendo a lugar algum, ou a alguém. Nem a mim mesmo.

O verão havia chegado mais uma vez. Seu vento quente soprava em meu rosto e o Sol me mantinha aquecido enquanto eu descansava debaixo de uma árvore próximo ao rio. Estava sozinho, meus avós haviam saído, e minha companhia, como sempre, era Fluffy, meu companheiro fiel e amigo de todos os momentos.

Éramos nós e a natureza ao redor, me fazendo refletir que mesmo que eu não gostasse de uma situação, a vida iria seguir seu fluxo.

Peguei um dos meus quadrinhos e fiquei lendo por cerca de 1 hora. Me peguei rindo sozinho ao imaginar que caso adormecesse, eu poderia virar a própria Alice no País das Maravilhas e, quem sabe, poderia conhecer um mundo novo. Um em que eu não me sentisse tão sozinho.

Entretido na leitura, demorei para ouvir alguns passos. Ao olhar para trás, vi uma figura masculina. Um homem alto, usando uma roupa social, o cabelo bem arrumado, e bonito, muito bonito. Esse homem era aquele que eu costumava chamar de pai.

— Nós costumávamos vir aqui quando você tinha uns seis anos. Não mudou nada e continua sendo seu lugar favorito, não é? — ele falou enquanto analisava a grama para sentar-se ao meu lado.

Beautiful Love • Jikook •Onde histórias criam vida. Descubra agora