Beautiful Love • Jikook •

7.1 - Vou cuidar de você

"Naquela época você sabia?
Nosso passado imaturo
Eu ainda amo
Aquelas noites bonitas"
IU - My old story

🍃

No dia seguinte, ao acordar e me dar conta que teria que encarar a escola inteira falando a meu respeito e me dizendo coisas cruéis, entrei em pânico e meu corpo automaticamente entendeu que eu não podia ir à escola.

Parei para analisar a situação e me vi chorando tantas vezes que perdi as contas. Para meus pais, apenas falei que estava doente por causa das atividades físicas feitas durante a tarde e que as mudanças climáticas estavam me matando.

Minha imunidade sempre foi boa, então não demorou muito para que minha mãe ligasse minha doença a algo emocional.

— Filho, está acontecendo alguma coisa que eu não esteja sabendo? Você não é de ficar tantos dias de cama.

Paralisei ao ouvir sua pergunta enquanto ela checava minha temperatura.

— Não, eu só estou um pouco gripado. — Funguei para enfatizar meu nariz escorrendo.

A diferença é que eu estava chorando e não com coriza.

— Tudo bem, mas sabe que não precisa me esconder nada, não é? Se alguém estiver fazendo algo com você, eu derrubo aquela escola.

— Não! Não está acontecendo nada na escola. Semana que vem estarei novinho em folha, a senhora vai ver!

Falei um pouco confiante para que ela não se preocupasse tanto. Verdade seja dita, estava com muito medo, e as frases que tinham sido jogadas em mim me faziam sentir como se eu realmente fosse sujo e doente.

Eu sabia que não era nada daquilo, mas eu só tinha dezessete anos, não deveria passar por situações como aquela.

Na verdade, nenhuma pessoa deveria passar por esses terrores. Héteros não têm medo de contar sobre quem gostam ou com quem estão saindo para a família, pelo contrário, o pai de um garoto vibra quando ele fala sobre sua primeira transa. Já eu sequer me sentia seguro para conversar com minha mãe sobre meu primeiro amor ou como as pessoas lá fora estavam me machucando com suas palavras.

A sociedade não tinha tirado apenas a minha identidade, tinha me roubado o colo da minha mãe. Eu só queria o abraço dela me dizendo que ficaria tudo bem, mas não pude porque alguém, em algum momento da nossa História, convenceu todo mundo, de uma forma muito cruel, que pessoas como eu são erradas.

Conscientemente, não me sentia errado de verdade. A sujeira não vinha de dentro de mim, mas sim das pessoas que a jogaram em cima de mim antes mesmo que eu pudesse descobrir quem eu verdadeiramente era.

Aos meus doze, treze anos, quando meu corpo começou a mudar, percebi que me atraía por garotos, mas não achei que era algo anormal. Eu gostava de assistir às novelas com minha mãe e até mesmo imaginava como seria meu primeiro beijo. E eu queria que fosse com um cara como o ator.

Nunca quis a atriz ou sequer pensei nisso, queria era estar no lugar dela!

Mas a mídia inteira, as pessoas, a sociedade me mostravam que "homens deviam beijar mulheres", então imaginei que eu devia namorar uma menina e esquecer os meninos. Não havia homem beijando outro homem em lugar algum, logo, aquilo era coisa da minha cabeça.

Passei a crer que meninas eram meu caminho, e uma delas me pediu em namoro e eu aceitei, simples assim. Mas, estar namorando ou não, não fazia diferença alguma. Não sentia vontade de beijá-la, ou de passar meu tempo com ela.