12. i almost do

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Me olho de lado no espelho e percebo o quanto meu corpo mudou. A incrível e milagrosa capacidade do corpo humano de gerar outra vida. Observo minha barriga de sete meses e meus seios que já estão avantajados, e agradeço aos céus por meu filho estar crescendo são e salvo em meu ventre.

Apesar das inúmeras recomendações médicas, minha gravidez tem sido tranquila apesar dos enjoos. Enjoei freneticamente até o quinto mês de gravidez. Senti meu corpo passar por mudanças drásticas, meus quadris adquirirem um tamanho um tanto exagerado, e as estrias que brotaram em minha pele sem aviso.

Apesar de ser o momento mais lindo da minha vida, o processo não é nada bonito. É doloroso, angustiante e custoso. Meus hormônios parecem estar em uma montanha russa, meu corpo não parece mais meu, e minha vida tomou outro rumo...e mesmo assim eu não mudaria nada. 

Escondi minha gravidez por três meses, até ter o aval do médico que dizia que estávamos bem. Foi aí que contei para minha família. Mamãe quase sofreu outro AVC, meu pai ficou sem falar comigo durante uma semana, e Gemma não desgrudava de minha barriga, dando beijos melados de gloss por toda a minha pele. 

Meu pai quis saber quem era o pai. Me limitei a dizer que foi um cara que conheci, sem dizer mais detalhes… mesmo porque não deixa de ser verdade. Tenho estabilidade financeira para cuidar do meu filho sozinho, e não preciso da ajuda financeira de ninguém para isso. Acho que não preciso ficar me explicando então. 

Minha mãe e Gemma preparam todo o enxoval, enquanto Liam me bombardeou com presentes caros: o carrinho, o berço e o bebê conforto. Tentei recusar e ele se negou a aceitar o meu pedido. Disse que era presente do dindo Li. 

O quarto de visitas se transformou no quarto de Kalel. Soube que esse seria o nome quando o médico me confirmou que era menino.

Kalel significa pequena estrela, e era como eu o chamava desde que descobri a gravidez. 

Minha pequena e brilhante estrela, que brilha tão forte como o sol, e me ilumina tanto quanto a lua. 

Houve dias difíceis. Tão difíceis que eu parecia virar pó no meio do deserto. Os enjôos, as dores nas costas, os hormônios borbulhando em meu corpo. Eu senti falta de alguém, por mais que Liam estivesse comigo na maior parte do tempo.

Senti falta de alguém acariciando minhas costas enquanto eu colocava minha bile para fora, e que me desse banho depois de vomitar tudo que eu tinha em meu interior. Senti falta de uma mão me acarinhando quando a dor de cabeça era tão forte que minha cabeça parecia estar sendo martelada por milhares de martelos. Ou alguém que deitasse comigo e me confirmasse que ficaria tudo bem. Eu precisava de alguém, e eu odiei Louis por um instante.

Não houve sentimento profundo entre nós, mas houve desejo, entrega, paixão, tesão e verdade. Por outro lado, houve covardia de minha parte, e desleixo da parte dele. Mas como exigir algo que alguém não queira dar? Não poderia simplesmente esmurrar a cara dele e exigir que ele ficasse comigo, por mais que eu quisesse isso. Pensei inúmeras vezes em pedir o número dele para Zayn… mas dizer o quê? Obrigá-lo a fazer tudo isso, esperando que ele faça? Eu poderia exigir que ele tivesse algum comprometimento com nosso filho, mas não poderia exigir que tivesse comigo.

Escondo a mágoa por Louis em um lugar escuro do meu coração, e passando a mão na barriga pela última vez, pego uma camisa para me vestir.

Almoço com os meus pais, e minha mãe faz o canelone que eu tanto amo. Na parte da tarde volto para casa, e durmo. Estou mais cansado que o habitual nessa reta final da gravidez. Tenho passado meus dias escrevendo textos extras para que quando Kalel resolva nascer, eu tenha como ficar tranquilo. Não posso abandonar a coluna, e já tenho 20 textos extras editados para encher linguiça enquanto aproveito o meu filho.

ACURAROnde histórias criam vida. Descubra agora