30. porque eu te amo

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Dois meses depois. 

Estou uma pilha de nervos. 

Não consigo me concentrar em nada e tento não descontar minhas frustrações no resto do mundo. 

Isso tudo começou após os testes de gravidez negativos. Sim, eu fiz três. 

A sensação de ver somente uma listra me fez perceber que eu deveria ter me preservado. Eu deveria ter tido consciência do quanto essa ideia era maluca, do quanto eu e o Louis estávamos sendo precipitados, e do quanto as coisas mudariam se outro bebê estivesse a caminho.

Comecei a tomar anticoncepcional para evitar qualquer tipo de contratempo e decepções, mas ele tem me deixado mais estressado que o normal. Sei que meus hormônios estão em guerra dentro de mim, e preciso respirar fundo antes de falar ou fazer qualquer coisa. 

ㅡ Bom dia, amor. ㅡ Louis diz da cozinha ao me ver chegar à sala. ㅡ Você quer um cházinho? 

Levo a mão até às têmporas para não mandá-lo enfiar esse chá em algum lugar onde o sol não bate, mas apenas nego com a cabeça, e murmuro um bom dia mau humorado.

Kalel está brincando no cercadinho, mordendo a cabeça da boneca que a vovó Jay deu para ele. 

Às vezes tenho vontade de fazer o mesmo com as pessoas. 

Meu estômago começa a embrulhar quando sinto o cheiro do bacon que Louis está preparando, e vou correndo para o banheiro vomitar. 

Louis aparece instantes depois e segura a minha cabeça enquanto vomito tudo o que tenho estômago. Ele se levanta e busca a toalha na pia, a molha, e a coloca em minha nuca.

ㅡ Lindeza, precisamos ir ao médico. Você não está bem. ㅡ Ele sussurra enquanto segura pelos ombros. 

ㅡ É o anticoncepcional. Meu corpo não se acostumou ainda. ㅡ Eu digo abafado, com a voz trêmula. 

Minhas mãos tremem tanto e meu corpo está tão fraco, que Louis percebe. Ele me ergue e passa os braços em volta de mim, em um abraço.

ㅡ Mesmo assim, vamos marcar um médico hoje. Ele pode mudar a dosagem, diminuir os hormônios. Não é normal você passar mal assim. ㅡ Ele sussurra contra a minha têmpora. ㅡ Vou te levar hoje. 

ㅡ Não precisa. Fica com Kalel, eu posso ir sozinho. ㅡ Digo baixo ainda com o rosto em seu pescoço. 

ㅡ Harry… ㅡ ele afaga os meus cabelos. ㅡ Você ainda não percebeu que não está só? Eu estou aqui. Você não precisa lidar com tudo sozinho. 

ㅡ Eu sei. Mas não queria tirar Kalel de casa e levá-lo a um hospital. Eu posso ir de táxi, e eu te ligo se for algo mais sério. ㅡ Eu afasto meu rosto. ㅡ E você disse que precisava sair hoje. 

ㅡ Sim. Vou sair. ㅡ Louis dá um sorriso e eu sinto uma pontada em meu peito. 

Ele não me disse o que iria fazer, nem onde iria, e eu sei que não é nada relacionado ao trabalho porque ele não atende aos sábados. 

Eu tenho a sensação que Louis um dia irá se cansar de mim, e eu nem vou ter percebido… só irei saber quando ele já tiver ido embora. 

ㅡ Você pode levar o Kalel com você? ㅡ Eu digo inseguro engolindo em seco. 

ㅡ Não acho que seja ambiente para um bebê, mas eu dou um jeito. ㅡ Ele diz divertido e eu estreito os olhos. 

ㅡ Louis, você vai para um puteiro? ㅡ Eu digo sério, sentindo o sangue bombear mais rápido em minhas veias. Sei que meu rosto está ficando vermelho, ainda mais quando Louis joga a cabeça para trás e dá uma gargalhada alta. 

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