33. lover

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Um choro estridente faz meu coração acelerar. Logo em seguida, outro choro. Olho no relógio da mesa de canto e vejo que são quatro e meia da manhã.

ㅡLou, ㅡ murmuro sonolento ㅡ Jude está chorando e Kalel acordou também.

ㅡ Hm... ㅡ ele se espreguiça coçando os olhos ㅡ Já vou, amor...só mais cinco minutinhos.

Ele diz na maior calma enquanto Jude se esgoela no berço ao lado da cama e Kalel choraminga entre nós. Me levanto e pego Jude no colo. Louis parece despertar e coloca Kalel em seu peito, começando a dar tapinhas em sua bunda até ele voltar a dormir, enquanto eu dou a mamadeira para essa mini ferinha de olhos verdes grandes que mama igual um bezerro.

Bem que dizem que os filhos são totalmente diferentes um do outro. Kalel sempre foi calminho, paciente e carinhoso. Jude é o oposto. Com dois meses ela já faz pirraça e chora sem sair uma lágrima até conseguir o que quer ㅡ que na maioria das vezes é colo e mamadeira.

Nós amamos nossos filhos mais que tudo, e eles foram as melhores coisas que nos aconteceu, mas na primeira semana em casa, Louis fez vasectomia alegando que dois já eram o suficiente.

Não é fácil ter dois bebês pequenos, pelo contrário, é extremamente exaustivo. Não sei mais o que é dormir uma noite inteira, não sei o que é tomar banho ou comer tranquilamente, não me lembro a última vez que tive um momento só meu, e nós nunca mais fizemos sexo que durasse mais que cinco minutos. Mas eu não trocaria a minha vida por nada nesse mundo. Não nego que ficaria em dúvida se me oferecessem uma semana em um SPA relaxante na Índia, com direito a massagens e meditação... mas ninguém precisa saber disso.

Louis e eu temos procurado uma casa maior. Apesar de amar o meu apartamento, eu sei que ele se tornou pequeno e não nos serve mais. O apartamento de Louis é gigante, mas não quero me mudar para lá. É sofisticado demais para mim, e apesar de lindo, ele não me remete a um lar.

Quero um jardim grande para que daqui alguns anos nossos filhos tenham onde correr e brincar. Quero um escritório para que eu possa escrever minha coluna tranquilamente. Um escritório para Louis estudar para o mestrado. E um quarto para cada um de nossos filhos.

Louis optou pela Especialização em Transtornos Psicóticos Infantis. Ele não precisou me dizer porque escolheu essa área para se especializar...nós dois sabemos.

Eu sinto um orgulho absurdo dele. Louis pesquisa, estuda, e avalia todos os aspectos da doença de Kalel. Sei que nosso filho está nas melhores mãos do mundo, e que Louis fará tudo o que estiver ao seu alcance para que Kalel possa viver uma vida normal.

Não me importo nem um pouco em ter um filho especial. "Especial" nunca será uma palavra ruim, pelo contrário, ela mostra a grandeza da nossa estrelinha.

Coloco Jude em meu peito para que ela arrote e observo Louis e Kalel dormindo na cama. Nem nos meus melhores sonhos eu imaginei que a minha vida seria assim. Não me contenho e dou um sorriso largo. Eu amo meu futuro marido, amo tanto nossos filhos e eu nunca estive tão feliz.

Penso em como nossa vida mudou, e como as pessoas que amamos também mudaram.

A barriguinha de quatro meses de Zayn já está dando as caras. Quando ele nos contou no hospital ele já estava com dois meses. Liam está radiante. Nunca o vi tão completo e realizado.

Tenho separado roupinhas de Kalel para eles, afinal, Kalel só vestia amarelo quando nasceu. Depois de um ano, Louis transformou o nosso filho em um mini bebê punk, então a cartela de cores mudou para branco, cinza e preto. Eu poderia até reclamar, mas eu amo ver os dois se vestindo igual e desisto de todas as roupinhas amarelas que tenho em mente.

ACURAROnde histórias criam vida. Descubra agora