14. from eden

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Louis Tomlinson.

Visto o scrub e lavo minhas mãos por dois minutos. Nunca participei de nenhuma cirurgia, mas o conhecimento da faculdade de medicina nos ensina como fazer o procedimento de se esterilizar. 

Tento acalmar meu coração que parece um terremoto em meu peito. Não sei porque estou tão nervoso, não é como se eu fosse o pai de verdade. Mas, ver o Harry tão mal e indefeso, me faz ficar da mesma forma. 

Entro na sala e paro ao lado de Harry. Ele ainda está consciente e isso me conforta. Pego sua mão e a beijo, e ele finalmente me olha. 

ㅡ Eu estou aqui. ㅡ Sussurro baixinho fazendo um carinho em sua testa. 

Harry tem lágrimas nos olhos e não faço ideia de como ele se sente, mas aperto sua mão para confirmar minhas palavras. 

Eu estou aqui. 

O parto começa, e com a mão presa na de Harry fico de olho no monitor dos sinais vitais. A pressão ainda está alta, os batimentos cardíacos também, mas a oxigenação está boa. 

Não imaginava que estaria agora, em um hospital, assistindo a um parto de risco, segurando a mão de Harry, quando saí de casa apenas para abastecer o armário do meu apartamento.

Voltei de Nova York há exatos três dias. A pós-graduação ainda estava acontecendo, mas eu precisei vir para Londres para resolver as pendências do inventário do meu pai. Ele morreu há um ano e meio, mas a burocracia é tanta que até hoje estamos tendo problemas para regularizar os bens que ele deixou.

Minha mãe passa tempo demais no hospital, ela é neurologista, e desde a morte de meu pai, ela se entope de trabalho para tentar amenizar a perda, por isso, acabo resolvendo a maioria dos problemas burocráticos.

Olho por cima do pano e vejo que o médico está cortando a quinta camada de pele da barriga de Harry, faltam só mais duas para o bebê vir ao mundo. Sinto uma pontada de inveja do marido dele. Por mais novo que eu seja, eu sempre tive vontade de ter filhos, e todo esse ambiente só torna isso ainda mais palpável. Eu estaria eufórico agora, se não fosse pelo estado de Harry.

Sua pressão sobe um pouco mais e eu fico extremamente preocupado. Não sei o que me liga a esse homem, mas sinto um peso no coração que não consigo explicar. Harry foi o melhor sexo que eu já tive, mas se fosse só isso, eu apenas lembraria de forma carinhosa. Mas não é só isso… não sei o que é, mas Harry mexe comigo de tantas formas que eu sinto efeitos físicos estando perto dele.

Seus dedos apertam os meus, e eu o olho. Ele está com um semblante apreensivo e eu faço carinho em sua testa com a mão livre. Seus olhos estão claros devido as lágrimas, e se não fosse pelo desespero que reflete neles, eu diria que estão mais lindos do que nunca.

Nossos olhos se arregalaram simultaneamente quando ouvimos um choro, baixinho e contido.

Harry me cede o maior sorriso que eu já vi em alguém, e eu não consigo conter as minhas lágrimas ao sorrir de volta.

ㅡ Ele nasceu, Lou. ㅡ Harry diz com a voz fraca, mas seu sorriso brilha feito o sol. ㅡ Nosso filho nasceu.

Sorrio e afirmo, por Harry ter entrado no teatro de que sou o pai do filho dele.

ㅡ Ele está bem. Está tudo bem. Precisamos levá-lo a incubadora, mas você quer segurar ele um pouco, papai? ㅡ O médico o levanta, e meus olhos ardem pelas lágrimas que caem.

Harry me olha e assente, como se me desse permissão para segura-lo.

Dou a volta na mesa, e com cautela e medo, pego o bebê no colo. Tão pequeninho que tenho medo de machucá-lo. Ando com calma até estar ao lado da cabeça de Harry e me abaixo minimamente para mostra-lo.

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