24. peace

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As palavras de Louis se tornam ecos infinitos em minha mente. Meu coração para por alguns segundos.

Eu não o culpo, eu sabia disso. Eu sabia que seria assim. Eu soube desde o instante que ele descobriu.

Eu esperava isso, eu me preparei pra isso, e mesmo assim foi como levar um tiro bem no meio do peito.

Existem dois pontos em esperar algo:
O primeiro é que você se prepara, você acalma o coração, você espera pela tempestade em um dia ensolarado.
E o segundo é que você percebe que não adianta se preparar, o baque sempre será grande. A tempestade fará estrago mesmo se o solo estiver seco.

É o tipo de estrago que a vida nunca conseguirá consertar.

Por isso eu odeio tanto as palavras, porque elas constroem e destroem com a mesma força. Elas dão esperança e causam desilusão com a mesma intensidade. Elas abraçam e dão um soco no estômago.

Saio dos meus devaneios e volto a minha atenção à Louis. Ele deixa os braços caírem ao lado do corpo e sei que doeu tanto para ele falar, quanto doeu para eu ouvir.

ㅡ Eu não consigo ser o que você merece. Eu juro que tentei, mas eu não sei o que fazer para provar isso. ㅡ Ele soluça e eu tenho vontade de abraçá-lo e dizer que está tudo bem. ㅡ Eu não consigo. Tudo é muito intenso e eu não sei como seguir em frente, Harry.

Eu me limito em tocar seu ombro, assim como Liam faz comigo quando as coisas estão pesadas demais. Eu estou sofrendo, mas tenho certeza que para Louis está bem mais complicado.

ㅡ Está tudo bem, Louis. ㅡ Eu sussurro, como se quisesse provar para mim mesmo as minhas próprias palavras. ㅡ Está tudo bem. Você não disse nada que eu já não esperasse.

Sua mão sobe até a minha em seu ombro e ele aperta meus dedos com carinho.

ㅡ Eu não queria que você se sentisse dessa forma, mas eu não estou preparado e pronto para ficar com você, você entende isso? ㅡ Ele solta a respiração de forma lenta. ㅡ Eu te desejo mais que tudo, Harry... mas eu tenho outros sentimentos por você agora que não são bons. Você foi o melhor homem que eu já tive... mas eu não estou pronto, e acredito que você também não esteja.

ㅡ Talvez não. ㅡ Eu tento sorrir. ㅡ Talvez estar pronto seja uma utopia que o coração cria.

ㅡ Talvez. ㅡ Ele concorda.

Seu peito sobe e desce de forma lenta. Sei que assim como eu, ele está prendendo o choro. Me sinto na obrigação de confirmar a ele que ele não está sendo injusto comigo, ou que esteja enfiando o dedo em minha ferida aberta. Eu errei. Eu omiti. Eu aceito as suas objeções.

ㅡ Eu não quero que você precise me prometer nada, Louis. Eu não lido bem com promessas. Só quero que você seja honesto com você e com os seus sentimentos. Leve o tempo que precisar...o tempo precisa de tempo para se curar. Eu ouvi isso em uma música. ㅡ Eu digo de forma leve apesar das lágrimas que rolam em meu rosto a medida que as palavras saem da minha boca. Louis emite um som que não chega a ser uma risada, mas seu rosto permanece sério.

Ficamos em silêncio analisando o rosto um do outro. O olhar de Louis me diz tantas coisas, e ao mesmo tempo não me diz nada. Retiro a mão do seu ombro e mordo o interior da minha bochecha. Ele percebe a minha inquietude e pigarreia.

ㅡ Eu deveria ir... ㅡ Ele sussurra olhando para o chão.

Tenho vontade de pedi-lo pra ficar. Só mais um pouco, só por um instante, só pra eu sentir que ele ainda está aqui, mesmo sem estar comigo.

Hesito por alguns segundos, e então me permito dizer:

ㅡ Eu sei que não temos nada ㅡ eu limpo a garganta e desvio o olhar ㅡ e que acabou... mas você quer ficar aqui hoje a noite?

ACURAROnde histórias criam vida. Descubra agora