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Atualização dupla, quem amou!?

Seis meses depois. 

Com um mês Kalel teve a primeira crise. 

Crise é como prefiro nomear o que ele estava tendo. 

Eu não soube como agir, nunca fiquei tão desesperado em toda a minha vida. Lembro de como ele ficava se debatendo com as mãozinhas e os pezinhos no ar, e chorando descontroladamente. Não era um choro comum de um recém nascido. Havia algo de errado com ele.

Liguei para Liam aos prantos, e ele nos levou ao hospital. 

O médico disse que ele era perfeitamente saudável, e que poderia ser uma crise de dor de barriga, já que era comum em recém nascidos. 

Mas aconteceu de novo duas semanas depois. Ele chorava até se esgoelar e eu chorava junto, o balançando de um lado para o outro, até ele se acalmar. Os episódios duravam poucos minutos, mas era o suficiente para me desestabilizar por completo. Levamos ele a outro médico, que disse a mesma coisa, mas por precaução, pediu exames. 

Estava tudo normal. Todos os exames na mais perfeita ordem. Ele não tinha nem uma falta de vitamina sequer. 

Kalel não tinha nenhum problema, mas meu coração me avisava que havia algo de errado com meu bebê. Alguma coisa estava acontecendo...

Ele estava bem, e de repente estava se debatendo compulsivamente e minutos depois parava de chorar como se nada daquilo tivesse acontecido e soltava risadinhas ao ar. 

Só consegui parar de preocupar quando finalmente parou de acontecer. Já se passaram quatro meses sem nenhum episódio, e ele está crescendo forte e saudável.

Finalmente consegui relaxar e aproveitar meu filho, que diga-se de passagem está ficando cada vez mais parecido com o Louis. Tento não pensar nisso, o que é inviável, já que tenho uma mini cópia dele em casa.

Não tive mais contato, não sei o que aconteceu. Nunca mais o encontrei. Provavelmente tenha voltado para Nova York, e eu estaria mentindo se dissesse que parte de mim não fica aliviada com isso, porque fico. Mas parte de mim também fica receosa por pensar que eu estou apenas adiando e prolongando o inevitável.

Os primeiros dois meses foram difíceis. A falta de sono, a preocupação, o desespero. Eu sempre achava que estava fazendo algo de errado e que não conseguiria sozinho. Por diversas vezes, quando Kalel dormia, eu choramingava baixinho de frustração. Não queria estar tão cansado, não queria ter que deixo-lo no cercadinho enquanto escrevo minha coluna, não queria que ele percebesse que eu estava um caco. Eu precisava tomar conta do meu filho sozinho, eu tinha que fazer isso. Mas algumas vezes era demais pra mim, e eu pedia socorro a Liam, que atendia de prontidão... E bastava ele chegar dizendo: "cadê o brotinho do titio" para que Kalel se arreganhasse todo com seus olhos azuis brilhantes, suas mãoszinhas espertas e seu sorriso banguela. 

Quando o sono me pegava em cheio, ou quando eu precisava de um tempo a mais para mim, para lavar o cabelo por exemplo, era Liam quem ficava de babá durante a madrugada, e nunca reclamou nem um instante sequer disso. Ele ama tanto Kalel, que as vezes tenho medo dele sequestrar meu menino.

Kalel é o bebê mais sorridente desse mundo, e eu sou o papai mais babão desse universo. Basta ele soltar risadinhas ao ar para que eu me derreta todo.

ㅡ Come meu filho. ㅡ Tento lhe oferecer mais uma vez a colherzinha, mas ele se recusa a comer. Ele afasta a colher para longe, e nega com a cabeça.

Desde quando um bebê de seis meses sabe negar algo?

Estamos entrando na introdução alimentar, e estava indo tudo bem, até hoje.

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