22: O encontro

112 14 2
                                    

Lily chegou a pequena cidade com 10 mil habitantes. Não foi recebida por ninguém. Por que seria? Ela fugiu dali a mais de cinco anos.

Ao chegar a pequena rodoviária. Observou como nada havia mudado. Absolutamente nada. As mesmas pessoas sentadas nos mesmos lugares.

Ao chegar no estacionamento foi que observou que, enfim, tinha alguém a esperando na velha caminhonete da família.

Ao entrar no carro olhou a pessoa ao seu lado. Uma pessoa com qual conviveu 17 anos da sua vida e uma estranha. Ainda uma estranha. Talvez não tivessem nada em comum. Talvez fosse as tantas diferenças de temperamento. Talvez fosse o problema com a irmã.

- Oi, mãe! - Disse Lily encarando a mulher ruiva de 50 anos na sua frente.

- Lily! - Lily observou os olhos marejados da mãe e percebeu que nunca a havia visto chorando. Nunca. Nem quando ela perdeu o amor da vida dela. - Que bom que você veio!

- É, eu precisava! - Lily não sabia muito bem o que fazia ali. Mas sentia que era necessário resolver as mágoas do passado.

- Ficamos muito felizes. - A mãe respondeu sorrindo com lágrimas escorrendo.

Nós, Lily pensou. Petúnia estaria feliz com a presença dela ali? Muito provavelmente não.

A casa continuava igual. Uma casa de fazenda muito bonita. As fotos continuavam ali. Das duas irmãs na época em que ainda se amavam e dos pais felizes.

Aquilo fazia uma vida.

- Que bom que está de volta. - Disse Rose, a mãe de Lily, sorrindo para ela. Elas eram parecidas e ruivas.

Diferente de Petúnia que havia herdado os fios loiros do pai.

- Lily - Petúnia a cumprimentou ao entrar na sala de jantar. Ela estava de jaleco branco. Havia acabado de chegar do consultório. Era pediatra, pelo que Lily sabia. - Bem vinda de volta. - Lily estranhou o sorriso da irmã.

- Vamos jantar? - Rose pediu e Petúnia e Lily se sentram frente a frente na mesa da família.

- Como está na Europa, Lily? - Petúnia perguntou tranquila causando estranheza em Lily.

- Está tudo bem! É um bom trabalho. E o seu? E o consultório? - Lily perguntou tentando do assimilar o fato de que não via nenhuma daquelas pessoas a quase cinco anos e em nenhum momento elas tocaram no assunto. Ainda, pensou Lily. Eventualmente teremos que falar sobre isso.

- Tudo bem! É ótimo! - Petúnia respondeu olhando o prato como se tivessem conversado durante anos.

Jantaram em silêncio. O mais falante da família era o pai de Lily e quando ele se foi o silêncio se tornou constante.

Se sentaram na varanda observando as estrelas que a escuridão da fazenda permitia ver com clareza.

- Lembram quando o pai de vocês trazia vocês aqui e dizia que vocês eram estrelas? - a mãe disse observando as filhas sentadas com as taças de vinho nas mãos.

- Ele dizia que Lily era uma estrela. - Petúnia disse sem tirar os olhos do céu.

- Ele dizia para nós duas, Petúnia. - Lily respondeu a encarando.

- Mas era você quem queria ser uma estrela e conseguiu. - Petúnia retrucou.

- Ele amava vocês! Ele amava todas nós. - A mãe interrompeu o que Lily acreditava ser o início do fim da estadia dela ali.

- Nós sabemos, mãe. Não se estresse, está bem? - Lily observou Petúnia dizer com preocupação.

- O que está acontecendo? Por que Petúnia te olhou assim? - Lily olhou para a mãe se levantando da cadeira.

- Conte para ela, mamãe. Ou vai poupa-la mais ainda? - Petúnia encarou a mãe séria.

- Lily. - Ela não precisou terminar. Era o mesmo rosto de quando eles contaram que ela perderia seu melhor amigo, seu pai. E agora sua mãe estava doente. E ela tinha perdido pelo menos 5 anos da vida de todos ali.

Sem pensar Lily correu. Correu para o mesmo lago que correu quando soube do pai. Correu para o mesmo lugar que ensaiava suas músicas quando ainda sonhava em ser o que era hoje.

Sentada ali, ela chorou. Por James. Pela irmã e pela mãe. Chorou pelo pai e pela saudade que sentiu dos amigos enquanto estava na Espanha.

- Aqui. Tome. - Ela ergueu o rosto e viu Petúnia entregando uma taça de vinho para Lily e se sentando ao lado dela.

- Quando me contariam?- Lily perguntou sem olhar para irmã que encarava o lago.

- Nossa, eu odiava esse lugar quando eu era pequena. - Petúnia disse ignorando a pergunta da irmã. E ao ver a cara de espanto de Lily continuou. - Eu te ligaria. Eu sei que sim. Só estava procurando o momento.

Lily assentiu para a irmã. Ela não mentia. Ela era teimosa e grossa, mas era sincera.

- Por que odiava aqui? - Lily perguntou imaginando mil respostas incluindo que ela a odiava.

- Por que você preferia ficar aqui dançando e cantando do que comigo. E porque foi aqui que eu via o papai te admirando como se você fosse única. - Petúnia respondeu bebendo mais um gole de vinho.

- Ele te amava muito. Você era a menininha inteligente que seria médica. - Lily respondeu observando a água.

- Eu sempre fui esforçada. Você era especial e apaixonada pelo que fazia. - Lily se surpreendeu com a fala da irmã. - Você era a luz da vida deles. - Petúnia disse se referindo aos pais. - Quando papai morreu e você se foi, ela ficou arrasada. E eu também.

Lily estava surpresa. Petúnia e ela só brigavam.

- Você me odiava. Como assim? - Lily disse.

- Não odiava, eu tinha raiva de você ser perfeita. De todos te amarem sem você fazer o mínimo de esforço. - Petúnia sorriu. - Todos te amam. Inclusive eu.

- Eu também amo vocês! Muito. - Lily respondeu.

- E seu noivo? - Petúnia perguntou tranquila.

- Não tenho mais. Pedi um tempo. - Lily respondeu sincera se lembrando de Severo. Aquilo não era justo com ele.

- Que bom, ele era esquisito. - Petúnia respondeu e viu Lily encarar com espanto. - Quando Sirius veio aqui e nos mostrou uma foto de você com um cara de óculos e camisa xadrez. Você parecia feliz. Não entendemos quando você enviou foto do namorado para mamãe.

Lily tinha certeza que Sirius Black foi uma velhinha fofoqueira na outra vida.

- James. - Lily apenas citou o nome. Lembrar dele doía. - Ele é especial, mas nunca foi meu namorado. - Aquilo também era dolorido de admitir.

- Você parecia muito feliz. Ao lado dele, quero dizer. - Lily e Petúnia se viraram ao ouvir a mãe dizer e se sentar trazendo garrafa de vinho. - Aquele sorriso era o sorriso que você só dava ao seu pai. O sorriso mais verdadeiro de LILY EVANS.

- É, eu estava. - Lily respondeu abraçando a mãe. - Me desculpa não vir antes. Eu não sei.

- Nós também sentimos falta dele, Lily. Está tudo bem. Seu pai foi um grande homem. - Ela observou as filhas. - Ele amou vocês e a mim.

- O que faremos sem você? - Petúnia olhou para a mãe.

- Ajudarão uma a outra. - Ela respondeu abraçando as filhas. - Nós vamos ficar bem. Vocês vão ficar bem. Criamos mulheres fortes. Eu e seu pai sabíamos disso.

-

Oi, pessoal que está lendo! O que estão achando. Momento feedback. Que rumo vocês acham que a história vai tomar? Beijo e obrigada por lerem.

E quem ainda não leu.
Era dos Marotos - Finalizada
Você nunca caminhará sozinho - Finalizada
Mais um história - Finalizada

Por quanto tempo vou te amar? James e LilyOnde histórias criam vida. Descubra agora