29: O desabafo.

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Lily Evans havia dormido no hospital por dois meses após a primeira vez que James foi intubado. Ela ministrava as aulas na academia e ia para o hospital. Como se sair de lá pudesse afetar James de formas inimagináveis.

- Ele sonhou muito com isso. - Lily estava lendo para James quando ouviu uma voz familiar. Frank. O mais quieto entre os amigos de James, mas que havia assumido muitas responsabilidades desde que James entrou em coma.

- Com o que? - Lily perguntou sinalizando para ele entrar e sentar em uma das confortáveis poltronas do quarto de James.

- Com você ao lado dele. - Lily corou. Ela sabia que era verdade. Frank olhava Lily com carinho e James com amor. Ele amava o amigo que estendeu a mão para eles quando chegaram em Nova York.

- Eu iria voltar para ele. Eu tinha falado para ele. Ele sabia. - Lily respondeu e ela sabia que era verdade, apesar do que Severo havia feito, ela tinha dito para ele que voltaria para ele. Que ela sempre voltaria para ele.

- Ele sabe, Lily e ele vai voltar para todos nós. Agora, você precisa de uma noite de sono que não seja aqui. - Frank disse mais sério. Lily não sabia quando foi a última vez que havia dormido numa cama de verdade. - Alice está preocupada, Lily e eu não quero desobedecer a minha esposa que tem um bebê de 7 meses em casa. Não precisa ir para o duplex, fique com Alice e Neville. Eles vão gostar.

Lily olhou James. Ele já tinha tirado a entubação e respirava sozinho. As funções do cérebro respondiam melhor e a fisioterapia estava funcionando. Ela podia descansar.

Então, ela levantou e beijou a testa dele sussurando.

Vai ficar tudo bem. Frank vai ficar com você, meu amor!

Lily deixou James com Frank com o coração apertado. Quando chegou na casa de Alice que ficava no mesmo prédio que todos os amigos dividiam no Brooklyn brincou com o pequeno Neville, ela e James seriam madrinha e padrinho dele quando ele acordasse. Não demorou muito para Lily cair no sono. E Alice agradeceu por ver a amiga, finalmente, dormir em uma cama.

Frank despertou com o primeiro barulho. Algo estava acontecendo. As máquinas que mediam tanto o pulso e as ondas cerebrais do amigo apitavam constantemente e naquele momento, Frank soube que tinha algo errado. Ao chamar os médicos que cuidavam de James, ele foi retirado do quarto e observou os médicos ajudarem o amigo. Não entendia o que eles estavam fazendo, mas observou os aparelhos se acalmarem.

Febre, Frank ouviu Petúnia dizer enquanto tentava tirar Frank do choque e da sensação de quase perder James mais uma vez.
James teve febre e o corpo dele não sabia mais lidar com qualquer pequena doença.

Frank amanheceu acordado ao lado amigo. Não saindo em nenhum momento.

- Ei amigão! - Lily dizia que James podia ouvir, então Frank resolveu desabafar. - Eu sinto a sua falta, cara, todo mundo sente. - as lágrimas escorriam no rosto de Frank. - Você nos dá um susto por dia, hein? - O meu filho nasceu cara, ele é incrível, você vai conhecê-lo assim que despertar. Você tem que acordar, tem tantas coisas para a gente fazer. Lily senté a sua falta, todos nós senrimos, mas estamos nos esforçando e trabalhando em grupo, como você gostaria que fizessemos. Quero que o Neville seja tão corajoso quanto você. - Está na hora de acordar.

Frank se sentou na cadeira e adormeceu tranquilo, sabendo que James havia o escutado.

Quando Remus chegou, liberou Frank para ir para academia ministrar as aulas. Remus se sentou e observou o quarto com fotos e flores, Lily tinha transformado aquele lugar. James tinha que acordar para ver que a mulher que ele tanto amava estava ali para ele. Como ele sempre sonhou.

- Converse com ele! - Frank disse ao sair do quarto. - A Lily tem razão. Ele escuta.

Remus tinha ficado ali vários dias e noites. As vezes ele colocava música, tocava ou lia, mas raramente conversou com James. Não que não tivesse o que dizer, ele tinha, mas não ficava a vontade de conversar ali. Sem nenhuma resposta.

Mas naquele momento, sentiu que era hora.

- Olá, Jay! Eu sinto sua falta. Lembra quando éramos crianças e você sempre me defendia de todo mundo? Eu lembro. Mesmo naquela época, você tinha o famoso complexo de super herói. Sempre tentando salvar todo mundo e despertando o melhor nas pessoas. Se não fosse o desafio que você fez, Lily nunca teria ganhado a bolsa e se você não tivesse me encorajado a ser músico ao invés de outra coisa, eu não conseguiria sozinho. Portanto, eu queria dizer que eu te amo e sou grato. Eu sou muito grato, James. Você nem imagina. - Remus segurava a mão de James ao dizer. - Eu te amo, meu irmão. Mais que a vida, mais que todas as vidas.

Lily ouvia o discurso de James da porta. Os olhos marejados.

- Ele sabe, Remus. - Ela disse entrando e recebendo o abraço dele. - Ele sabe que você o ama. Que nós todos amamos.

Os momentos cruciais surgem inesperadamente na vida das pessoas e foi apenas quando Petúnia chegou para conversar com Lily e Remus que eles souberam que mais um momento crucial havia surgido.

James teve febre. Três vezes nessa semana.

A voz de Petúnia era cortante, naquela situação, ela era apenas a médica.

A coluna está melhor e o cérebro está mais ativo e eu faço pesquisas constantes.

Lily e Remus ouviam cada palavra com atenção e percebiam o desespero se aflorar.

Mas não sei como revertemos o quadro dele. Sinceramente, eu acredito que poderíamos fazer mais uma cirurgia.

Lily não podia acreditar. Mais 10 horas de espera, mais uma cirurgia arriscada. Ela sabia do talento da irmã, Petúnia virou a neurologista particular de James durante o ano inteiro que ele passou em coma.

- Não tem outro jeito? - Remus perguntou para surpresa de Lily.

Petúnia assentiu. Nao havia outra forma.

Os olhos de Lily se inundaram de água e ela saiu do quarto sem dizer nada.

Não podia perdê-lo.

Ao chegar na capela encontrou uma senhora de uns 70 anos estimou Lily. Ela estava sentada em um dos pequenos bancos e olhou para a garota ruiva que chorava. Lily notou que ela também tinha chorado e apenas se sentou no banco ao lado.

- Não vou perguntar se está tudo bem! Mas gostaria de saber se você precisa de algo! - A senhora olhou para Lily perguntando.

- Não, eu vou ficar bem. - Lily respondeu olhando para a frente.

As duas conversaram e fizeram preces juntas. Quando acabaram, Lily se sentia mais calma.

- Sabe, quando você não tem mais controle sobre nada? - Lily perguntou a ela sabendo que ela já teve a mesma sensação. Era possível ver em seus olhos.

- Oh, minha querida, eu sairei daqui para enterrar meu marido com quem eu fui casada por 50 anos. O amor da minha vida! - Ela respondeu para a surpresa de Lily. - Eu sei bem o que é não ter controle de nada.

- Eu sinto muito. Eu não podia imaginar. - Lily respondeu. Era curioso ela estar na capela após a notícia. - Não achei que a senhora estaria aqui.

- Eu vim agradecer a vida linda que eu tive ao lado dele. Todos os pequenos momentos, que se tornaram grandiosos porque ele estava lá. - A senhora respondeu tranquila. - Ele precisava ir e meu amor o segurava aqui, ele estava bem e estava pronto para partir, eu que não estava. Então, sem soltar a sua mão, eu disse que ele estava livre. E ele se foi. O amor é sobre liberdade.

Os olhos de Lily estavam marejados. Ela não sabia bem o que tinha acontecido, mas algo naquela senhora a tocou profundamente.

- Se você acredita que a história de vocês não terminou, minha querida, deixe ele livre para decidir. Se ele ficar, você está certa. - A senhora deu um abraço em Lily e saiu da capela, deixando a ruiva imersa em pensamentos.

Por quanto tempo vou te amar? James e LilyOnde histórias criam vida. Descubra agora