31: O relógio

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Tic tac tic tac.

Lily Evans observou o homem curioso a observar. Seu coração batia como um relógio. Lá estava ela, frente a frente com o homem que ela amava e ele estava claramente confuso. Lily piscava frenéticamente. Ela apenas o encarava completamente chocada. Ele se esqueceu dela? Era um castigo, só podia ser.

Deviam ter se passado alguns segundos desde que James havia perguntado quem ela era, mas para Lily anos haviam transcorrido ali. E sentindo um aperto no peito, ela não conseguiu responder a pergunta dele, afinal, quem era Lily Evans para James Potter?

Ela era a garota que esbarrou na água dele no café tão auto centrada em si mesmo que nem o viu. Ela era a garota que aceitou uma aposta por se sentir ofendida pela arrogância dele. Ela era a garota que invadiu o quarto dele para ouvir quem estava tocando saxofone tão perfeitamente. Ela era a garota que aceitou a ajuda dele no bar para os ensaios e dançou com ele, tomando a iniciativa de tocá-lo. Ela era a garota que flertou com ele durante tanto tempo apenas para ver o brilho do desafio nos olhos dele. Ela era a garota que admirou o talento dele, ela era a garota que sentiu ciúmes dele e a garota que ele ofendeu e pediu perdão. Ela era a garota que se declarou para ele, mesmo sem sentir correspondida. Ela era a garota que o viu tentar diversas vezes se aproximar. Ela era garota que o deixou naquele aeroporto mesmo com o coração em pedaços e foi para a Espanha. Ela era a garota que não voltou, que não ligou. Era a garota que quis odiá-lo. Ela era a mulher que voltou para ele, que o beijou, que sentiu raiva, que o amou e que o ama profundamente.

E mesmo assim, ela não conseguiu responder quem ela era para ele. Naquele milésimo de segundo entre a pergunta dele e a resposta dela ela se lembrou da ligação que ela fez para ele quando decidiu ir ver a mãe dela e a irmã e não voltar para Espanha. Antes de avisar a mãe, ela discou o número dele, que havia ido ao flat e não tinha sido recebido por ela logo após descobrir o motivo dele não ter ido para a Espanha. Ela ouviu o toque que chamava a ligação e ouviu o clique que ele havia atendido.

- Alô!

- James, é a Lily.

- Oi, tudo bem? Eu tentei te ligar e fui.

- Eu preciso falar. Você não precisa responder se não quiser, mas eu preciso, ok?

- Ok.

- Eu te amo. Eu te amo desde sempre. Não sei quando aconteceu realmente, não sei se há uma marcação temporal para isso. Mas eu amo você. Eu sabia, mesmo enquanto estava vendo você olhando para a Mary. Eu nunca senti algo tão avassalador. Mesmo quando eu te detestava, eu sentia algo mais.

- Entendo.

- A primeira vez que te vi tocar, o saxofone. Eu sabia. Algo em mim mudou. E eu fui embora e você sabe tudo que aconteceu. O que eu quero dizer é que você me afastou. Você não precisava. Eu entenderia. E eu esperaria por você. Mas a ideia que você me deixou ir tão facilmente me mata por dentro.

- Não foi fácil.

- Hoje eu sei que não. Hoje eu sei. Porque quando eu te vi naquele bar novamente eu não vi meu ex amigo, eu vi o amor da minha vida que me magoou.

- Eu sinto muito. Eu não posso mudar isso agora. Eu sei que perdi.

- Não, você não sabe. Meu coração fica em frangalhos só de saber que tenho que ficar longe de você, mas eu também tenho medo. Eu tenho medo de nós nunca funcionarmos.

- Eu não posso te pedir nada Lily.

- Peça. Eu quero que você peça. Eu preciso que você faça algo dessa vez.

Lily observava o quadro de voo enquanto aguardava a resposta que mudaria a sua vida ou não. Ela suava e as mãos tremiam.

- Olhe para trás, egocêntrica.

Ela se virou e lá estava ele como um flashback da primeira vez que ela partiu. Quando ele se aproximou, ela sentiu o coração pulsar e quando ele pegou a mão dela e a abraçou, ela encostou o rosto no ombro dele e o ouviu susurrar.

- Volte para mim, sempre volte para mim, viaje o mundo e volte para mim, realize seus sonhos e volte para mim, eu vou estar aqui, meu amor.

Lily sorriu e o encarou depositando um longo beijo nos lábios dele.

Ela sempre voltaria para casa. E a casa de Lily Evans era onde James Potter estivesse.

Após essa lembrança, Lily Evans, ainda preso naquele segundo após a pergunta dele procurou alguma resposta nos amigos. Nenhum deles obviamente demonstraram algo. Claramente, James não havia perguntado de Lily para eles. Ele ficou em coma por mais de um ano e até aquele momento havia reconhecido todos os que entraram no quarto. A única esquecida por ele era Lily Evans.

No mínimo era o universo punindo Lily pelo que Snape havia feito.

Lily se preparou para fazer um discurso sobre quem ela era quando viu os olhos do homem que ela amava se iluminarem de diversão. Lily viu um sorriso discreto se formar nos lábios dele. E foi só quando ele olhou para ela e abriu um imenso sorriso dizendo,

- Olá, egocêntrica, desculpa a demora, acho que eu precisava dormir um pouco. - James disse olhando profundamente nos olhos dela, estava com saudade, estava desesperado para vê-la desde o momento em que abriu os olhos. - Você voltou para casa. - Ele completou. Ele sentia tudo por Lily Evans. Ele sentia amor, desejo, saudades. Ele precisava dela como do ar.

Ele observou Lily suspirar com os olhos marejados após ele demonstrar que nunca poderia se esquecer dela. Era impossível.

- Eu não acredito nisso. - Lily disse olhando para ele. - Você me assustou. - Lily observou que todos os amigos foram saindo do quarto de forma discreta, os deixando sozinhos.

Ele riu alto. Da forma que somente ele sabia fazer.

- Eu fiz artes cênicas em Julliard. Gostou? - James perguntou rindo, enquanto assistia ela se aproximar dele.

- Arrogante, que saudade. - Lily queria abraçá-lo, mas apenas parou do lado dele na cama.

- Vem aqui. - James a puxou fazendo com que ela sentasse ao lado dele na cama e o abraçasse, Lily colocou o rosto no pescoço de James. - Eu jamais me esqueceria de você. Jamais.

Lily o encarou e ele segurou o rosto dela e depositou um beijo na bochecha dela. Ela encostou os narizes e sussurou.

- Eu não estou noiva. - disse somente para que ele escutasse.

- Seria muito ruim se estivesse. - James respondeu sorrindo para ela.

- Seria, não é? - Ela retribuiu o sorriso.

- Se estivesse noiva eu não poderia te beijar agora. - ele disse olhando para a boca dela e umedecendo os lábios.

- Pois é, isso seria uma pena mesmo. - Ela respondeu, inevitavelmente, encarando os lábios dele.

- Está flertando comigo, egocêntrica? - James a olhou abrindo um largo sorriso.

- Não apenas flertando. - Lily brincava com os cabelos na nuca dele. - Eu quero te beijar agora senhor Clark Kent da caverna.

- Então, é melhor beijar agora. - James respondeu fechando os olhos enquanto ela se aproximava.

Os lábios se encontraram e foi exatamente como da primeira vez. O encaixe, os movimentos. Tudo estava perfeito.

O ouvido apurado de James ouvia o fica tac do relógio e pensou que a partir daquele momento, ele iria viver cada segundo. De preferência, ao lado de Lily.

Por quanto tempo vou te amar? James e LilyOnde histórias criam vida. Descubra agora