CAPÍTULO 35

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ARIEL

▪︎25 de Dezembro, 2 meses e meio dos bebés

Cruzei as pernas e respirei fundo. As últimas semanas tinham sido um caos e em meio a toda confusão eu tinha ido a entrevista para conseguir o asilo. A resposta levava um tempo para chegar e há dois dias estava em minhas mãos. Não tinha aberto o envelope porque aquilo envolveria saber a verdade e eu não sabia se conseguia lidar com a verdade. Os últimos dezoito anos da minha vida se passaram em vários lugares, mas os últimos oito tinham sido aqui entre medo, sonhos, trabalho e paixões. Vivi tanta coisa que se eu tivesse que retornar para o meu país seria um pouco confuso para mim. Não me lembrava mais de como a vida era lá e além disso, Heroux não tinha conseguido nada sobre minha família. Estaria sozinha.

— Amor, estamos a sua espera — Heroux gritou me avisando.

Era natal, seis dias antes do aniversário de Heroux e uma noite diferente para nós. Era o primeiro natal que tanto ele quanto eu passávamos como a data mandava, em família. Aubert, Gui, Heroux, eu e as meninas. Tínhamos convidado Alysson já que ela era a madrinha das minhas filhas, mas ela recusou o convite alegando motivos pessoais. Não insisti e decidi que seríamos só nós na nova casa que tínhamos comprado.

Eu estava indo a psicóloga que Heroux me tinha arranjando e sinceramente, aquela foi a melhor decisão que tomei, falar sobre meus traumas e aquele dia aterrorizante me fez perceber que o que precisávamos era de mudanças. Heroux não pestanejou a minha sugestão e conseguimos uma casa do gosto de ambos em menos de uma semana, como havia sido de consenso mútuo não mudamos nada, tínhamos gostado da casa do jeito que vimos.

— Já venho — gritei. Com as mãos trêmulas, rasguei o selo do envelope e desdobrei o papel, as palavras se embaralharam na minha visão e precisei me acalmar para conseguir ler. Levantei e joguei água no rosto sem acreditar naquilo, pisquei algumas vezes e olhei de novo. — Amor, — saí do banheiro quase tropeçando e cheguei a sala — eu conse. . .

— Surpresa!! — Eles gritaram em uníssono me fazendo piscar atordada.

Heroux tinha Adisa na mão, Gui tinha Ayo e Aubert tinha uma placa de boas vindas junto de um buquê de flores grande. Eram rosas brancas.

— Vocês já sabiam?? — Perguntei com certa dificuldade, ao ver o letreiro atrás do meu namorado, seus irmãos e minhas filhas.

Todos estávamos vestidos em roupas natalinas. Os meninos tinham camisolas de malha verdes e eu com as meninas usávamos as mesmas em vermelho. Eu tinha me dedicado bastante para aquele dia ser prefeito, afinal, era o primeiro natal que os três passavam juntos depois da morte dos pais. Passavam anos e eu queria que aquele momento fosse especial e o começo de uma tradição. Não havia sido fácil convencê-los a entrar naquelas roupas, mas eu consegui.

— Claro que sim — Heroux veio me beijar. — Os advogados me informaram que se saiu bem na entrevista. E sendo assim tomei a liberdade de organizar essa surpresa.

— Obrigada.

— Não precisa agradecer amor, você não vai a lado algum e seremos a família que estamos destinados a a ser.

Heroux disse com um sorriso de canto a canto. Eu tinha conseguido um asilo e melhor que aquilo era a segurança de poder ficar definitivamente com a minha família e poder ajudar o pai das minhas filhas, o homem da minha vida nos próximos momentos da sua vida. Ele finalmente tinha feito a denúncia e François encontrava-se há uma semana prestando contas com a polícia. Após a denúncia de Heroux com muitos fundamentos nas provas que colecionara, várias outras denúncias para o mesmo homem começaram a surgir. O irmão da mãe era um homem perverso, porém, logo teria o que merecia.

UM LAÇO ETERNO《#Orfãos Cardin 1》Onde histórias criam vida. Descubra agora