EPÍLOGO

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HEROUX

▪︎5 Anos depois

- Pai, vamos - Adisa puxou minha mão. Autoridade era o nome dela do meio, e não, eu não iria com ela fazer um castelo de areia para competir com Aubert e Guillaume. Eles eram perfeitos naquilo.

- Filha, o pai não sabe fazer castelos de Areia. Porquê não vai brincar com sua irmã e seu irmão.

- Eles não querem brincar na areia, estão ocupados pintado livros de crianças.

- Você devia fazer o mesmo.

- Eu não sou criança! - Bateu com o pé no chão.

Eu levantei os óculos de sol e olhei-a desafiador. Desde que ela tinha apreendido a contar, a ler e tinha pedido insistidamente para mudar de escola, porque estava "farta dos colegas fazendo barulho enquanto ela tentava ler algum livro", seu ar de superioridade estava no alto. Me sentia um vovô, ela estava crescendo rápido e o psicólogo nos disse que era normal para crianças com alto QI como dela. Minha filha, de apenas cinco anos era grande apreciadora de limites.

- Não? Então porquê quer castelos de Areia para competir com as outras crianças? - Apontei para as que estavam ao lado dos meus irmãos.

- Não vou competir com eles, vou competir com meus tios e claro, aproveitar ganhar aquelas crianças mimadas.

- Então você já perdeu, seu pai não sabe fazer castelos de Areia e nem está disposto a aprender.

Adisa cruzou os braços e estreitou os olhos me encarando desafiadora. Se tinha algo que ela não aceitava era não como resposta, mas vezes eu conseguia dobrá-la. Eu era o mais velho, não importava se ela já tinha lido toda a saga dos livros infantis do doutor Chu e classificado como juvenis demais para ela.

- Tio Aubert tem razão, vocês são só parecidos, mas ele é mais inteligente. Vou fazer meu castelo sozinha e vou ganhar.

Minha filha era muito competitiva, do tipo que tinha um péssimo espírito desportivo. Ela era daquelas que receberia o prêmio do segundo lugar e apertaria a mão do adversário querendo que ele morresse para ela ficar com a medalha.

- Tem que aprender a perder filha - gritei enquanto ela andava de volta ao ponto onde os tios estavam.

Assisti minha filha tentar ao máximo, com toda a determinação e, não conseguir construir algo decente. Ela fechou os punhos derrotada e foi para dentro como um foguete. Sorri de canto e continuei com o livro que estava lendo. Termos tirado duas semanas de férias para a família tinha sido uma ótima ideia, claro, depois de eu adquirir uma ilha particular. Ninguém concordou quando eu disse que ia comprar uma, mas agora estávamos ali, felizes e sorridentes.

- Porquê Adisa está ranzinza fazendo a mala e dizendo que vai pegar o avião e fugir nos abandonando todos aqui? - Ariel veio se sentar no meu colo, puxando meus óculos para cima e me dando um beijo apaixonado.

- Castelos de areia.

- Ah, devia ter feito com ela, amor.

- E depois virar chacota por perder dos meus irmãos ? Nem pensar. A zanga de Adisa acaba com um abraço, mas as brincadeiras dos meus irmãos duram até as férias seguintes. Não estou interessado em virar assunto pelos próximos trezentos e sessenta e cinco dias. - Quando terminei vi minha filha arrastando a mala de viagens pela areia. Rolei os olhos e Ariel sorriu. - Céus, quem estragou aquela miúda?

- Ainda pergunta?

- Vou conversar com ela.

Levantei a mulher no meu colo com cuidado e a depositei sobre a espreguiçadeira, como uma porcelana rara, porque era isso que ela era. Um peça rara. Coloquei a camisa, dei um beijo na sua barriga redonda e fiz o curto trajeto até onde Adisa, em gestos de pura irritação, falava para o piloto alguma coisa que eu supunha ser o seu desejo de nos abandonar aqui.

UM LAÇO ETERNO《#Orfãos Cardin 1》Onde histórias criam vida. Descubra agora