CAPÍTULO 6

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ARIEL

Alysson não saiu com uma boa cara do escritório, seus olhos estavam vermelhos e sua postura um pouco abatida enquanto caminhava até mim. Ela não conseguiu. Pensei. Não conseguiu me ajudar e provavelmente estava se sentindo mal por isso. Fora sincera, queria mesmo poder fazer algo por mim. Percebi isso quando sentou-se ao meu lado segurando minha mão e sacudindo a cabeça contendo-se para não desabar. Soube que queria chorar, a mão frenética limpando o canto dos olhos denunciou, mas ela não o fez. Era do tipo durona, do jeito que eu gostaria de ser pois antes mesmo que desse conta, estava chorando copiosamente em seu colo.

— Ariel, precisa se controlar, não está tudo perdido — disse alisando minhas costas. Sua expressão facial não era das melhores, então como eu podia ter esperança que tudo iria ficar bem? — Vou arranjar um lugar para ficares enquanto o exame de paternidade é requisitado e se aguarda pelo resultado.

— Um exame de paternidade? — Assentiu. Eu não tinha objeções a isso.

— Agora eu preciso trabalhar, espere-me aqui, em algumas horas virei buscá-la para irmos a sua nova moradia.

Quando ela disse isso, pensei no lado positivo de tudo, teria um lugar para enfrentar os próximos dias. Isso já era uma ajuda das grandes se levasse em conta o fato de que meu novo título como pessoa era sem teto.

— Obrigada.

— Não me agradeça, faria o mesmo se estivesse no meu lugar — levantou-se e tomou uma nova pose. — Fique a vontade pois o trabalho será demorado.

Não consegui ficar a vontade, não nos primeiros minutos entre o alvoroço dos funcionários andando de um lado para o outro, passando pela sala onde estava acomodada e deixando seus olhares de reprovação. Será que nunca tinham visto uma mulher grávida em desespero? Porque se os olhares despissem, eu estaria nua, eram julgadores demais.

— Ariel. — respondi, levantando meu rosto e encarando a pessoa que chamou por mim. Senti uma pontada de vergonha quando meus olhos desabaram em Joane. Queria dizer-lhe o quanto sentia pela confusão, certamente seria compreensiva assim como seu olhar. Estava numa situação complicada e agi segundo o que o momento exigia, então aceitava a pena, compaixão e também a repulsa por ter destruído uma cerimónia. Não reclamaria por nenhum dos sentimentos direcionados a mim. — Peço que me acompanhe, — sequei algumas lágrimas e acenei. Provavelmente teria de esperar por Alysson fora. — Está aqui há mais de duas horas e não comeu nem bebeu nada, precisa se alimentar — completou enquanto andávamos, deixando-me surpresa.

— Obrigada, mas não estou com fome. — Senti que não merecia tamanha simpatia, então recusei. Joane me lançou um olhar de desaprovação, eu dei um sorriso fraco acrescentando: — Sério, eu estou bem, não preciso.

— Ariel — neguei, eu queria mesmo era ficar sozinha. — Então apenas venha comigo, vai ser melhor ficar num lugar mais reservado. — Ela olhou ao redor, reprovou os olhares que os outros funcionários me passavam e me deu um sorriso. Segurei sua mão após ponderar sua oferta e decidir aceitar. Ficar na sala estava me deixando vulnerável, então era melhor um lugar tranquilo. Caminhávamos pelo longo corredor comigo perdida apreciando tudo pelo caminho, uma cozinha, uma sala dupla, — ambos lugares com vista para uma piscina — e várias obras de arte. Ao fim, virei com Joane no final do corredor e encaramos uma porta. Ela abriu e entrei, era uma outra cozinha. — Sente-se ali, vou fazer um prato — indicou o banco próximo a ilha de inox.

Não me opus a sua oferta, sentei num suspiro admirando tudo a minha volta, a cozinha era enorme, do tamanho de alguns apartamentos arriscava-me a dizer, e muito bem equipada. Os utensílios eram todos em inox jogando perfeitamente com as paredes brancas, os candeeiros pretos no teto e as entradas em madeira clara. O lugar era simples em termos de variação.

UM LAÇO ETERNO《#Orfãos Cardin 1》Onde histórias criam vida. Descubra agora