ARIEL
A privação do sono estava me fazendo enlouquecer. Lancei-me no sofá e respirei fundo, minha existência havia sido reduzida a maternidade. Eu era uma máquina de fazer leite, ninar meus bebés e trocar fraldas. Heroux ajudava-me, mas só nas noites. Nos últimos dias ele tinha voltado ao trabalho, disse-me que seria por pouco tempo, ele precisava resolver alguns assuntos antes de tirar o descanso que tinha prometido.
— Bom dia Ariel, deseja o pequeno almoço? — Levantei o polegar. Eu desejava dormir na verdade, mas comer era uma ótima ideia dado que eu tinha de alimentar duas pessoinhas que não se importavam comigo. Só queriam seu leite. — Trago aqui ou sirvo na cozinha?
— Virei até a cozinha.
Arrastei-me até a cozinha e sentei próximo a ilha, um prato recheado me foi entregue e eu agradeci. Comer era o escape do meu dia, afundava tudo o que me preocupava na comida, desde os choros dos meus bebés até a leve distância de Heroux. Havia alguma coisa o incomodando, mas ele não falava. Não entendia porquê já que éramos uma dupla e supostamente deveríamos partilhar nossas inquietações. Terminei a refeição e subi para o quarto, um banho fez-me bem. Troquei de roupa, desfiz o coque no cabelo e pus um pouco de perfume para minimizar o cheiro de leite.
— Oi princesas da mamãe — entrei no quarto delas. — Obrigada Ximena, vou ficar com elas até o pai voltar. Vão ficar com mãe né lindas? O que acham de um pouco de ar livre?
— Eu posso ficar com a senhora, para que possa descansar mais — Ximena se ofereceu.
— Aceito. Obrigada.
Coloquei as meninas em roupas mais quentes, a temperatura estava consideravelmente baixa lá fora. Saí com minhas princesas até ao terraço e deitei-me no sofá após colocá-las na cama balançante que Heroux montou por lá. Fui balançando com a ponta do pé enquanto mexia o celular. Ximena estava ao lado delas então me sentia menos pressionada. Um pouco de leitura sobre o que se estava passando no mundo me faria bem. Caí no sono sem muito esforço e fui acordada na mesma intensidade com o celular tocando. Abri os olhos preguiçosamente e vi o nome do meu namorado na tela, deslizei para cima atendendo a chamada.
— Oi amor — falei de forma arrastada. — Como está o trabalho?
— Ariel, as bebés estão consigo? — Perguntou de forma calma e preocupante. — Ariel?
— Oi, sim, estamos no terraço — me levantei para sentar.
— Tem certeza Ariel?
— Sim eu . . . — perdi a fala olhando para o balanço. Apenas uma estava ali, meu coração saiu pela boca e eu senti uma leve falta de ar. — Heroux, só Adisa está aqui comigo. O que foi que aconteceu? — Enquanto aguardava sua resposta, tentava entender tudo ao meu redor. — Ximena!!! — Gritei. Ela estava comigo há, olhei para o relógio, mais ou menos uma hora.
— Pegue Adisa, liguei para um táxi que está a vossa espera, saía pela parte dos fundos Ariel.
— Como? Eu tenho que ver Ayo, onde ela está? Ela e Ximena estavam aqui! — Comecei a ficar assustada, mas fiz o que mandou. Peguei minha filha e desci pelas escadas enquanto o tinha em linha. — Heroux, vai me explicar o que está acontecendo? Onde está minha filha?
— Ariel, apenas saía daí, faça isso rápido. Não leve nada além da bebé.
Obedeci e fui caminhando pela rota recomendada, saí da casa e encontrei o táxi parado. Entrei segurando minha filha no peito e afundei na cadeira, ela começou a chorar. Comecei a balançá-la no meu peito para se acalmar.
— Heroux quer me explicar o que está acontecendo? Onde está Ayo? — Ele não respondeu, meu coração se apertou e uma lágrima rolou. Como eu era ingênua de fazer àquela pergunta, nossa vida estava em todos os jornais e ele tinha me dito que tinha inimigos por toda parte, certamente agora sabiam que sua fraqueza eram suas filhas. A ficha caiu, ele não precisava me dizer. — O que eles querem em troca?
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UM LAÇO ETERNO《#Orfãos Cardin 1》
רומנטיקה[HISTÓRIA FINALIZADA, DISPONÍVEL POR TEMPO INDETERMINADO] Uma família seperada por uma tragédia. Heroux foi separado dos seus irmãos após a morte de seus pais, seu tutor era um homem ganancioso, e ele se tornou o produto da vida que levou ao lado de...