HEROUX
A melhor decisão que tinha tomado até então foi correr na chuva para casa de Ariel e não ter desistido quando ela fechou a porta na minha cara. Ficara lá, esperando. Em algum momento ela teria de acordar e isso aconteceu. Ariel me resgatou de um tremor intenso e me acolheu em sua casa. Após um episódio nada agradável no seu banheiro fui acolhido no seu quarto e ela cuidou de mim nas horas seguintes. Eu tinha estado mal devido a molha que pegara, sentia calafrios e meu corpo estava aquecendo como nunca antes. Eu não era de ficar doente e estando ali, naquelas condições, muita coisa foi esclarecedora para mim.
Vê-la cuidando de mim com tanta devoção me fez perceber o quão idiota eu tinha sido e no quanto Aubert tinha razão. Eu a tive sob meu teto e ao invés de prestar atenção fiquei criando limitações para sua presença. O mesmo não aconteceu comigo na sua casa, ela fora hospitaleira comigo, verificara minha febre, me entupira de sopas e chás que eu não estava gostando do sabor, mas tomava apenas para deixá-la descansada porque era claro que estava preocupada com minha recuperação. Aquilo havia sido suficiente, eu soube que estar ali era o que devia ter feito há muito tempo, estar com ela. Porém, não do jeito confuso que eu estava. Eu a queria, mas eu precisava saber se ela me queria, com toda a bagagem que eu tinha.
Decidi desabafar com ela e foi a melhor coisa que fiz. Ariel não me julgou nem respondeu com teorias da mente como Sullivan por vezes fazia, ela apenas me ouviu e sentiu a minha dor. Segurou minha mão e limpou minhas lágrimas, fora tudo o que eu precisava que ela fosse, um ombro amigo. E tomado por tudo isso, vi-me pedindo que fizéssemos amor. Eu não queria apenas fazer um sexo insignificante, mesmo que com ela não tivesse como isso acontecer, então pedi que se deitasse comigo da forma mais cativante possível. Não cogitei que ela fosse aceitar meu pedido, mas então ela fez e foi a coisa mais louca que alguma fiz. O sexo com ela era simplesmente fantástico, ela se entregava sem pudor e me levava a loucura. Ariel era droga que eu precisava na medida certa e enquanto cozinhava o pequeno-almoço para ela soube disso. Quando a ajudei a tomar banho e ela a mim tive a máxima certeza daquilo. Eu não achava mais que eu gostava dela, eu gostava dela sem exceções e precisava dizer-lhe aquilo.
— Ariel — chamei baixinho quando ela ia abandonar o quarto, — precisamos conversar.
— Hum, — veio se sentar ao meu lado na cama. — Algum problema?
Nenhum problema, tirando o fato de que eu sabia que ela estava sem calcinha e vendo seus mamilos sob o tecido do vestido que escolhera para ela. Suspirei, nervoso demais e com as palavras pesando uma tonelada em minha garganta. Como é que se falava que você gostava de alguém? Eu nunca fizera isso antes e por isso estava suando. Não me lembrava de alguma vez ter dito a uma mulher que gostava dela ou de alguém dizendo que gostava de mim. Se ao menos eu fosse o tipo que via filmes eu poderia improvisar algo. De repente todas as vezes que recusei ver alguma comédia romântica com meu irmão pesou. Eu saberia como agir se tivesse aceitado ao menos um filme.
— Está linda — foi o que saiu da minha boca. Ela sorriu e colocou algumas mechas do cabelo para trás. E agradeceu. — Vamos, a comida já deve ter esfriado — Ariel aceitou minha mão.
— Uau — disse, ao apreciar a mesa que montei em sua varanda.
Estava um dia lindo após a chuva, o céu estava limpo e achei que aquele lugar seria o melhor, um pouco de ar puro não nos faria mal. Servi tudo o que ela quis, frutas, bolo, ovos, Ariel comeu de tudo e com gosto. Elogiava cada item que provava e eu agradecia dizendo que não tinha sido nada demais. E não fora. Pela primeira vez cozinhei com prazer, do início ao fim. E não me arrependia pois tanto a mulher ao meu lado como seu amigo estavam apreciando bastante a refeição. Eu me mantive no básico, provar tudo aquilo no momento de confeccionar minou meu apetite. Ariel me olhou comendo o bolo e sorriu. Retribui o gesto, gostava de vê-la sorrir, era uma visão acalmante.
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UM LAÇO ETERNO《#Orfãos Cardin 1》
Romansa[HISTÓRIA FINALIZADA, DISPONÍVEL POR TEMPO INDETERMINADO] Uma família seperada por uma tragédia. Heroux foi separado dos seus irmãos após a morte de seus pais, seu tutor era um homem ganancioso, e ele se tornou o produto da vida que levou ao lado de...