UM LAÇO ETERNO《#Orfãos Cardin 1》

CAPÍTULO 29

HEROUX

Estava em total pânico ao lado de uma Ariel vestida em roupas hospitalares e esperando reunir as condições necessárias para ser levada a sala de cirurgia. Alisava sua mão e sussurava em seu ouvido que tudo ia ficar bem. Não tinha certeza daquilo, mas tinha algo que há muito não se manifestava em mim, fé. Acreditava que quem quer que estivesse lá em cima olhando por nós os quatro, não nos decepcionaria, principalmente porque as exigências para ela ser encaminhada a operação eram muitas e nós já estavamos ficando sem tempo. Era de extrema urgência que as bebés nascesse naquele período e para isso, a anestesia devia fazer efeito e a pressão arterial de Ariel tinha de baixar.

— Ariel, precisa se acalmar — sussurrei, beijando sua testa.

— Eu sei — ela disse, inalando e exalando o ar. Ela sabia mais do que ninguém eu, então apenas continuei segurando sua mão. — Heroux, promete que vai cuidar delas — me encarou.

— Que conversa é essa? Nós vamos cuidar delas, não me peça algo assim — soei duro e firme. Entretanto estava enterrado no medo, completamente apavorado por tudo aquilo. O médico não tinha nos dito boas coisas, porém, continuei forte, pôr nos quatro. — Nós vamos fazer isso juntos, ouviu bem? — Acenou. — Você é forte, conseguirá passar por isso.

Ariel assentiu fazendo seu exercício de respiração. Os médicos vieram e a observaram, a anestesia já estava fazendo efeito, mas a pressão continuava alta.

— Vamos esperar mais meia hora e vamos administrar um medicamento para evitar que tenha convulsões durante a cirurgia — Doutor Yoshida disse, pedindo a enfermeira para fazer aquilo. Não tínhamos muitas escolhas. — Daqui em diante é para salvar os bebés, mas faremos o máximo para ajudá-la também — isso ele acrescentou em particular.

Não tive palavras para responder aquilo, voltei a sala e sentei-me ao lado de Ariel. O tempo parecia ter parado e as coisas ao nosso redor desaparecido, ambos estavamos atentos ao medicamento que descia lentamente para seu corpo. Evitar convulsões, pensei. Aquilo era péssimo, evitar ainda era uma palavra que deixava espaço para a possibilidade existir. Eu não queria que o pior acontecesse. Respirei fundo mas nada de ficar calmo, meu interior era um misto de emoções mesmo que o exterior estivesse transbordando em calmaria.

— Oi — Aubert entrou na sala, fora ele que nos trouxera até aqui. Havia sido uma viagem horrível, gritei com ele o caminho todo enquanto tentava acalmar Ariel. — Pedi para Joane ir lá em casa fazer uma pasta com as coisas que receberam. Alysson é quem trará — informou.

— Obrigado — Ariel virou para olhá-lo, estava silenciosa. — Pediu para evacuar o andar como instruí?

— Sim, liguei para a empresa de segurança que sugeriu também — disse, indo ficar do outro lado e segurando a mão da minha namorada. — Oi, como estás?

— Bem, — suspirou — não sinto nada. Aceita ser o padrinho delas? — Aubert olhou para mim surpreso, acenei dando a indicação de que podia responder segundo sua vontade. Àquele momento eu não me importava com aquilo, só queria que ela e as meninas estivessem bem. — Aceita ou não? — Aubert aceitou com um sorriso. Ariel sorriu de volta, mas seu sorriso não chegou aos seus olhos. Puxou a minha mão e do meu irmão até seu abdômen. — Quero que me prometam que vão cuidar delas caso algo me aconteça — começou por dizer, eu abri a boca mas ela foi rápida — não me interrompa — pediu. — Sempre, desde o meu quinto mês, soube do risco, tentei ser forte e fui, mas estou com medo e a única coisa que pode me acalmar é a certeza que não tinha há treze semanas, que caso me acontecesse algo elas teriam com quem ficar. Quero que vocês sejam essas pessoas que ficarão com elas.

Aubert acenou enquanto me encarava. Eu queria impedí-lo de aceitar algo tão... aterrorizante, mas também sabia dos riscos e nossa meia hora já estava se esgotando. Logo Ariel iria para sala de cirurgia e nós só podíamos esperar o melhor. Iria assistir de longe, estaríamos separados por uma parede vidro, os médicos acharam que era o melhor para nós os dois.