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Sarah estava almoçando e surpreendeu-se com a invasão de Juliette em seu escritório. Depois que a olhou, ficou mais surpresa ainda com o estado dela. Viviane surgiu de repente, e agarrou o braço de Juliette, a puxando para fora do escritório.

— Deixa-a. — Sarah falou para Viviane que a olhou inconformada. — Eu falarei com a Juliette. Quando sair feche a porta, por favor.

Viviane a olhou contrariada por alguns segundos, mas acatou a sua ordem. Soltou o braço de Juliette e fechou a porta.

Juliette ajeitou a sua blusa já tão estragada, e caminhou até a poltrona tão agradável, sem conter o alívio por sentar em algo tão convidativo ás suas costas. Estava apreensiva, e também envergonhada, não sabia muito bem como iria abordar o assunto, aliás, o preço seria alto.. E se a Sarah não concordasse?

— Houve um avanço científico e as vacas começaram a falar? — Sarah perguntou, olhando com bastante interesse para figura apática de Juliette.

— Perdão? — Juliette perguntou confusa, então, se lembrou do que tinha dito antes de sair do escritório com o orgulho inflamado. Observou o sorriso provocativo de Sarah se formando nos atraentes lábios, apertou os olhos. — Vai ficar de graça? Por que se for, eu vou embora. — Disse, ameaçando se levantar.

Sarah levantou a mão para que ela ficasse no mesmo lugar, ao ver a Juliette voltando a se sentar, o sorriso se desfez dos seus lábios. Pegou um guardanapo e limpou a sua boca, mas sem tirar os olhos de Juliette. O estado das roupas de Juliette estava deplorável, não passou despercebido o machucado do joelho. A curiosidade a invadiu, queria saber o porquê de ela estar assim, e claro, por ela ter aceitado a sua proposta.

— O que aconteceu com você, finalmente? Por que está toda suja e machucada? — Sarah questionou, colocou o guardanapo na bandeja e afastou de sua frente.

— Eu caí. — Respondeu Juliette dando de ombros. — Nada demais. Podemos falar no que realmente interessa?

— Claro. — Sarah ficou ereta na poltrona. — Será uma semana, em Recife. — Juliette ficou surpresa, mas não questionou nem reclamou. — Os meus pais irão renovar os votos, será um grande evento social. Passaremos esse tempo na casa deles, então, é imprescindível que nos tratemos da melhor forma possível. Quero que a minha família acredite que estamos apaixonadas.

Juliette ficou pensativa.

— Por que quer enganar a sua família com um relacionamento falso? Por que não arranja um relacionamento de verdade?

— Isso não vem ao caso agora. — Sarah bateu as unhas na mesa. — Quero que seja carinhosa e amorosa comigo na frente dos meus familiares.

Juliette riu. Na realidade, ela soltou uma gargalhada que fez a Sarah arquear a sobrancelha, estava começando a questionar a sanidade da morena.

— Imagina um caminhão, um dos maiores que tem.. E atrás do volante, tem uma caminhoneira. Eu sou essa mulher, a caminhoneira. Não sou dada a melação sentimental nem com uma calda de mel escorrendo pelo meu corpo. — Juliette disse ainda rindo. — Não sou romântica.

Sarah considerou a calda de mel percorrendo pelo corpo de Juliette nua. Foi uma imaginação bem fértil e que ficaria em sua mente. Também registrou em sua mente como Juliette era linda rindo.

— Eu também não sou romântica. Mas fui uma ótima atriz nas peças de teatro do colégio. — Sarah sorriu. — Você só precisa fingir estar apaixonada. Acha que será difícil? — Sarah perguntou piscando os olhos. Juliette ficou uns segundos olhando para Sarah.. Ela era tão linda, que não seria nada difícil fingir isso, principalmente se ficasse em transe sempre que a olhasse.. Como dessa forma. Percebendo o que estava fazendo, ficou corada. O que arrancou uma risada rouca de Sarah. — É eu acho que não.

— Prepotente. — Resmungou a Juliette. — Fingirei até que você é a única mulher da face da terra. Mas antes quero o meu dinheiro. — Juliette se sentiu suja por dizer isso, mas não teria sexo no meio, era apenas uma farsa.

— Justo. — A expressão do rosto de Sarah não se alterou, ficou impassível. Ela pegou a sua bolsa e tirou um talão de cheque, o abriu e buscou uma caneta. — Quanto vai querer?

Moída de coragem, e afastando a vergonha de si, disse:

— Dez mil reais.

Juliette manteve o queixo erguido, mesmo quando Sarah levantou a cabeça para olhá-la. Não soube dizer o que a mais velha estava pensando, mas não queria saber.

— Muito bem. — Sarah preencheu o cheque e o puxou do talão. — Dez mil reais. — Juliette estendeu a mão para pegar o cheque, porém, Sarah levantou a mão e o balançou, recebendo um olhar questionador de Juliette. — Posso confiar realmente em você? E se der para trás? Como vou saber que não vai me enganar?

Juliette cruzou os braços, o seu rosto ficando bastante vermelho. Poderia ser tudo, menos mentirosa.

— Eu honro com a minha palavra. Se eu disse para você que irei fazer, eu vou. — Juliette retrucou. — E outra você tem todos os meus dados na minha ficha. Quer saber? Por que não rediz logo um contrato?

— Isso me parece bastante atraente. Não me leve á mal, eu sou uma empresária, sou precavida.

— Não á levo mal nem bem. Faça logo esse contrato, isso é apenas um negócio. — Juliette deu de ombros, estava mais preocupada em pegar o cheque e se livrar daquele homem.

Sarah estudou a Juliette por um momento. Tinha algo de errado com ela, os seus ombros estavam pesados como se ela carregasse algum peso muito grande, ás vezes, os seus olhos ficavam aflitos. Definitivamente, alguma coisa muito errada.

Não querendo prolongar essa aflição em Juliette, entregou o cheque. Viu o alívio no rosto da morena. Pelo modo que a mesma saiu do seu escritório revoltada e depois voltou resignada.. alguma coisa tinha acontecido de muito sério. Não se surpreendeu com a quantia, podia pagar, e nem a julgou. Se fosse o inverso, talvez, tivesse pedido mais.

Sabia que Juliette era uma boa pessoa. Bastava olhar em seus lindos olhos para saber disso.

— Eu posso ir embora, agora? Quero dizer.. para casa, e não voltar á trabalhar. Pode até descontar o dia do meu salário. — Juliette disse em tom cansado.

— Melhor. Por que não tira os dias que antecedem á viagem de folga para se organizar?

Juliette quase se desbulhou em lágrimas de felicidade ao escutar isso. Então, uma questão pairou em sua mente.

— Quando é a viagem?

— Daqui á três dias, no meu cálculo, Domingo viajaremos. Algum problema para você, querida? — Sarah perguntou com amabilidade.

“Querida”. Era uma palavra bastante simplória, usada no dia-a-dia, ás vezes, usada em pura ironia, mas Sarah pronunciou de uma forma tão doce que foi quase.. Íntimo.

— Três dias? Não.

— Ótimo. Organize tudo que tem para organizar, arrume as suas malas e descanse. A quero bem disposta e bem humorada no domingo. — Sarah olhou em seu relógio. — Passarei em sua casa de manhã, em torno de dez horas. Iremos de carro, ok?

— Ok. — Juliette murmurou, de repente, ficando bem consciente da dor do seu joelho. Queria á sua filha, a sua casa, e um banho. — Mas tem um problema.

— Qual? — Sarah perguntou com atenção.

— Como vou justificar as minhas folgas para a Viviane? E como você sabe onde fica a minha casa? — Juliette perguntou o óbvio, depois que fez a pergunta, soube rapidamente da resposta.

Sarah deu um sorriso travesso.

— Por que sou a patroa, eu sei de tudo. — Sarah se levantou. — Venha comigo. — Ela caminhou em direção á porta.

— Para aonde? — Juliette se levantou rapidamente, sentindo o seu joelho reclamar.

Sarah olhou para trás, os seus cabelos acompanharam o movimento, deixando o seu rosto sexy, e selvagem. Os seus olhos brilharam numa intensidade hipnotizante.

— Vou cuidar do seu joelho — Sarah respondeu com um sorriso quente que foi capaz de arrepiar cada centímetro da pele de Juliette.

Faz De Conta || Sariette • ADP Onde histórias criam vida. Descubra agora