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Kerline estava entediada. Tomar banho de sol, não estava mais sendo atrativo hoje como nos outros dias, então, resolveu que iria gastar um pouco de dinheiro. Quando o Arcrebiano entrou em crise financeira, o Evandro ficou responsável de pagar as contas dos cartões, o que significava que continuava com o mesmo e adorável cartão ilimitado de sempre. Só que fazia uns dias que não se dava o luxo de tomar um banho de lojas. Estava com saudade das roupas e bolsas de grifes... Ah, de joias! Iria se presentear.

Com esse pensamento que foi para o seu quarto, a sua boca entortou ao ver o seu marido. Ele estava estupidamente feliz, mesmo calado, dava para ver a felicidade irritante em seu rosto. Desgraçado! Não era merecedor daquela felicidade. Não era mesmo! A única que deveria está muito feliz nessa história, era ela... Porém, ironicamente, era a única que não estava.

Desde quando o universo estava lhe dando as costas? Pois bem. Não deixaria que isso acontecesse por muito tempo. Iria virar o jogo, e as quedas dos seus inimigos será gloriosa.

— Ah, estava procurando você. — Bil disse assim que a viu.

— O que você quer? — Kerline perguntou, mas sem dar o trabalho de parar pra prestar atenção em seu marido, foi até o closet e procurou uma roupa para sair.

— Quero falar com você. — Bil respondeu sem sair do lugar. — Você poderia parar e me escutar, por favor?

— Não. — Kerline não tirou os olhos de suas roupas. — Escuto com o ouvido e não com o meu corpo, o que tiver que dizer, o faça. Só não me culpe se eu não prestar muita atenção em suas bobagens.

Arcrebiano respirou fundo. Entrosamento com a Kerline era algo quase impossível. Como conseguiu passar tantos anos com ela? Lembrou-se do Gilberto... Ele sim era o homem perfeito.

— Quero o divórcio.

Kerline que estava analisando um vestido, parou. Sentiu o seu sangue gelar por alguns segundos, mesmo sabendo da possibilidade do divórcio, não achou que o bunda mole do Arcrebiano tivesse a coragem de fazer isso. Virou-se para ele, o seu olhar era frio, mortal... Mas isso não incomodou o seu marido, para o seu horror. Gostava da opressão que o causava, do medo... Ele era quase sempre obediente e agora nem titubeou com o olhar que recebeu se tornou indiferente. Era o caos.

— O que o faz acreditar que lhe assinarei o divórcio? — Kerline perguntou com a voz calma, mesmo que por dentro, estivesse apavorada.

— Tudo. — Bil deu de ombros. — Não somos felizes. Não nos gostamos. Não existe nada que nos prenda um ao outro, nem mesmo sexo fazemos. O nosso casamento é uma grande faixada e estou cansado de fingir que está tudo muito bem diante de todos e que somos um casal exemplar.

— Mas somos um casal exemplar. — Kerline retrucou sarcástica. — Boa parte da sociedade morreria para ser o que somos.

— Eles compram a imagem que vendemos. Por Deus! Se eles soubessem o que acontece entre quatro paredes, não iriam querer um castigo deste.

Kerline apertou os olhos. Gostava de viver de aparência. Gostava de ser invejada pelas grandes damas da sociedade que a achava a esposa perfeita com o seu casamento de capa de revista.

— Depender de mim, continuaremos assim. — Kerline sorriu com o olhar irritado que recebeu do Arcrebiano.

— Você não pode fazer isso! — Bil gritou e levantou-se, mas a expressão de Kerline continuou intacta. — Não somos felizes! Alô! Acorda pra vida, Kerline! Esse casamento é um inferno, seja honesta uma vez na vida e assuma que você me odeia que não suporta ficar ao meu lado.

Kerline estralou a língua.

— Pra que confirmar algo que você já sabe? Sim. Eu o odeio com todas as minhas forças, ficar ao seu lado me deixa nauseada... O amaldiçoo todos os dias por amanhecer vivo. — Kerline falou friamente, o ódio cintilando em seus olhos. — Mas se você acha que vou abrir mão de tudo que tive que suportar nesses cincos anos, está muito enganado. Não vou largar isso... — Apontou para as paredes da casa. — Não vou largar o glamour, muito menos o prestígio do seu sobrenome para me reduzir á uma divorciada, enquanto, você — Apontou para o marido — viverá o seu caso de amor nojento! Eu não vou sair perdendo nessa história. Se eu perco, todos perdem.

Faz De Conta || Sariette • ADP Onde histórias criam vida. Descubra agora