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Seja lá qual fossem as suas expectativas e também medos para quando reencontrasse a Kerline, nada fazia jus para o que estava sentindo nesse momento. Era um misto de muito ódio e também desejo, que a deixava sufocada.

Sarah olhou bem dentro dos olhos de Kerline. Sentimentos foram expostos e também sufocados. Porém, era quase impossível controlar o tremor dos corpos e as respirações que se iniciaram lentas.

Ela continuava linda como cinco atrás ou até melhor! Os seus olhos diziam tantas coisas que Sarah não queria aceitar e muito menos lê-los. Kerline a tinha abandonado, a tinha feito sofrer, mostrou-se uma canalha, não podia se deixar levar pela avalanche que a mesma causava em si, mesmo que o seu coração fosse saltar em seu peito.

Escutou a voz de sua irmã, mas não foi o suficiente para desviar o olhar.

Porém, se recordou que a Kerline era uma traíra. A tinha trocado pelo seu irmão e por dinheiro! Então, reação como esta não era digna de nenhum sentimento, muito menos demonstração de emoções.

Anos atrás, escolhas foram feitas e as consequências ainda existiam. Não podia ser trouxa mais uma vez, não podia deixar que o seu coração fosse triturado novamente pela Kerline. Antes de ser magoada pela mesma, tinha uma percepção tão doce do amor, acreditava no sentimento que podia mudar o mundo. Era capaz de amar, e capaz de permitir ser amada. Mas, então, o seu mundo caiu e ela constatou com muita amargura que o que movia o mundo era o dinheiro, e não o amor.

Quase morreu de ciúmes. Quase enlouqueceu de dor. Quase se tornou intolerante com tudo e com todos. Ficou descrente do amor e adquiriu uma desconfiança de todas que se aproximassem dela. Droga! Tinha até contratado uma namorada de aluguel por ter se tornado um iceberg por dentro e não ter desencadeado um relacionamento de verdade.

Ao lembra-se de Juliette, fez menção de ir até ela, porém, ao passar pela Kerline, foi segurada pela mesma.

O seu primeiro pensamento foi puxar o braço por sentir asco em ser tocada pela trairá, mas controlou-se. Agindo racionalmente, virou-se para Kerline. Olhando-a de perto, bloqueou qualquer sentimento dos seus olhos, estavam frios e impessoais. Uma grande parte de si ainda amava a Kerline, mas outra parte – também grande – estava magoada e não a tinha perdoado por tudo que a fez passar.

— O bom filho á casa retorna. Seja bem vinda, Sarah. — Kerline disse com voz amável, bastante doce, então a abraçou, enterrando o rosto em seu pescoço. — Meu Deus... Como é bom sentir novamente o calor do seu corpo e o seu cheiro, o meu coração está em festa por vê-la novamente.

Sarah respirou fundo. Ficou indecisa entre abraçar ou não, mas, passou um braço pela cintura de Kerline, retribuindo num abraço tão apertado que os seus batimentos cardíacos aumentaram consideravelmente, e sua respiração se acelerou. Ela continuava com o mesmo cheiro delicioso de sempre. Sua vontade era de afundar seu rosto no pescoço de Kerline e inalar todo o seu cheiro até ficar tonta, mas...

Com o orgulho explodindo dentro de si, e sufocando qualquer sentimento. Desviou o olhar, e se focou em Juliette que não estava mais pálida e sim, vermelha. Os olhos e o rosto estavam avermelhados, e ela lançava olhares furiosos para Sarah, os seus punhos estavam cerrados.

Juliette estava furiosa! Isso aguçou não apenas a curiosidade de Sarah, como também uma imensa vontade de beijá-la, principalmente porque os lábios estavam entreabertos, e a respiração saía por eles.

Isso foi o suficiente para sair do transe que era a Kerline em sua vida. Afastou-se delicadamente, mas a morena beijou sua bochecha intimamente, bem no canto da boca, fazendo a Sarah gelar e Juliette quase saltar os olhos das órbitas.

Faz De Conta || Sariette • ADP Onde histórias criam vida. Descubra agora