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Juliette não sabia se ficava aliviada ou mais aterrorizada com a presença de Sarah. O seu coração estava batendo muito forte, e achou que não seria capaz de se manter em pé. Os seus ossos tremiam. Suas pernas reclamaram do peso do corpo, parecia que á qualquer momento iria quebrar. Controlou á vontade de gritar, de pedir socorro, e manteve a sua expressão passiva.

Sabia que no outro cômodo da casa, estava a Kerline com a sua filha. Stella tinha parado de chorar porque a Kerline enfiou a chupeta na boca de menina. Mas a pequena estava muito assustada.

A morena queria que esse pesadelo acabasse, por tanto, faria o que a Kerline mandou. Embora que isso não fosse garantia de que manteria a sua filha viva, mas tinha que tentar.

— O que você tem? — Sarah se aproximou, preocupada.

— Nada. Eu só queria falar com você sobre nós. — A voz de Juliette saiu bastante rouca, os seus olhos queimavam.

— Sim? — Sarah estimulou com o semblante preocupado.

— Eu... Equivoquei-me bastante ao querer reatar com você. — Juliette começou, percebendo a descrença no rosto da loira. — Pensei direitinho e não é isso que eu quero. — Deu um sorriso amargo. — Por que eu iria querer estar com... — respirou — uma vadia feito você, ainda mais carregando um serzinho bem nojento no ventre?

Sarah ficou chocada com o que escutou. Também ficou muito confusa, achou que não tinha escutado direito.

— O que?

— Eu não quero nada com você. Que merda! Você é surda? — Juliette gritou perdendo o controle. — Eu quero que você suma da minha vida, que pare de bancar a mãe da Stella, porque sabemos muito bem que você não é e nunca será, o seu sangue de puta não corre nas veias de minha filha. E graças a Deus por isso. — A morena estava querendo se matar por dizer isso, não era assim que pensava, estava apenas seguindo o que a Kerline mandou.

Cada palavra de Juliette era como um açoite em Sarah. A loira começou a ficar com falta de ar, as emoções lhe sufocando, enquanto, as lágrimas escorriam dos olhos.

— Porque está fazendo isso? Porque está me dizendo isso? Juliette! O que temos é real, conversamos sobre as nossas diferenças, dissemos que iríamos tentar. Você disse que me amava! — Sarah gritou decepcionada.

No outro cômodo da casa, bem, na cozinha. A Kerline escutava tudo com muito deleite, a partir desta noite, a sua vingança contra a Sarah estava começando.

— Por que... Por que... — Juliette gaguejou por um momento, as lágrimas a sufocando. — Por que eu queria que você sofresse, por isso que dei uma falsa esperança. Mas a verdade é essa: Que tenho asco de você e torço do fundo do meu coração que você e essa criança morram! — A morena sentiu nauseada depois que disse isso, viu tanta dor nos olhos de Sarah que por um grande momento quem queria morrer era ela.

Sarah sentiu-se quebrar diante as palavras de Juliette. Uma angustia muito grande tomou conta de cada célula do seu corpo a fazendo desejar sumir do mundo. Levou a mão trêmula no cabelo, não sabia o que falar. Os seus soluços altos eram escutados. Nenhum momento tirou os olhos de Juliette, não estava reconhecendo a sua mulher...

Uma ideia passou na cabeça de Juliette. Só esperava que a Sarah entendesse, tudo dependeria disso: Leitura labial.

— Você entendeu? — Juliette perguntou em bom alto tom. Depois sem voz, apenas com os lábios, tentou se comunicar com a Sarah. — Kerline está aqui.

— Eu não acredito em você. Quem é você? Quando se transformou nesse monstro? — Sarah gritou ainda chorando. Franziu o cenho por um momento. — Você não pode querer me afastar de você e muito menos da Stella.

Juliette agoniou-se mais. O seu desespero aumentou consideravelmente quando se deu conta que Sarah não tinha percebido nada.

— Posso e vou! — Juliette gritou. — Se você insistir em ficar no meu pé, vou na delegacia da mulher e presto uma queixa contra você. Vai ser obrigada a se manter afastada de mim e de Stella. Eu não estou brincando! — A morena tentou novamente falar com os lábios. — Kerline está aqui... Kerline está aqui...

Sarah ficou com raiva, os seus olhos inflamaram. Limpou as suas lágrimas com violência, machucando o seu rosto.

— É isso mesmo que você quer? Por que se eu passar daquela porta, não volto mais!

— É isso que eu quero. Vá embora, suma! Morra! Faça o que quiser da sua vida, só não quero ter o desprazer de olhar pra sua cara. — Juliette falou alto. Os seus olhos imploraram para que a Sarah prestasse atenção e percebesse o que estava acontecendo. Tentou novamente. — Kerline está aqui... Kerline... Está... Aqui...

Sarah balançou a cabeça em positivo e uma chama de esperança acendeu no peito de Juliette. Será que ela tinha entendido? Porém, a esperança foi sugada com a resposta da loira.

— Eu vou embora... — Sarah murmurou derrotada, deu um passo á frente, mas a morena deu-lhe as costas. — Você não deve está pensando com clareza, depois conversamos sobre isso. Quando você estiver mais calma, por favor...

— Não. Não há nada o que pensar, minha decisão está bem tomada. Estou segura sobre o que quero e você não se encaixa em minha vida. — Juliette exclamou com o peito pesado. De costas para a Sarah, proferiu a última palavra. — Adeus.

Um minuto de silêncio, então, o barulho da porta se fechando foi escutado. Juliette virou-se para a porta e sentiu-se a mulher mais infeliz do mundo. O choro voltou com mais força. Soluçou a sua dor e angustia. Atrás de si, a Kerline surgia com um sorriso triunfante, sentia-se leve e plena...

— Foi mais fácil do que eu pensei. — Kerline balbuciou saltitante, entregou a Stella para Juliette. — Tome, acho que essa pestinha fez coco. — Fez uma cara de nojo.

Juliette pegou a Stella em seus braços, e o seu choro aumentou por estar com a sua filha nos braços. Caiu de joelhos abraçada com a Stella, sentia-se muito aliviada por estar novamente com o seu anjinho, mas sabia que ainda não tinha acabado o seu filme de terror. Kerline ficou de frente para elas, olhando-as com nojo. Apontou o revólver para as duas...

— Últimas palavras? — Kerline perguntou teatralmente.

Um arrepio violento atravessou o corpo de Juliette, iria morrer...

Faz De Conta || Sariette • ADP Onde histórias criam vida. Descubra agora