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— Então... Desde quando isso está acontecendo? — Juliette gesticulou para Thaís. A sua namorada já estava vestida e aparentemente estava muito embaraçada.

Juliette não estava com raiva da Thaís. Seria muito hipócrita se estivesse. No fundo, estava muito feliz por isso ter acontecido, facilitaria o término. Thaís estava se sentindo péssima, nunca achou que o seu caso seria rapidamente descoberto, aliás, nem cogitou que seria descoberto! Era muita falta de sorte.

— Desde ontem... — Thaís respirou fundo. Então, olhou para a Juliette com a expressão séria. — E você com a Sarah? Voltaram? Estão agindo pelas as minhas costas? Acha certo que depois de tudo que fiz por você, lhe ajudei com o seu negócio, a realizar o seu sonho, você me apunha-la dessa forma? Com a Sarah? — Thaís apontou pra um ponto inexistente. — Depois de tudo que ela lhe fez? Vai ser o que? A babá do filho dela? 

Talvez, o término não fosse tão fácil como imaginava. Juliette olhou para o teto, gostava da Thaís, era a tia de sua filha, não queria que a amizade que tinha antes de qualquer relacionamento fosse destruído. Embora que a Thaís sempre demonstrou segundas intenções para com ela, à amizade sempre foi o ponto mais alto de tudo.

— Thaís. Serei bem sincera com você. Eu amo a Sarah, sempre amei e sempre vou amar. Sou muito grata por tudo que fez por mim, por ter ficado ao meu lado nos momentos difíceis, não irei esquecer nunca disto, mas isso não é o suficiente para se manter um relacionamento. Eu não posso me prender á você apenas por isso. — Juliette respirou fundo. — Sobre o seu investimento em meu negócio, irei pagar com juros e correção monetária. Não misturo negócio com relacionamento... E sejamos sinceras, não estamos na posição de julgar e muito menos acusar uma á outra. Houve traição das duas partes.  Sei que deve estar me achando uma imbecil, uma trouxa. Aliás, que mulher iria querer ficar com outra que ficou grávida do seu casinho extraconjugal? Eu quero, sabe por quê? O amor é maior que tudo. Quando se temos um sentimento verdadeiro, á vontade de estar junto e acertar são maiores que tudo. Todo mundo merece uma segunda chance, Thaís. E estou disposta a fazer isso com a Sarah. Se futuramente não estivermos juntas... — Juliette deu de ombros. — Ao menos, saberei que tentei.

Thaís bufou. Tinha perdido a Juliette. Não estava gostando da sensação. Podia ter errado, mas não deixou de culpar a morena por sua atitude.

— Desde quando estão agindo pelas minhas costas?

— O dia da inauguração do espaço.

— Eu sabia que o convite para Sarah não seria uma boa ideia! — Thaís irritou-se. — Foi o pretexto perfeito para você se aproximar dela. Admita que quando convidou a Sarah, tinha em mente isso!

— Não! — Juliette falou mais alto. — Eu não tinha pensamento de nada. Confesso que queria muito ver a Sarah, mas não tinha maliciado nada com ela. Simplesmente aconteceu...

— Você sabia que a Sarah colocou laxante na minha bebida? — Thaís disse ríspida. — E por isso eu tive que sair correndo da inauguração?

Juliette abriu á boca de surpresa.

— Não!

— Pois bem. A sua queridinha fez isso! Diante disso, você acha que ela mudou em alguma coisa? — Thaís estava irritada, e ocultou a parte que fez a Sarah parar no hospital. — Ela foi fria e calculista comigo simplesmente para ficar próxima de você. — Ela deu um sorriso sarcástico. — E pelo jeito conseguiu.

— Bem, foi presunçoso da parte dela. — Juliette mordeu o lábio para evitar rir. Uma boa parte de si gostava da Sarah bem malvada. Não malvada com ela. Mas malvada com os outros, e também na cama.

— Inacreditável. — Thaís revirou os olhos e bufou. Levantou-se e rumou até á porta. — Eu espero que você seja muito feliz com essa sua escolha e que futuramente não amargue profundamente por essa decisão.

Juliette se levantou.

— Espere Thaís, não precisamos terminar dessa forma. Podemos ser amigas...

Thaís riu.

— Me poupe. Já fiz papel de trouxa demais em suas mãos. Não vou me submeter á isso. E sobre o nosso negócio, a partir de hoje, trate com o meu advogado. — Thaís disse com raiva, depois de uma última olhada para Juliette, saiu do apartamento e bateu á porta.

Juliette voltou a se sentar, estava chateada por ter terminado dessa forma com a Thaís, mas não podia negar que uma grande parte de si, estava aliviada. Estava livre e desimpedida. Depois, tentaria resgatar a amizade com a Thaís, mas por hora... Era melhor se manter longe.

— Estou começando a questionar sobre o seu gosto. Thaís? A minha inimiga? — Sarah comentou com a sua irmã, dando uma mordida na maçã. Depois do choque inicial, estava achando tudo muito hilário. — Está apaixonada por ela?

Carla estava desolada. Viu quando a Thaís foi embora, achou que a outra ao menos fosse falar com ela. Mas se enganou. Sentiu-se machucada. Achou que tinha alguma coisa rolando entre elas além da atração sexual. Parecia que estava enganada.

— Estou. — Carla respondeu. — Mas não é recíproco.

Sarah deu outra mordida na maçã. Viu a tristeza nos olhos de sua irmã, sentiu pena. Mesmo não gostando da Thaís, e quase tendo uma convulsão ao imaginá-la como a sua cunhada, não podia deixar a sua irmã triste.

— Ela te disse que não era ou você está supondo?

Carla deu de ombros.

— Ela foi embora e nem me deu um tchau. Nem veio aqui falar comigo e nada. Simplesmente foi embora.

— Diante da situação não seria muito adequado que fizesse isso. No lugar dela, eu também não o faria. — Sarah terminou de comer a maçã e jogou o resto no lixo. — Foi flagrada pela namorada e também flagrou a namorada num amasso com a ex, depois a namorada terminou com ela. É muita coisa. Provavelmente, ela está chateada e com o orgulho bem ferido.

Carla pensou direitinho. A sua irmã tinha razão.

— O que acha que devo fazer?

Sarah deu uma tapinha amigável na testa de sua irmã.

— Você está muito mole depois de apaixonada. Sei não, viu. Vai atrás dela. Não hoje, deixa a poeira abaixar. Mostre o charme Andrade para ela. Tenho certeza que não vai resistir. — Olhou para irmã e riu. — Aliás, não resistiu á um tempo, hum?

Carla deu um sorriso malicioso e Sarah riu. Depois a loira foi para a sala, sentou-se ao lado da Juliette, e a puxou para um abraço, depositou um beijo no alto da cabeça da morena.

— O que faremos agora?

— Começamos do zero... — Foi à resposta de Juliette.

Faz De Conta || Sariette • ADP Onde histórias criam vida. Descubra agora